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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Os Sete Pecados Mortais - N° 2 - O ÓDIO OU IRA



O  ÓDIO  OU  IRA 


BILLY GRAHAM
 

DOS PECADOS humanos, a ira é um dos mais destruidores. É pecado que qualquer um é capaz de cometer. A criança mais inerme tem explosões de gênio e perde, com isso, o jantar. O menino tem acessos de cólera e arranha, assim, o decoro da família. A esposa perde a cabeça, "sobe a serra", e passa o tempo todo com dor de cabeça. O marido se impacienta, ralha e perde deste modo o apetite. Todos os membros da família estão sujeitos a esta praga. E ninguém por natureza está imune desta enfermidade da natureza humana.
A ira gera o remorso no coração, a discórdia no lar, as amarguras na comunidade e a confusão no país. Muitos lares são de contínuo destruídos pelos redemoinhos e tornados da escaldante ira doméstica. Relações e negócios não poucas vezes são sacudidos pelas explosões de gênio violentas, quando a razão dá asas à venenosa ira. Quantas amizades se acabam, vitimadas pelo punhal da indignação, que é afiado na pedra da ira!
A ira é sempre denunciada pela igreja e condenada pelas Escrituras Sagradas. Ela assassina, assalta e ataca, espalhando prejuízos físicos e mentais a seu redor. Ela recua como qualquer poderoso fuzil, todas as vezes em que atira, machucando tanto o ofendido como o ofensor.
Deus abomina a ira justamente por haver ela causado tanta infelicidade e confusão neste mundo. No Salmo 37:8 lemos isto: "Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal." Jesus a condenou frontalmente em termos mui claros e a colocou no mesmo plano do hediondo pecado do assassínio.
Eis o que Ele disse em Mateus 5:22: "Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo." O sábio rei Salomão disse em Provérbios 16:32: "Melhor é o longânimo do que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma cidade. " E a Bíblia diz ainda em Tiago1:19: "Sabei isto, meus amados irmãos, todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar."
A ira é pecado odioso porque revela a natureza animal do homem. Muita gente é agradável, louvável e atraente até o momento em que fica possuída pela indignação, e então se transforma em criatura repulsiva, irracional, parecendo mais besta fera que pessoa civilizada.
Os médicos afirmam que quando se estimula demasiado qualquer emoção humana, quantidades excessivas de adrenalina são supridas pela natureza para reabastecer o escoamento ou desperdício emocional de nosso sistema. A pessoa de gênio violento usa esse suprimento extra de energia para alimentar a chama de sua paixão, ao invés de pôr fora esse fogo.
A ira não só revela a natureza animal do homem como também prejudica o testemunho cristão. O apóstolo Pedro, irado contra os soldados romanos, puxou da espada e decepou a orelha do servo do sumo sacerdote. Jesus, todavia, repreendeu a Pedro por seu espírito irado e disse em Mateus 26:52: "... todos os que lançam mão da espada à espada perecerão." Muitos testemunhos cristãos hão sido arruinados pela ira carnal.
Certa cristã professa queria ansiosamente que o marido se convertesse a Cristo. Um dia o seu pastor conversou com o marido dela a respeito do seu estado espiritual e o marido lhe respondeu, dizendo: "Eu não sou contra a religião, mas, se o cristianismo fizer de mim uma pessoa tão irada como é a minha esposa, não quero ter para mim tal religião." Então, o pastor tornou a conversar com aquela esposa crente e lhe contou precisamente o que o marido dela lhe havia respondido. Não havia ela notado ainda quanto se descontrolava nos seus acessos de ira, e se mostrou arrependida. Juntos, pastor e ovelha, se ajoelharam para orar e ela derramou o seu coração diante do trono de Deus.
Poucos dias depois disso, o marido dela voltava duma pescaria, e, ao passar pela sala de visitas com suas varas ao ombro, sem querer derrubou ao chão um lampião muito caro, o qual se espatifou todo. Ali ficou ele, a tapar os ouvidos, à espera duma verdadeira explosão de ira da esposa, justamente agastada com aquilo, Mas... nada disso aconteceu! Levantando os olhos do chão, o marido ouviu a esposa dizer com um sorriso nos lábios: "Oh!, querido, não te apoquentes por isso. Coisas assim acontecem nos melhores lares deste mundo."
E o marido, boquiaberto, perguntou: "Quer dizer que você não se zangará por isso, como fazia sempre?" E a mulher: "Não, querido. Não falemos mais nisso, pois é coisa passada. Entristeço-me de me ter portado antes com tanta impaciência, mas Deus me está ajudando a controlar o meu gênio."
Poucos dias depois disso, o marido daquela crente professa se filiou à igreja dela. O testemunho dela se fortaleceu dia a dia, pois que a sua ira era agora controlada pelo Espírito de Deus.
A ira leva a gente a perder a alegria de viver. Em Gênesis 4:6, Deus disse a Caim, cuja alegria fora escorraçada pela ira: "... Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante?"
O que há de mau em se perder as estribeiras é que, com isso, se perdem geralmente outras coisas. Quando a ira ferve, as boas expressões desaparecem, e também a nossa reputação. E se vão também os amigos, as oportunidades, e – o que é ainda pior – descai o nosso testemunho.
A ira é parente próxima do assassínio, do homicídio. Caim estava bastante irado antes de matar Abel. A ira levanta a pistola assassina, fornece o veneno mortífero e afia a adaga do homicida. Devasta, mutila e destrói. Ateia o fogo da paixão, abana a chama da inveja e deixa a alma inteiramente estéril e deserta. Naturalmente, estamos falando aqui da ira irracional e injustificável dessa ira que escraviza a consciência, dá coices no inocente e introduz a malícia e a discórdia no lar, na sociedade. Deus detesta essa espécie de ira.
Muitos de nós somos culpados desse pecado que é uma praga. Muito embora nos desculpemos, dizendo que essa ira descontrolada provém de nossa disposição natural, sentimos que no íntimo de nossa consciência estamos errados, redondamente errados. Há sempre a forte convicção de estarmos entristecendo o Espírito de Deus, todas as vezes em que nos deixamos dominar pelo mau gênio.
Como agir em face desse pecado de nossa disposição? Tem a Fé Cristã uma resposta para isso? Pode Cristo acalmar o tempestuoso mar da ira, assim como fez ao turbulento Mar da Galiléia? Se não houvesse um meio de se vencer a ira, um modo de controlá-la, Deus nunca teria dito no Salmo 37:8: "'Deixa a ira, e abandona o furor. " Sim, Deus nunca exige do homem uma coisa que ele não possa conseguir. Há vitória – em Cristo – vitória sobre a ira pecaminosa. O próprio Plutarco disse: "Aprendi que a ira não é mal incurável, caso alguém queira se ver livre dela."
O primeiro passo, então, para se alcançar vitória sobre a ira injustificada, está em se querer descartar dela. A vontade surge à tona e diz – "Vou fazer algo no sentido de dominar o meu mau gênio." Isso significa que você vai parar de se justificar, vai parar de dizer: "Toda a minha família é deste temperamento; herdei de minha mãe o temperamento que tenho. " Que vai parar de dizer: "Todo o mundo de vez em quando explode em ira. Que mal há nisso?" Você precisa reconhecer que a ira é coisa feia, e pecado venenoso tanto aos olhos de Deus como a seus próprios olhos.
Em segundo lugar, precisamos confessar a Deus o pecado da ira e pedir dEle o perdão pelas nossas explosões de raiva e mau gênio. Se a ira é pecado, e, se o irar-se contra o seu irmão, sem causa, clama pelo juízo de Deus, devemos fugir da ira, desprezá-la e buscar vencê-la com a ajuda dos recursos divinos. Em I João 1:9, lemos isto: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça."
Todos sabem que a ira escaldante e violenta é injustiça e que nada tem ela de cristã. Deus, cheio de amor e misericórdia, prometeu nos perdoar o pecado da ira e nos purificar dele. Isto não quer dizer que a gente se torne sem espinha, como criaturas molengas sem brio ou ardor, mas significa que nosso temperamento outrora raivoso agora se tornou fonte de bênção.
A língua, outrora usada para dizer coisas profanas, agora se torna instrumento de louvor. As mãos que feriam agora só sabem curar. Os pés que outrora palmilhavam as estradas da violência agora trilham os caminhos do amor e do serviço cristão. Os bravios cavalos da paixão foram domados pelo Espírito, e se fizeram nossos servos ao invés de senhores. É isso justamente o que Jesus queria significar quando disse: "Bem-aventurados os mansos."
Lembremo-nos do apóstolo Pedro de antes da ressurreição e de antes da descida do Espírito Santo. Ele passara para o campo do inimigo, ao negar o seu Mestre e Senhor, e se encolerizara contra os soldados que vieram prender Jesus. Seu espírito raivoso testemunhava mui pobremente ser ele discípulo do humilde Galileu. Mas, depois de o Espírito Santo dominar o coração dele no dia do Pentecostes, ele começou a dominar o seu gênio. Nunca mais ele usou sua língua para coisas profanas, e nunca mais usou suas mãos para a violência. Nunca mais ergueu a voz para negar o Mestre. Nunca mais seus pés o levaram para o campo inimigo. É verdade que o temperamento dele não morreu – fora apenas desviado para finalidades construtivas. Fora subjugado pelo Espírito de Deus. A conversão a Cristo não o fizera mais fraco; pelo contrário, fizera-o mais forte. O pecado da ira fora dominado.
Você, leitor amigo, pode tornar-se uma pessoa mansa. O vocábulo manso significa que você está controlado pelo Espírito de Deus. Assim como se doma e se utiliza a enorme força dum animal selvagem, assim o Espírito de Deus pode domar a sua língua, as paixões de sua alma, uma vez que você entregue sem reservas o seu coração e a sua vida a Jesus Cristo.
Todavia, a Bíblia nos diz que há uma indignação justa, legítima e justificada. De fato, se não nos enchermos em certas ocasiões duma indignação justificável, estaremos pecando. Há, portanto, um certo tipo de ira que é justificável e mesmo recomendável à vista de Deus.
Eis o tipo de ira que nos é permissível: devemos nos irar contra o pecado, a corrução e a imoralidade que campeiam ao nosso redor. É preciso que nos indignemos contra a literatura pornográfica oferecida em nossas bancas. Urge que nos indignemos contra a deslavada corrução das elites e da pobreza, que de quando em quando surge a nossos olhos. Precisamos nos encher de justa ira contra a imoralidade de muitas cidades nossas e contra os desalmados que passeiam por nossas ruas. Precisamos combater esses males a tempo e fora de tempo.
Há ainda – convém que lembremos – a ira de Deus. O apóstolo Paulo em Romanos 1:18, declara: "A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça." E também lemos em Colossenses 3:6 – "Pelas quais coisas vem a ira de Deus." Deus é Deus santo e justo e Seus olhos são assaz puros para suportar o mal. Quando Ele tem o pecado diante de Si, Sua santidade se manifesta em ira e cólera contra ele.
Os homens e mulheres que ainda não se achegaram à cruz de Cristo, que ainda não reconheceram seu pecado e não receberam ainda a Cristo como o seu Salvador, estão vivendo sob a ira de Deus, Virá o dia do julgamento, quando a santa ira e cólera de Deus se manifestará contra o pecador que rejeitou o Seu Filho Jesus como Salvador. Se você ainda não recebeu a Cristo, no dia do juízo, quando você comparecer diante dEle, Ele lhe dirá – "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mateus 25:41).

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