BILLY GRAHAM
A INVEJA e o
ciúme podem arruinar reputações, dividir igrejas e provocar homicídios. A
inveja pode abalar o nosso círculo de amizades, arruinar nossos negócios e
debilitar nossas almas. A procrastinação pode ser o ladrão do tempo, mas a
inveja é a matadora das almas. Pelo livro de Jó 5:2, vemos que a inveja pode
matar a você, prezado leitor – e a moderna psiquiatria o confirma –
"porque a ira destrói o louco e o zelo mata o tolo."
Há uma história
grega que nos fala de um homem que matou pela inveja. Seus compatrícios haviam
erigido uma estátua a um deles, por ser campeão dos jogos públicos. Tal homem,
porém, que era rival do atleta campeão, mostrava-se tão invejoso que resolveu
destruir a estátua. Noite após noite, aproveitando-se da escuridão, ia com uma
talhadeira cortando a base da estátua para derribá-la. Por fim conseguiu seu
intento, pois a estátua veio ao chão. Mas caiu sobre ele! Assim, tal homem
morreu vitimado por suas próprias mãos, pela inveja.
A Bíblia, cujos
conselhos são mais sábios que os dos maiores psiquiatras, nos admoesta a nunca
invejarmos os ricos. No Salmo 49:16 lemos isto: "Não temais, quando alguém
se enriquece, quando a glória de sua casa se engrandece." O invejar
aqueles que são mais prósperos do que nós não nos traz nenhum centavo a mais, e
leva a alma à bancarrota. O invejoso de algum modo sente que a fortuna dos
outros é infelicidade sua, que o sucesso de outrem é sua derrota e que a bênção
dos outros lhe é maldição. E a ironia de tudo isso está em que, construindo o
invejoso esse pensamento errado, a sua queda se torna inevitável. Nunca vi
homem algum que tirasse proveito de invejar os outros, e tenho visto inúmeros
estragados por ela.
Você não pode
ter uma personalidade bem desenvolvida e ao mesmo tempo abrigar a inveja em seu
coração. Em Provérbios 14:30 se nos diz: "O coração com saúde é a vida da
carne, mas a inveja é a podridão dos ossos." A inveja não é arma defensiva
– é instrumento ofensivo, usado na tocaia espiritual. Fere pelo prazer de
ferir, e mata pelo prazer de matar.
Perguntou o
salgueiro ao espinheiro: "Por que você inveja tanto as roupagens daqueles
que passam perto de você? De que lhe servem tais roupagens?" E o
espinheiro respondeu: "Não me servem para nada. Nem tenho o menor desejo
de usá-las. Apenas gosto de rasgá-las."
Todas as
pessoas invejosas são como o espinheiro: acham prazer em destruir os outros,
não ganhando nada com isso.
A inveja é, dos
pecados da carne, um dos mais odiosos e repelentes. É um dos mais
impertinentes. É sempre duramente condenado pelos sábios de qualquer geração, e
muito mais por Deus.
O rei Salomão
dizia em Provérbios 27:4 – "Cruel é o furor e a impetuosa ira; mas quem
parará perante à inveja?"
Paulo
escrevendo aos Gálatas, cap. 5, verso 26, inspirado pelo Espírito Santo,
aconselha: "Não nos tornemos vangloriosos, provocando-nos uns aos outros,
invejando-nos uns aos outros."
E o apóstolo
Tiago disse: "Porque onde há ciúme e sentimento faccioso, aí há confusão e
toda obra má" (Tiago 3:16).
Francisco Bacon
disse: "Aquele que busca cumprir seus deveres não acha tempo para a
inveja. Esta é uma paixão de vagabundos, e vive a passear nas ruas e não gosta
de ficar em casa."
Horácio disse:
"O invejoso emagrece com a prosperidade dos outros."
Samuel Johnson também disse
da inveja: "A inveja é a única paixão que nunca pode estar quieta por
falta de incitamento."
Petrônio disse
que "o abutre que devora nossas entranhas – fígado, coração e nervos – não
é o pássaro de que falam os nossos poetas, e sim as doenças da alma – a inveja
e a luxúria."
Conforme diz a
Bíblia, a inveja é inerente à nossa natureza. Em Tiago 4:5, lemos: "Ou
cuidais vós que em vão diz a Escritura: O espírito que em nós habita tem
ciúmes?"
Caim teve
inveja de Abel porque Deus se agradou de Abel e de sua oferta, e por isso o
matou. A inveja não precisa de justificativa para atacar e matar. As mais das
vezes não há razão real para a sua existência. A inveja nasce do coração humano
não regenerado, tão naturalmente como as sementes formam um jardim florido.
Os irmãos de
José tinham inveja dele e o venderam para que fosse viver como escravo no
Egito. Pagaram essa má ação, sofrendo depois terrível fome que assolou todo o
país deles, e, no final, viram-se forçados a reconhecer a superioridade de
José. A inveja deles empobreceu suas vidas, e o mal que desejaram a José nunca
apareceu. A inveja é como essa arma chamada bumerangue: fere mais ao que ataca
do que .ao atacado.
Hamã, tendo
inveja do sábio Mardoqueu, teceu intrigas políticas para alijá-lo. Estava tão
certo de que ia aniquilar o objeto de sua inveja que, em ânsia extrema,
construiu a forca em que dependuraria a Mardoqueu. Mas, a trágica história
terminou assim: "Enforcaram, pois, a Hamã na forca que ele havia preparado
para Mardoqueu" (Ester 7:10).
Quantos de
vocês já foram enforcados na forca que prepararam para outra pessoa? Muitos
homens têm morrido na forca da inveja que prepararam para outros. Olhe você a
seu redor! Na sociedade de que você faz parte terá certamente visto pessoas que
guardam ressentimentos para com outros, que procedem cinicamente para com Deus
e a religião, ou são más para com a vizinhança. Desafio o leitor amigo a que me
mostre um invejoso que seja feliz. No instante em que se põem a preparar a
forca da inveja, estão já espiritualmente mortos.
Por que a
inveja é pecado tão grande? Será por capricho que Deus a condena tão
positivamente? Será que Deus a proíbe arbitrariamente para nos tornar
miseráveis? É certo que não. Deus se interessa muitíssimo por que nos
desenvolvamos completa e totalmente.
Em III João
versículo 2, lemos: "Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade
e saúde, assim como é próspera a tua alma."
A inveja foi um
dos pecados de Lúcifer, antes de se transformar em Satã. Ele teve ciúmes da
posição ocupada por Deus e resolveu destroná-lo, para se colocar no lugar de
Deus. Por isso Deus odeia a inveja e o ciúme. Um dos pecados que levaram Cristo
à cruz foi a inveja. O evangelista Marcos diz: "Pois ele sabia que por
inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado" (Marcos 15:10).
Os fariseus e
saduceus tinham inveja de Jesus porque era bem recebido pelo povo. Detestavam o
fato de grandes multidões se reunirem para ouvir as palavras de Jesus e o fato
de haverem feito de Jesus uma espécie de herói nacional. A inveja crepitava no
coração deles como fogo devorador. E se mancomunavam para ver como poderiam
matar a Jesus. Os fariseus não se davam muito bem com os saduceus, e deles
discordavam profundamente em certos assuntos. Todavia, sendo maior a inveja deles
contra Jesus, juntaram seus recursos e forças para fazer Jesus deixar de falar
às multidões. Esqueceram as diferenças que os separavam, porque tinham seus
corações já descontrolados pela inveja.
A inveja se
apresenta de muitas formas e modalidades; não obstante, é detestada por Deus
que abomina a todos quantos se deixam dominar por ela.
Também se
condena a inveja porque ela destrói nossa saúde espiritual. A inveja é sintoma
devastador daquilo que chamamos "pecado original", pecado de todas as
criaturas humanas. Não pense o amigo leitor que é só você quem sofre disso.
Todos sofrem desse mal, uns mais outros menos. O próprio apóstolo Paulo, que
tão fortemente aconselhava os cristãos a fugir da inveja, sofrera desse mal.
Padeceu muito da inveja espiritual. Tinha ciúmes da nova seita chamada cristã,
e a inveja o enchia de ira e furor contra "os do Caminho". Assim, ia
Saulo de Tarso para cá e para lá, perseguindo e destruindo os cristãos.
Mas no rosto de
um cristão chamado Estêvão, a cujo apedrejamento presidira, Saulo viu uma Luz
que jamais percebera em sua vida. E essa mesma Luz ele a encontrou na estrada
de Damasco. Daí, a inveja de Saulo de Tarso cedeu lugar a um fervente amor e a
uma incontrolável alegria. O Saulo amargo, cínico e invejoso, encontrou, como
Paulo, um novo interesse na vida, ao deixar a inveja e ao começar a servir o
Salvador Jesus.
Quando se
descobrem germes da tuberculose minando o organismo humano, faz-se tudo e não
se poupa tempo, esforço nem dinheiro para dominar e vencer essa terrível
enfermidade. Não obstante, muita gente se aflige por causa da venenosa e mortal
inveja e nada faz por conjurá-la! Aos olhos de Deus é a inveja coisa feia,
mortal e imoral. É um dos sete pecados mortais mencionados pelo apóstolo Paulo
na sua Carta aos Gálatas e corre parelhas com o adultério, o homicídio, a
fornicação e a bebedeira. Prevalece mais do que outros males, muito embora o
púlpito amiúde nos alerte contra o seu poder destruidor. Embora não seja a
inveja proibida por lei, esse vício que se infiltrou na vida moderna é
abertamente condenado por Deus.
Em Tiago 5:9,
lemos: "Não vos queixeis, irmãos, uns dos outros, para que não sejais
julgados. Eis que o juiz está à porta."
Proíbe-se
também a inveja pelo fato de ela nos roubar a alegria, a felicidade e o
contentamento. Impossível é conhecer a serenidade e o contentamento, tendo-se
no coração a inveja. Tenho conhecido inúmeras vidas cheias de amargura,
insensibilidade, frustração, confusão e mesmo de incômodos físicos que são
resultados diretos da inveja. A inveja priva o invejoso da efetividade no seu
trabalho e pode certamente destruir o serviço que se queira prestar a Deus.
Ocasiona todos os tipos de males físicos, resultantes da tensão nervosa que
provoca.
A inveja isola
você da comunhão com Deus. Não há possibilidade de você ser recebido na
comunhão de Deus, se você abrigar em seu coração a inveja. Se você não é
cristão e nunca entregou seu coração e vida a Cristo, a inveja será um dos
sintomas do pecado original que o separa de Deus. Antes de receber uma nova
natureza e a vitória sobre a inveja, você precisa se arrepender e receber a
Cristo como seu Salvador pessoal. Se você é cristão e abriga em seu íntimo a
inveja, isso significa que você está desligado da comunhão com Cristo e não
conhece ainda o encanto e o segredo de uma vida vitoriosa. Visto que Deus
aborrece e odeia a inveja, não pode Ele abençoar a você enquanto você se
mostrar invejoso.
Shakespeare chegou bem perto
desta verdade quando disse: "Não, o machado do algoz não tem a metade da
agudeza que tem a tua contundente inveja."
A inveja é para
a alma o que a erosão é para a terra, pois vai carcomendo a pessoa que a abriga
em seu coração, e faz dela uma ilha de condenável egoísmo. Na química do
espírito, nenhum pecado é tão devastador, nenhum pecado pode mais rapidamente
pôr termo à doce amizade que deve existir entre o homem e Deus.
A inveja o
isola também de seus amigos. O invejoso está destinado a viver só. E, ao fim,
ele se torna um pária espiritual, isolando-se dos amigos e da comunhão com
Deus.
Os que são
culpados deste pecado caminham para o julgamento. A Bíblia diz a você e a mim
que um dia compareceremos perante o tribunal de Deus e daremos conta de todos
os pecados nossos, secretos, de inveja e ciúme que hajamos abrigado em nosso
coração.
Muitos estão
hoje perguntando ansiosamente: "Como posso me livrar desse pecado
devastador que tanto me perturba a alma, a saúde e a felicidade?"
Primeiro:
reconheça que você tem esse pecado. Os médicos dizem que o caso bem
diagnosticado é já meia cura. Deixe de acusar os outros por seus fracassos.
Faça o inventário de sua alma e aja de modo positivo, no sentido de vencer os
seus pecados habituais. Admitir uma falta em nada o diminui – pelo contrário,
faz com que você se torne maior aos olhos dos seus semelhantes.
Segundo:
confesse a Deus o seu pecado e abandone tal pecado. Na Em I João 1:9, lemos:
"Se confessarmos... ele nos perdoará." E o apóstolo Tiago , em sua
Carta, cap. 5:16, diz: "Confessai, portanto, os vossos pecados... para
serdes curados." Inúmeras pessoas entraram pela estrada da cura e
recuperação espiritual, confessando abertamente seus pecados a Deus. Confesse
os seus pecados, abandone-os, arrependa-se deles.
Terceiro: abra
os seus olhos para ver a regeneradora graça de Cristo. A inveja não pode ser
vencida e esmagada somente pelas forças humanas. O apóstolo Paulo aprendera o
segredo, quando disse aos Filipenses na Carta que lhes escreveu: "Tudo
posso naquele que me fortalece" (Filipenses 4:13). À medida que a natureza
cristã se desenvolver em sua vida, leitor amigo, você notará que são mais
facilmente vencidas as velhas e más tendências e a inveja e o ciúme. Você,
então, perceberá melhor o profundo significado destas palavras: "E os que
são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e
concupiscências" (Gálatas 5:24) e que "O fruto do Espírito é:
alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade. . . " (Gálatas 5:22).
Quarto: peça ao
Espírito Santo que desça ao seu coração para lhe conceder vitória. É muito
possível o que diz o versículo: "assim também considerai-vos como mortos
para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus" (Romanos 6:11 ).
"O fruto do Espírito é: amor. . . " (Gál. 5:22) e onde o amor habita
em todos com toda a Sua plenitude nunca há lugar para a inveja e o ciúme.
Você obterá
vitória completa, gloriosa e incomparável entregando-se sem reservas a Cristo,
o Mestre e Senhor.
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