Fonte - http://cirilogoncalves.blogspot.com.br/2013
Batismo em Nome de Jesus
Arnaldo B. Christianini
Sendo Jesus uma Pessoa da Trindade ou da Divindade,
necessariamente Seu nome figura na invocação, mas a fórmula que Ele mesmo
estabeleceu requer o nome de três Pessoas, conjuntamente, e não exclusivamente
o Dele.
Foi o próprio Jesus, o
Filho de Deus, quem instituiu o batismo para o ingresso em Sua igreja. Este
batismo existe unicamente em função do próprio Jesus. Centraliza-se na Sua
Pessoa. Transfunde-se nEle. Em razão do nome de Jesus é que o batismo
existe. É um sepultamento junto com Jesus, e uma ressurreição junto com Ele.
Repetimos: o batismo praticado pela igreja cristã foi instituído pelo próprio
Jesus.
Ao fazê-lo, ordenou clara e
solenemente aos apóstolos que o ministrassem “em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo”. Mateus 28:19. Maior clareza é impossível, e significa,
inequivocamente que Jesus, com Sua autoridade divina, infalível e imutável,
estabeleceu a fórmula ritual, a invocação trinitária. A razão disso baseia-se
no fato de que a Divindade é uma Trindade, e também no batismo que João, o
precursor, ministrou ao próprio Jesus, houve a presença solene de todas as
Pessoas da Divindade. Conforme o registro de S. Marcos 1:9-11, ali esteve
presente o Pai (v. 11), o Filho (v. 9, representando o homem), e o Espírito
Santo (v. 10).
Por isso, a fórmula
trinitária tem de ser mantida fielmente, exatamente como o fez Jesus. Não é,
pois, passível de alteração, porque provinda da Autoridade máxima. Daí por que
os apóstolos jamais se atreveriam a mudar ou simplificar a fórmula batismal.
Muito menos, suprimiriam dela os nomes divinos, augustos e excelsos do Pai e do
Espírito Santo, como pretendem os unitários (os que não crêem na Trindade). Se
os apóstolos, por sua conta e risco, alterassem a fórmula original, estariam
praticando uma heresia, contestando o Salvador, pondo abaixo Sua autoridade.
Jamais fariam isso, pois se o fizessem (simplificando, acrescendo ou omitindo
algum nome divino) estariam, sem dúvida, ritualizando outro batismo, e não o
rito instituído por Jesus em S. Mat. 28:19. Não pode haver “outro batismo”.
Lemos em Efés. 4:5 que há “um só Senhor, uma só fé, e um só batismo”. As
palavras, saídas textualmente dos lábios de Jesus, constituem lei. São
irreversíveis e imutáveis. E isto liquida o assunto.
Mas os adversários das
palavras de Jesus proclamam que não se deve batizar em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo, porque os apóstolos, segundo relato do livro de Atos não
usaram esta invocação, mas batizaram (?) em nome de Jesus. E para
justificarem essa posição costumam citar Atos 2:38; 8:16; 22:16. será que batizaram
mesmo? É preciso provar que realmente o fizeram, citando textualmente as
palavras do ministrante do batismo. Atente-se bem para isto: nenhum dos textos
invocados descreve a cerimônia batismal praticada pelos apóstolos. Não registra
nenhuma invocação. Por exemplo, em Atos 2:38, Pedro diz à multidão que “cada um
devia ser batizado em nome de Jesus Cristo”, mas a própria cerimônia batismal
das quase três mil almas não é registrada, não é descrita, não é relatada, não
é historiada. Se o fosse, certamente a fórmula seria a invocação ensinada por
Jesus em S. Mat. 28:19. Note-se que este foi o primeiro batismo realizado pelos
apóstolos, logo depois da Grande Comissão. Ocorreu na época do Pentecostes, em
Jerusalém, não muitos dias depois da Ascensão. Soava-lhes aos ouvidos a ordem
do Mestre na Grande Comissão: “Ide, fazei discípulos de todas as Nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Será que, logo no
início do desempenho da Grande Comissão, os apóstolos substituiriam, por conta
própria, a fórmula estabelecida pelo próprio Jesus? Pensariam eles assim:
“Vamos batizar só em nome de Jesus, e pronto! Nada de Pai nem de Espírito
Santo!” Seria inadmissível! Seria uma contestação a Jesus! Sobre a expressão
de Pedro “cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo” diremos, mais adiante,
seu significado.
Outra menção do batismo,
Lucas no-la faz em Atos 8:16, dizendo que os samaritanos “haviam sido batizados
em nome de Jesus”. Aqui também falta o registro histórico da cerimônia, ou
seja, sua descrição minuciosa, incluindo a fórmula pronunciada pelo oficiante.
Há também menção de um batismo realizado em Cesaréia (Atos 10:48), mas
igualmente falta a descrição da cerimônia, embora Pedro desse ordem para que
“fossem batizados em nome de Jesus Cristo”. Agora, o importante: quando se
ordenaram batismos em nome de Jesus, o que se tinha em mira era simplesmente a
cerimônia batismal, a cerimônia em si, ou seja, a aplicação do batismo
instituído por Cristo. Quando se ordenaram batismos em nome de Jesus, ninguém
se referia à fórmula batismal. Leiam-se atentamente os textos. Apenas menções a
um fato: o batismo, e não à maneira de batizar ou à fórmula a ser empregada.
Por quê? Porque isto não era ponto polêmico. Cristo havia decidido a fórmula
quando instituiu o rito!
Outra consideração que cabe
neste caso: a palavra “nome” biblicamente empregada, nem sempre é alcunha
pessoal, mas é qualificação da pessoa. Nos casos que vimos considerando, o
sentido é de qualificação ou instrumento. É como se os apóstolos dissessem: “o
batismo de Jesus”, ou o “batismo que Jesus instituiu”. Há, por exemplo, um
texto que diz: “fostes justificados em o nome de Jesus” (1 Cor. 6:11). Deve-se
entender “fostes justificados na Pessoa de Jesus”, ou “em Jesus”.
Sendo Jesus uma Pessoa da
Trindade ou da Divindade, necessariamente Seu nome figura na invocação, mas a
fórmula que Ele mesmo estabeleceu requer o nome de três Pessoas, conjuntamente,
e não exclusivamente o Dele.
Falando genericamente, todo
o batismo é “em Jesus”. O apóstolo S. Paulo em Gál. 3:27 diz “batizados em
Cristo”. Este é o sentido. Nunca devemos entender que os apóstolos tivessem
substituído a fórmula proferida por Cristo na Grande Comissão. Rom. 6:3 diz
“fomos batizados em Cristo Jesus” e a seguir temos o significado teológico do
batismo.
Há um registro histórico de
batismo em Atos 7:38. o eunuco “mandou parar o carro”. Ele e Filipe desceram à
água. Tudo relatado com pormenores. “E Filipe batizou o eunuco”. Aqui deveria
aparecer necessariamente a pretensa nova fórmula. “Em nome de Jesus eu te
batizo”. Mas não aparece, e essa omissão indica que o batismo se processou na
forma usual, costumeira, consagrada. Apenas isso. Convém repisar: os relatos de
Lucas, no livro de Atos, não visam estabelecer nova fórmula batismal;
referem-se simplesmente ao batismo em si, ao único batismo cristão. A fórmula
permanece a mesma. Não havia necessidade de reproduzi-la em cada registro
histórico cada ocorrência batismal.
Pode-se citar exemplo
paralelo, de Atos 20:8, ocorrido em Trôade, onde se diz que Paulo e os irmãos
se reuniram “com o fim de partir o pão”. Isto é menção clara a uma cerimônia de
Santa Ceia. Mas não a descreve com pormenores de que houve o vinho e nem que
Paulo, partindo o pão, proferisse as palavras rituais: “Isto é Meu corpo que é
dado por vós. Fazei isto em memória de Mim”. São as palavras rituais
estabelecidas por Jesus (e o próprio Paulo as registra em 1 Cor. 11:24).
Certamente tudo isto aconteceu nessa cerimônia em Trôade. Estritamente na forma
estabelecida por Jesus. A narrativa, porém, não precisa entrar em pormenores,
nem isso é necessário. Todos nós entendemos que se trata do rito da Comunhão. O
mesmo ocorre em relação ao batismo. Dispensam-se os pormenores que a prática,
baseada nas palavras de Cristo, consagrou. Mesmo o batismo de Paulo, registrado
em Atos 22:16, se enquadra nesta verdade. A sequência dos verbos “levantar”,
“batizar-se”, “lavar os pecados” e, por último, “invocar o nome de Jesus”. É
mais provável que isto se refira a uma oração ao final da cerimônia. Nem se
deve entender o autobatismo, isto é, que Paulo se batizasse a si mesmo, sem a
instrumentalidade de um oficiante. Todo texto bíblico tem de harmonizar-se com
o teor geral dos textos paralelos.
Para concluir: se os registros meramente históricos do batismo no livro de Atos objetivassem provar uma nova fórmula, teríamos, sem dúvida, várias delas, em vista da falta de uniformidade em seu enunciado. Por exemplo, em Atos 2:38 se diz: “em nome de Jesus Cristo”. Em Atos 8:16 se diz: “em nome do Senhor Jesus”. Em Atos 22:16 se diz “em nome do Senhor”. Qual delas seria a correta? A meu ver, nenhuma delas é fórmula. Simplesmente designam o “batismo em Cristo”. Nada mais! A fórmula deve ser buscada onde ela se acha registada. Unicamente em S. Mateus 28:19.
TEXTO INTEGRAL de Arnaldo B. Christianini
Partilho da mesma visão Pr. Cirilo Gonçalves da Silva
Evangelista da IASD - AP, SP
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