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Fonte- http://questaodeconfianca.blogspot.com.br/2013
APRESENTAÇÃO DE CONHECIDA CANÇÃO DE ROCK EM INTERNATO ADVENTISTA
Um
princípio bíblico é o da separação em relação às coisas mundanas ou seculares. Ambientes,
práticas culturais, hábitos e até pessoas que se opõem às orientações bíblicas
devem ser afastados da vida e do convívio do cristão. Ao longo da história, tal
princípio não escapou de inúmeras controvérsias. Afinal, em alguns contextos não
é fácil delimitar o que deve ou não ser evitado.
Os
adventistas do sétimo dia receberam luz adicional por meio dos escritos de
Ellen White, uma vez que nos últimos tempos os perigos seriam ainda mais
dificilmente percebidos. As sutilezas do mal exigem que os marcos do estilo de
vida cristã estejam bem delimitados. Uma das áreas sensíveis entre adventistas
sempre foi a música. A inspiração nos diz: “Quando os seres humanos cantam com
o espírito e o entendimento, os músicos celestiais apanham a harmonia, e
unem-se ao cântico de ações de graças.” (Mensagens aos Jovens p. 294). Em outro
lugar lemos que “[…] todos devem cantar com o espírito e com o entendimento
também. Deus não Se agrada de algaravia e dissonância. O correto é sempre mais
agradável a Ele que o errado.” (Evangelismo, p. 508).
A
despeito de todas as orientações bíblicas e as expressas nos testemunhos (a
obra literária de Ellen White), a pressão da cultura vem promovendo um gradual
afastamento de princípios que, ainda oficialmente, permanecem inegociáveis. A
princípio, os adventistas advogavam excelência na música sacra, cujo alvo era
se aproximar tanto quanto possível da música celestial (Evangelismo p. 507) – o
que seria utópico, caso a própria White não descrevesse as características das
canções entoadas pelos anjos, às quais teve acesso em suas visões (Evangelismo,
p. 505). A tônica consistia em evitar o emocionalismo, como na crítica a alguns
que seguiam por esse caminho: “Sua religião parece ser mais da natureza de um
estimulante do que uma permanente fé em Cristo.” (Evangelismo, p. 502). Apesar das
ressalvas, seria legítimo selecionar algo de bom da música secular, sendo que a
mesmo White presenciou um concerto secular e elogiou o que havia assistido (ver
Manuscrito 33, 1886 e Carta 8, 1876).
Infelizmente,
o que seria normalmente visto como errado e absurdo há poucas décadas passou a
aceitável ou mesmo neutro. Dessa maneira, com a mudança da base bíblica
tradicional para uma expressão mais pós-moderna da fé, fica praticamente
impossível um diálogo sobre o assunto. Hoje os tempos exigem reflexão que vá
além de uma simples discussão sobre uso da bateria. O problema é mais profundo.
Um
exemplo recente da mudança de paradigma ocorreu em um dos maiores internatos
adventistas no mundo. Alguns alunos da faculdade promoveram um flash mob. Esse
tipo de ação, bastante interessante e de forte apelo midiático, consiste em
apresentar em local público uma música coreografada, surpreendendo os
presentes. Em geral, as pessoas que participam da ação estão misturadas em meio
à plateia e, terminada a performance, voltam a se misturar.
A
ocasião era o fim do semestre e o flash mob foi promovido no refeitório da
instituição. Com produção bem cuidada e formidável desempenho musical (comum
aos adventistas), a ação não teria nada de questionável, senão fosse a música
escolhida: os alunos cantaram e coreografaram uma música de uma famosa banda de
rock.
A
estranheza nesse caso se dá pela incoerência: o manual da igreja adventista
permanece orientando o não uso de ritmos populares em nosso meio (quer no culto
ou em eventos que levem o nome da denominação) e as orientações cristalinas dos
testemunhos advertem sobre os riscos de uso de música secular – especialmente,
de canções frívolas, as quais afastariam a presença de seres celestiais de
nossa presença; veja a seguinte citação: “A introdução de música em seus lares,
em vez de incitá-los à santidade e espiritualidade, tem sido um meio de
desviar-lhes a mente da verdade. Canções frívolas e peças de música popular do
dia parecem compatíveis com seus gostos. […] A música, quando não abusiva, é
uma grande bênção; mas quando usada erroneamente, é uma terrível maldição.” (Testimonies,
vol. 1, p. 496 e 497). Note que o exemplo não acontece em um culto, o que
indica que algumas canções precisam ser evitadas em quaisquer ambientes e
situações.
Alguns
poderiam advogar que a letra da canção executada não possuísse nada de não
recomendável. Entretanto, temos de analisar que, no caso em questão, a música
escolhida menciona Deus (“Lord”) algumas vezes, de forma bem banalizada. O grupo
que a gravou ainda era conhecido por sua irreverência e por possuir um
vocalista homossexual; tais fatores, embora talvez não sejam os principais,
serviriam como peso contrário à escolha daquela música em específico.
Com
tantas boas canções adventistas, ou mesmo com a possibilidade de escolher uma
boa canção secular (já que o ambiente não era religioso), porque optar por uma
canção dúbia, característica de adeptos do rock? A única razão parece perseguir
a mídia, que talvez não desse tanta cobertura a uma canção religiosa. Mas e
quanto ao testemunho de que somos separados por Deus? Após o impacto do vídeo
(pela internet) como lidaremos com jovens adventistas em suas congregações
locais, quando quiserem agir da mesma forma, contrária a nossos princípios? O exemplo
da instituição parece desautorizar eventuais censuras que líderes eclesiásticos
possam fazer.
Independente
de onde ocorreu o fato, isso apenas deve servir de alerta para que tenhamos
mais critério na hora de pensar em cada aspecto de nosso estilo de vida. Creio que
não devamos criticar, mas orar por aqueles que promoveram e participaram da
ação, na esperança de que o povo de Deus se una sem eu propósito de viver
exclusivamente para o Senhor. "A capacidade de discernir entre o que é
reto e o que não o é, podemos possuí-la unicamente pela confiança individual em
Deus. Cada um deve aprender por si, com auxílio dEle, mediante a Sua Palavra. A
nossa capacidade de raciocinar foi-nos dada para que a usássemos, e Deus quer
que seja exercitada." (Educação, p. 231).
grifos acrescentados
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