A avareza,
parente próximo da cobiça, é provavelmente um dos piores parentes dela. De
fato, o apóstolo Paulo, em Timóteo 6:10, afirma: "Porque o amor do
dinheiro é raiz de todos os males."
Os homens,
tangidos pela avareza, roubam, assaltam, atacam, defraudam, caluniam e matam. A
avareza foi um dos primeiros pecados a levantar sua venenosa cabeça no Jardim
do Éden. Em Gênesis 3:6,vemos que "Vendo a mulher que a árvore era boa
para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento,
tomou-lhe do fruto e comeu." O pecado da avareza como que faz parte do
homem natural, assim como a respiração. Do berço ao túmulo, ela motiva nossas
ações e amolda os nossos padrões de conduta.
Tal pecado tem
forçado também o nosso caminho, penetrando em nossa ideologia ética. Assim, as
afirmativas de que "a preservação da própria existência é o instinto
dominante do homem", de que "a proteção própria é a primeira lei da
vida", e de que "devemos sempre buscar ser o primeiro" não passam
de adágios de avareza.
O Jardim do
Éden era um lugar de beleza indescritível, mas o pecado da avareza destruiu
tudo aquilo. Depois do pecado, tornou-se um lugar soturno e nebuloso, com a
flamejante espada do juízo a percorrer todo o seu domínio, A vida só poderia
ser santificada com a bem-aventurança do Éden, e o homem só gozará da comunhão
com Deus quando obtiver vitória sobre o nojento pecado da cobiça ou avareza.
Nenhum pecado nos rouba tanto a beleza e radiância da vida como o da avareza,
ou ganância.
Percorra as
páginas da Bíblia e você verá, prezado leitor, o rastro da abjeta miséria que
este pecado mortal deixou na história da humanidade. Foi a ganância ímpia e
desnaturada em pós dum ganho visceralmente egoístico que arrastou o rei Acabe a
cobiçar a vinha de Nabote e a matá-lo para criminosamente conseguir seu negro e
ganancioso desiderato. Mas a voz de Deus veio a Acabe, dizendo-lhe: "No
lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote, os cães lamberão o teu
sangue, o teu mesmo" (I Reis 21:19).
A ganância
primeiro requer nossas almas, depois sela o nosso destino. Acabe nem sequer
sonhou que a inocente sementeira da cobiça em seu coração lhe traria aquela
terrível colheita de morte e juízo. Os irmãos de José semearam a insignificante
semente da ganância e cobiça quando venderam seu inocente irmão José para ser
escravo no Egito. Nem sequer podiam imaginar a colheita de fome e miséria que
obteriam quando a ganância frutificasse.
O homem rico,
de quem Jesus nos falou, semeou grãos de egoísmo e ganância, e Jesus disse que
ele colheria aquilo mesmo em grande abundância. Ele logo veio a perceber a
futilidade com que suas tulhas e celeiros lhe presentearam: tinha-os
abarrotados, tinha os bolsos cheios, mas o coração estava inteiramente vazio.
Logo caiu morto, ouvindo a voz divina que lhe dizia: "Insensato, esta
noite te pedirão a tua alma" (Lucas 12:20).
Judas, tangido
pela ganância, vendeu seu Senhor por trinta moedas de prata, e por fim
percebeu, com amargura e remorso, que de nada lhe valia a vida sem Cristo.
Atirando as manchadas moedas aos pés dos gananciosos homens com quem tramara a
triste barganha, saiu da presença deles e foi enforcar-se. A verdade nua e crua
é esta: muito antes de Judas tirar sua própria vida, a alma dele já estava
morta – fora enforcada e morta pela avareza ou ganância.
A todos os
Acabes e Judas e loucos deste mundo, que vivem egoísta e gananciosamente, Jesus
diz em Lucas12:21 – "Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é
rico para com Deus."
A ganância
busca na vida mais do que aquilo que lhe pertence. Ela engana, rouba, mente e
mata para alcançar seus objetivos. A Bíblia nos ensina que nascemos já com o
pecado da ganância em nosso coração. Em Jeremias 6:13 lemos: "Porque desde
o menor deles até o maior, cada um se dá à avareza." As crianças nascem já
naturalmente inclinadas ao egoísmo, à avidez, à avareza. Conquanto não possam
fazer conhecidos por palavras os seus desejos, têm um modo de fazer isso.
Vivi algum
tempo num lar em que a mãe, a avó, a doméstica e o pai corriam em todas as
direções, num doentio esforço para gratificar e satisfazer os desejos dum filho
único. As crianças, mesmo crescidas, são egoístas por natureza. "Papai,
que é que o senhor trouxe para mim?" é linguagem familiar e comum em meu
lar como certamente o é no do leitor amigo.
Jeremias disse
que "desde o menor deles até o maior, cada um se dá à avareza."
Enquanto o filho pródigo cantou a melodia do "Dá-me", seu quinhão foi
miséria, necessidade, solidão e fome; mas, quando a trocou pelo cântico do
"Perdoa-me", ele se viu então num estado de comunhão, conforto e
abundância.
Carlos Kingsley
disse: "Se você quiser viver miseravelmente, pense somente em si; pense no
que precisa, no que gosta e no respeito e atenções que você quer que os outros
lhe dêem – e então para você nada lhe será puro. Você estragará tudo quanto
suas mãos tocarem. Você extrairá apenas miséria e desencanto de tudo quanto há
de bom. Você será tão infeliz quanto e como quiser."
Em Romanos
1:29, a ganância é posta no mesmo nível dos pecados viciosos e condenáveis,
quando se diz: "estando cheios de toda a injustiça, malícia, avareza,
maldade." Na mesma Carta, em Rom. 13:9, a avareza, ou ganância, é
mencionaria ao lado do homicídio, do adultério, do roubo e da mentira. Este pecado,
que tem emperrado o desenvolvimento espiritual de tantos cristãos e que, no
entanto, parece tão inofensivo, é catalogado pela Palavra de Deus como um dos
mais hediondos e mais destruidores instrumentos de Satã. De fato, a Bíblia vai
mais longe ainda, e nos alerta, dizendo categoricamente que o cobiçoso e o
culpado de avareza não herdarão o Reino de Deus (I Coríntios 6:10).
A Bíblia nos
ensina que a ganância é idolatria. Uma moeda de prata pode estar tão perto de
seus olhos que lhe impeça de ver o sol. E o amor do dinheiro pode encher seu
coração de tal maneira que exclua inteiramente a Deus de sua vida. Neste século
de crasso materialismo, a consumidora paixão das coisas e lucros imateriais tem
levado inúmeras pessoas a se esquecerem das judiciosas palavras de Jesus,
contidas em Marcos 8:36: "Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e
perder a sua alma?" Quando forem consultados os registros de nossa vida,
será que eles só apresentarão lucros em reais?! De que adiantará isso?
O amor ao
dinheiro corrói o coração do homem, rouba-lhe a felicidade e o põe em guerra
contra os outros. A ganância de um país, por anexar a si o solo de outro,
muitas e muitas vezes desencadeado pilhagens e guerras, vitimando populações
inocentes e desarmadas. Os poderosos, em várias ocasiões, levados por motivos
ocultos e inconfessáveis, têm espoliado e oprimido os fracos. Patrões
desalmados e gananciosos, através dos séculos, vêm explorando o sangue de seus
empregados, mesmo quando suas consciências lhes dizem que não estão pagando salários
correspondentes ao serviço feito pelos operários.
Foi o pecado da
ganância que criou a escravatura e o seu doloroso séquito de sofrimentos, que
engendrou as misérias e mortes que acompanharam essa praga da raça humana. O
amor do dinheiro é que produz os roubos que os nossos jornais registam
diariamente, e que muitas vezes desembocam em homicídios. É a ganância que
induz o vendedor de leite a adicionar-lhe água para lucrar mais, e que ensina o
lavrador a colocar as boas maçãs por cima das meio apodrecidas. É a ganância
que faz o advogado mentir, e que leva o mercador a escamotear seus fregueses.
Os pais romanos
dos séculos antigos costumavam dizer a seus filhos: "Ganhe dinheiro
honestamente, se puder; mas, em qualquer caso, ganhe dinheiro."
O grande pecado
deste mundo é a ganância, a avareza. Inclinamo-nos tanto a ganhar dinheiro que
não nos sobra tempo para Deus e para os deveres religiosos. Muitas casas e
lojas comerciais permanecem desnecessariamente abertas aos domingos, e
profana-se assim o dia do Senhor para se ganhar uns reais a mais.
Quantas e
quantas vezes tenho convidado pessoas para irem à igreja, e me respondem que
precisam trabalhar! Estão de tal forma preocupadas com ganhar dinheiro que não
têm tempo para Deus. Os norte-americanos e outros mais povos da terra não vêem
que, nessa ânsia de facilidades, conforto, luxo e de ganhar dinheiro, podem
perder tudo num abrir e fechar de olhos, na mais temível e horripilante
destruição que o mundo jamais experimentou. Eu, em nome de Deus, digo a esses
povos: "Despertai, despertai, antes que seja tarde!"
É o pecado da
ganância que faz ferver o sangue dos jogadores, dos apostadores, endurecendo
aos poucos seus corações de tal forma que chegam a perder não só o dinheiro e a
saúde, mas também suas almas.
Há algum tempo,
um grupo de turistas que passava pelo Vale da Morte (Death Valley), na Califórnia, topou com
um esqueleto humano nas dunas daquele deserto. Por entre os ossos das mãos do
esqueleto estavam presas placas de mica, cujas piritas, semelhantes ao ouro,
certamente haviam iludido o pobre homem. Tomara ele por ouro os veios amarelos
de laica. Num pedaço de papel, que foi achado por baixo daquele esqueleto,
ainda se podia ler estas palavras – "Died rich" – morro rico. Pensara ele que estava rico, mas a
morte o apanhara, e lá morrera sozinho. Assim é que as riquezas enganam os
homens. Se não ternos outra coisa senão dinheiro, somos desgraçadamente os mais
pobres deste mundo.
Há muita gente
que pensa que é rica por causa de sua segurança ou boas condições econômicas.
Mas, para afim Deus, são mais do que pobres. Um dos quadros mais tristes,
apresentados pelo Novo Testamento, é o daquele moço rico que saiu entristecido,
da presença de Jesus, tendo seus bolsos cheios de dinheiro, mas o coração
vazio. Estava interessado na vida eterna, mas não queria pagar o preço dela. É
justamente o que acontece com muita gente hoje em dia. Inúmeros, como o jovem
rico, conhecem o caminho – mas não querem pagar o preço.
Não é pecado
ser rico. Se você tem ganho seu dinheiro honestamente, Deus o tem na conta de
um mordomo Seu, das coisas que Ele lhe tem dado. Agora, se o dinheiro ou a sua
riqueza vem prejudicando a sua vida espiritual, daí ela é pecado – e você está
vivendo como pobre aos olhos de Deus. Lemos na Bíblia que um bom número de
pessoas ricas foram retas e piedosas, e dedicaram suas riquezas ao serviço de
Deus.
Fazendo uma
comparação com os demais povos do mundo, podemos dizer que quase todos os
norte-americanos são ricos. Se você tem sapatos, roupas e comida, conforme os
padrões deste mundo, você é rico. O pecado da ganância é hoje um dos maiores, e
talvez seja a maior pedra de torpeço para o Reino de Deus no mundo todo.
Há pessoas que
acham que é incurável o pecado da ganância, e que o homem, urna vez dominado e
controlado por ela não mais encontra a salvação. Reconheço e concordo com o que
Jesus disse, pois Ele sabe o que diz. E Ele asseverou que "é mais fácil
passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de
Deus." (Mateus 19:24). Mas a pessoa culpada do pecado da avareza pode
salvar-se.
Você, amigo
leitor, pode ser pobre, mas também a ganância e avareza podem ter endurecido o
seu coração, tornando-o amargo e invejoso. Mas, você porte alcançar a salvação.
Arrependido do seu pecado e com fé no Senhor Jesus é certo que o sangue dEle o
purificará de todos os seus pecados. Ao pé da cruz de Jesus Cristo, você recebe
o Seu maravilhoso e glorioso perdão – seja qual tenha sido o seu pecado.