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terça-feira, 19 de novembro de 2013

O VERDADEIRO DOM DE LÍNGUAS - GLOSSOLALIA

Fonte - http://temasbblicos.blogspot.com.br

O VERDADEIRO DOM DE LÍNGUAS
INTRODUÇÃO - Para identificar o verdadeiro dom de línguas, é necessário compreender primeiro o ensino bíblico sobre os dons espirituais. Em I Coríntios 12:1-11, Paulo esclarece que “os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo” verso 4; que eles são distribuídos pelo Espírito “como lhe apraz” verso 11; e que eles são sempre concedidos “visando a um fim proveitoso” verso 7. Esse fim pode ser “a edificação do corpo de Cristo” conforme Efésios 4:12 ou a capacitação dos cristãos para a pregação do evangelho conforme Atos 1:8.
Para a compreensão do dom de línguas é importante o conteúdo de I Coríntios 14, onde Paulo procura corrigir algumas distorções. O propósito essencialmente evangelístico desse dom é bem definido não apenas na declaração de que “as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos” verso 22. No testemunho pessoal de Paulo ao dizer: “Dou graças a Deus, porque falo em outras línguas mais do que todos vós. Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua” mostra claramente que esse dom é para a edificação de quem ouve. Certo? Infelizmente, o que se nota, no movimento pentecostal atual, é uma corrida atrás do falso dom de falar línguas desconhecidas ou estranhas.


Veja este texto inspirado: “O derramamento pentecostal foi uma comunicação do céu de que a confirmação do Redentor havia sido feita. O Espírito Santo, assumindo a forma de línguas de fogo, repousou sobre a assembleia. Isto era um emblema do dom então outorgado aos discípulos, o qual os capacitava a falar com fluência línguas com as quais não tinham nunca tomado contato. A aparência de fogo significava o zelo fervente com que os apóstolos trabalhariam, e o poder que assistiria sua obra”. Atos dos Apóstolos, 22.

COMPREENDENDO ATOS 2:1-13 - Recomendo a leitura do texto para uma melhor compreensão. Perceberemos aqui que naquela ocasião estavam congregadas em Jerusalém pessoas vindas “de todas as nações debaixo do céu” verso 5; 9-11. Contamos 15 nações. Foi para proclamar o evangelho, nesse contexto específico, que o Espírito Santo concedeu aos discípulos o verdadeiro dom de línguas. E o próprio texto bíblico confirma que cada um dos presentes, no Pentecostes, ouvia a mensagem em sua “própria língua materna”. Ver os versos 6, 8 e 11. O dom de línguas de Atos 2 era um idioma conhecido. Era um dom do Espírito Santo. O dom de línguas de Atos 2 teve como objetivo a pregação do evangelho. Era um idioma conhecido. A Bíblia informa-nos de que os apóstolos foram milagrosamente capacitados para falarem em várias línguas afim de que os presentes os ouvissem falar em seus respectivos idiomas. A palavra grega usada nesta passagem é “glossa”, a palavra grega normal para “língua”. Aqui em Atos 2 está bastante claro que os discípulos falavam línguas conhecidas. Judeus descrentes que moravam em Jerusalém na época estavam atônitos e se admiravam porque cada um ouvia em sua própria língua. Lucas prossegue mencionando uns 15 países ou regiões diferentes, cujas línguas estavam sendo ouvidas. De maneira nenhuma pode-se defender que estas línguas eram “celestiais”, “extáticas”, "estranhas" ou “desconhecidas”. Esta ideia não está na bíblia.
A palavra grega “dialektos” da qual surge a nossa palavra portuguesa “dialeto” em Atos 2:6,8, menciona que alguns que estavam presentes no Pentecostes ouviram a mensagem de Deus em seu próprio idioma; alguns em seu próprio dialeto. Classificações tais como idiomas e dialetos jamais teriam sido empregadas se tivesse sido usada apenas a “fala extática ou língua estranha” como pretendem os carismáticos ou pentecostais.

Dentro do contexto original de atos 2, as línguas "estranhas"  dos movimentos carismáticos de hoje são usadas para pregar o evangelho? É um idioma conhecido? Não, pronunciar línguas estranhas hoje é colocado pelos pentecostais como evidência da conversão e recebimento do Espírito Santo e nada mais. Alguns até ficam constrangidos por não falarem as tais línguas “ininteligíveis”. Estas línguas estranhas não têm nada a ver com o dom de línguas da Bíblia. É apenas um fervor cego e barulhento do que qualquer coisa espiritual que edifique.

O que dizer do barulho que se ouve nos movimentos carismáticos e pentecostais? A teoria de que o genuíno dom de línguas manifesta-se hoje na forma de línguas estáticas, não faladas atualmente por qualquer povo ou nação, não é bíblico. As várias alusões, na versão Almeida Revista e Corrigida, a “línguas estranhas” de I Cor. 14:6,13 não aparecem como tais no texto original grego, onde a expressão usada é simplesmente “línguas”. Por outro lado, a tentativa de identificar as modernas manifestações de línguas estáticas como sendo línguas “dos anjos” I Cor 13:1, também não é aprovada pelas Escrituras. Todas as vezes que os anjos bons falaram com seres humanos, eles o fizeram na própria língua das pessoas com as quais se comunicavam. Ver Gên. 18 e 19; Dan. 9:21-27; Luc. 1:11-20, 26-38; 2:8-15; Atos 12:6-8 e Apoc. 22:8 e 9. Cremos, portanto, que nem todos os pretensos dons de língua são de origem divina. O verdadeiro dom de línguas é concedido pelo Espírito Santo não para a exaltação pessoal do indivíduo diante da comunidade religiosa, mas para suprir uma necessidade existente. O recebimento desse dom leva a pessoa a falar em uma genuína língua de nação, até então desconhecida para ela, sempre com um propósito evangelístico.

O que é a língua dos anjos? Será que língua estranha é língua de anjos? Quando um anjo falava com um ser humano, como no caso do anjo Gabriel anunciando o nascimento de Cristo, era compreendido? Se a Bíblia sempre faz referência às línguas como linguagem humana normal, então a que se refere I Coríntios 13:1? 
Paulo disse que se “falasse a língua dos homens e dos anjos” mas não tivesse amor, seria apenas um barulho. Será que as línguas dos anjos poderia ser compreendida como a língua extática que os carismáticos pentecostais dizem ser o verdadeiro dom? Um problema é que não encontramos menção alguma de fala de anjos em qualquer outro lugar da bíblia. Realmente só o que encontramos é anjos comunicando-se com seres humanos através da linguagem humana normal. Ver Lucas 1:26. A única outra forma de linguagem encontrada nas Escrituras é aquela usada pelo Espírito Santo quando Ele comunica-Se com o Pai com gemidos inexprimíveis em nosso favor. Ver Rom. 8:26. O que Paulo estava dizendo quando falou na língua de anjos? Não estava necessariamente declarando uma realidade de fato. Estava usando uma hipérbole, um exagero a fim de ilustrar um fato. No grego os versículos 2 e 3 de I Coríntios 13 usam verbos subjuntivos. Normalmente quando se usa o subjuntivo no grego, indica uma situação improvável, hipotética e hiperbólica. Para mostrar a necessidade primordial do amor, Paulo estava estendendo os seus comentários a respeito da linguagem aos limites máximos. Estava como que dizendo: “não importa quão refinada, milagrosa ou maravilhosa seja sua maneira de falar, mesmo que você pudesse falar a língua dos anjos, se você não tiver amor, você não é nada mais que um barulho.”

Preste atenção: Esse barulho que se ouve em igrejas pentecostais, ocorre também entre pagãos adoradores de Amon; feiticeiros; muçulmanos; esquimós; quacres; shakers e religiões afro-brasileiras místicas como; umbanda, quimbanda e candomblé. Não é curioso e assustador?

Quem foi o homem mais cheio do Espírito que já viveu? Foi Jesus e Ele nunca falou em línguas estranhas.

Se esse barulho todo que se ouve não vem de Deus, qual foi a sua origem? Apesar de muitos considerarem o reavivamento da rua Azuza, na Califórnia EUA, em 1906 como o nascimento do Pentecostalismo moderno, o falar em línguas desconhecidas teve lugar em duas reuniões anteriores, uma em Topeka, Kansas, em 1901, e a outra em Cherokee County, Carolina do Norte, em 1896. É difícil dizer qual é a denominação pentecostal mais antiga. A Igreja Santa Unida e a Igreja de Deus, ambas de Cleveland, apontam para raízes pré-pentecostais antes de 1886. A Igreja da Santidade Pentecostal, tem raízes pentecostais antes de 1879, e foi a primeira a adotar uma confissão de fé pentecostal, em 1908.
Mas, tradicionalmente, reconhece-se o começo do movimento pentecostal com o avivamento ocorrido em 1906, em Los Angeles EUA, na rua Azusa, caracterizado pelo batismo com o Espírito Santo, evidenciado pelos dons do Espírito: línguas estranhas, curas, profecias, interpretação de línguas estranhas, etc. O Avivamento na Rua Azusa, rapidamente cresceu alcançando outros lugares e pessoas de várias partes do mundo que foram até lá para conhecer, de perto, o movimento.
Na igreja Adventista aconteceu algo parecido com esse barulho que se vê nas igrejas carismáticas. Isso foi em Indiana nos EUA e no ano 1901. Quando essa confusão foi percebida, foi corrigida e resolvido o problema. Veja este texto: “As coisas que descrevestes como tendo lugar em Indiana o Senhor revelou-me que haviam de ter lugar imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança... Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma bênção... Satanás fará da música um laço pela maneira como é dirigida.” Eventos Finais, 138. O inimigo de Deus está sempre ativo. Fiquemos vigilantes!

Qual foi o início do movimento carismático no Brasil? No Brasil o pentecostalismo alcançou maiores proporções do que em outras partes do mundo. Os pioneiros do movimento pentecostal no Brasil foram dois Suecos; Daniel Berg e Gunnar Vingren. Berg tinha nascido no Sul da Suécia em 1885, foi batizado numa comunidade Batista em 1899, e emigrou para os EUA em 1902. Em 1909 ele se encontrava de visita na Suécia onde um amigo, que se tinha tornado um pregador, falou-lhe do batismo com o Espírito Santo que ele disse ter experimentado naquele mesmo ano. Quando regressou aos Estados Unidos ele uniu-se à congregação de Chicago conduzida por W. H. Durham. Gunnar Vingren, sonhou que devia ir ao Pará. Eles, porém não sabiam, sequer, onde ficava o Pará; mas descobriram na biblioteca da cidade de Chicago que era um estado no Brasil. Puseram de parte 90 dólares para o preço do seu bilhete, mas a seguir a uma revelação, tiveram que dar o valor à uma revista Pentecostal. De qualquer forma, pouco depois eles puseram de novo de parte o dinheiro para pagar o preço do seu bilhete. Chegaram a Belém em 1910 e difundiram a nova modalidade de cultos com alguns gritos que diziam ser o batismo do Espírito Santo e algumas palavras sem entendimento que diziam ser o dom de línguas.
Em 1910 outros dois pentecostais também chegaram ao Brasil, eram Giacomo Lombardi e Luigi Francescon. Em março daquele ano Francescon e Lombardi partiram de Buenos Aires para São Paulo. Em São Paulo encontraram um italiano chamado Vincenzo Pievani, que era residente em Santo Antônio da Platina, no estado do Paraná. Luigi Francescon pregou para os italianos entre eles, e nasceu uma das maiores denominações pentecostais que hoje existem no Brasil: "Congregação Cristã no Brasil". Assim teve início o carismatismo no Brasil.
QUANDO O CRENTE RECEBE O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO? A doutrina de que só tem o Espírito Santo quem fala línguas não é bíblica, e é de invenção humana. O dom de línguas é, inegavelmente, um dos dons do Espírito Santo, mas este dom não é, infalivelmente, a única e última prova de quem é batizado com o Espírito Santo. O que a bíblia afirma, e com clareza, é que o Espírito Santo vem ao crente quando ele se converte e é batizado. Ver Atos 2:38; e obedece. Ver Atos 5:32; quando ora ora. Ver Lucas. 11:13; e o crente então, produzirá em sua vida o fruto do Espírito. Ver Gál. 5:22.

Veja estes textos: “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” Atos 2:38. Quando o crente, em Jesus, é batizado ele recebe Espírito Santo no mesmo momento do batismo. Ele é batizado com o Espírito e com fogo como vemos: “E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.” Mateus 3:11.
“E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.” Atos 5:32. Só recebe o “verdadeiro” dom do Espírito Santo a pessoa que guarda os mandamentos de Deus, inclusive o 4º mandamento que exige a santificação do sábado. E quem é sincero sabe que o mandamento do sábado continua em vigor.
GLOSSOLALIA EM MARCOS 16:17 Aqui está o texto: “E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas.” Marcos 16:17. A palavra grega “Glossa” significa primariamente “idioma humano” quando usada na bíblia. Diversas vezes no Novo Testamento ele refere-se a línguas humanas, sendo a palavra normal para linguagem. Isto é a verdade no Novo e no Velho Testamento. A palavra glossa é usada umas 30 vezes no Velho Testamento grego(Septuaginta) e sempre seu sentido é linguagem humana normal. 
Esta é única menção do fenômeno de glossolalia nos quatro evangelhos que acha-se na grande comissão, conforme o registro de Marcos 16:17. Isso torna-se significativo quando se reconhece que o Espírito Santo exerceu uma parte importante no início do evangelho. “Estes sinais hão-de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios e falarão novas línguas” Marcos 16:17
Este dom é mencionado por Cristo em forma de uma promessa, que lhes possibilitava pregar o evangelho na linguagem daqueles que iam ouvir as boas novas da salvação. O adjetivo “novas” não quer dizer línguas inexistentes, como defendem alguns, mas línguas estrangeiras que eles falariam sem que as tivessem aprendido, como aconteceu no Pentecostes. 
É interessante saber que há em grego duas palavras para novo: néos e kainos. Néos é novo no sentido de tempo, recente; kainos é novo na forma ou qualidade. Cristo usou kainos porque se referia ao novo não usado. Se o falar línguas, tivesse envolvido línguas desconhecidas, nunca antes faladas, então Cristo teria usado neos, novo em referência a tempo. Mas, visto que Ele empregou kainos, tem que se referir a línguas estrangeiras, que eram novas àquele que as falasse, porém que já existiam antes. 
A LÍNGUA DE CESARÉIA EM ATOS 10:46Este é o texto: “Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus.” Atos 10:46. Temos aqui o relato do episódio acontecido em Cesaréia, na casa de Cornélio. Do relato de Lucas, quem escreveu Atos, conclui-se que as línguas aqui mencionadas não eram ininteligíveis, pois Pedro e os companheiros “os ouviam engrandecendo a Deus.” A diferença entre este relato e o de Atos 2 era o seguinte: no Pentecostes o falar em línguas foi o meio usado por Deus para anunciar o evangelho aos judeus e nações que vieram a Jerusalém. Na casa de Cornélio o falar em línguas foi um “sinal” para que os que acompanhavam Pedro cressem que Deus não faz acepção de pessoas e com certeza para evangelizar. Ver Atos 10:34-35 e 11:17. Aqui era uma questão de preconceito e Deus usou este episódio para ajudar, especialmente, os discípulos que ali estavam a olhar as nações não com olhos de amor. Deus usa pessoas sinceras, mesmo não pertencendo a Sua igreja, como era o caso de Cornélio, para levar a cabo os Seus propósitos. Leia todo o capítulo 10.
A LÍNGUA EM ÉFESO CONFORME ATOS 19:1-6 –  Eis o texto: “E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos, disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João. Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam.” Atos 19:1-6
Aqui faz uma clara alusão a alguns varões de Éfeso, sobre os quais Paulo impôs as mãos e  “falavam línguas e profetizavam”. Estavam esses irmãos, portanto, capacitados para a implementação do evangelho do reino em Éfeso. Pelo fato da descrição não entrar em pormenores, faltam-nos elementos para conclusões mais definidas. Como não tinham conhecimento da existência da pessoa do Espírito Santo, eles foram rebatizados, mas agora com a capacitação do Espírito Santo. Aqui encontramos mais uma prova de que o batismo do Espirito Santo acontece no momento do batismo nas águas. Deus contemplou a fé dos novos membros e os capacitou com o “verdadeiro” dom de línguas. Com certeza este episódio foi parecido com o mesmo ocorrido em Atos 2, aquando do Pentecostes. Ellen White  informa-nos que estes varões foram capacitados “a falar línguas de outras nações”.
LÍNGUAS EM I CORÍNTIOS 12:10Eis o texto: “E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.” I Coríntios 12:10
Aqui mencionava a mesma palavra “glossa”, e passa a falar da interpretação de línguas. A palavra grega usada para interpretação é “hermeneuo”, significando tradução. Não se pode traduzir balbucio e bagunça. A tradução significa pegar algo de uma língua e colocá-lo em seu equivalente em outra língua. Esta é uma habilidade sobrenatural não aprendida, para a edificação dos crentes presentes. Veja este texto: “E eu quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis; porque o que profetiza é maior do que o que fala em línguas, a não ser que também interprete para que a igreja receba edificação.” I Coríntios 14:5. Mas onde se fala coisas que não se entende “estranha” não existe tradução. No verso em análise a palavra grega para tipos é genos, da qual se originou o vocábulo gênero. Genos significa uma família ou grupo, raça ou nação. Novamente a referência é a fala humana normal.
LÍNGUAS EM I CORÍNTIOS 14:21. Eis o texto: “Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor.” I Coríntios 14:21. Aqui Paulo fez referência a Isaías 28:11 e 12. Então Paulo continuou, dizendo que línguas são sinal, não para os crentes mas para os descrentes. Israel descrente. A profecia se cumpriu com os Assírios. As línguas estrangeiras edificam os gentios.
LÍNGUAS EM I CORINTIOS 14:27. Eis o texto: “E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete.” I Coríntios 14:27. Paulo admoestou os crentes de Corinto que se alguém falasse uma língua na assembléia, “não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete”. Isto indica uma língua verdadeira pois devia ser traduzida. Deixar de interpretar resultaria na confusão descrita no versículo 13. Se o principal propósito das línguas conhecidas era sinal para o povo descrente, conforme I Coríntios 14:21-22, então a única ocasião que as línguas poderiam ter significado para o crente seria quando elas fossem traduzidas.
Agora, sinceramente, dizer que o dom bíblico de línguas é a linguagem “estranha”, “ininteligível” e “dos anjos”, usada hoje pelos carismáticos em suas devoções, é forçar um significado no texto bíblico que não está lá. Basta entender um pouco de português para compreender isso. Nem precisa perceber de grego.

TRÊS EXPLICAÇÕES PARA O MODERNO MOVIMENTO DE LÍNGUAS - Dentre muitas explicações existentes estas destacam-se por sua importância:

A) Contrafação satânica. Pode ser útil mencionar que o antigo oráculo grego em Delfos falava o que podemos chamar de línguas, como também os sacerdotes e sacerdotisas do grande templo de Corínto. O Dr. Akbar Abdul Haqq disse que o fenômeno não é incomum entre as religiões não cristãs da Índia atualmente. Existem também exemplos concretos de pessoas possessas de demônio que falam línguas conhecidas com que não tinham tido nenhum contato enquanto com a mente sã. A bíblia conta como os magos do Faraó eram capazes de repetir, até certo ponto, os milagres de Deus. Deus capacitou os Seus filhos no Pentecostes e em Cesaréia, na casa de Cornélio, para falarem as verdadeiras línguas de nações; e o diabo, desde o início do século passado, arma essa confusão toda com as igrejas pentecostais.

Veja só este texto: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.” Mateus 7:22-24. Aqui não está referido o falar em línguas, mas refere-se ao “falso” profetizar que é desaprovado por Deus assim como milagres e expulsão de demônios falsos; que acontece, em grande quantidade, no movimento carismático ou pentecostal. Assim como há o falso falar em línguas existem também os falsos profetas. E na ordem de importância dos dons espirituais, o de profetizar vem antes do falar línguas de nações.

Que Deus tenha misericórdia dos Seus filhos sinceros que ainda encontram-se no movimento carismático!

B) Fraude. Até mesmo os cristãos têm imitado este dom. Certa moça que frequentava reuniões carismáticas queria, desesperadamente, este dom porque muitos dos seus amigos o tinham. Como tinha nascido em outro país, ela começou a orar naquela língua, fazendo de conta que tinha recebido o dom de línguas. Seus amigos acreditaram e ela conseguiu assim ser aceita no grupo, em que falar em línguas era tão importante! Hoje se alguém inserir-se em algum grupo pentecostal e começar balbuciar palavras desconhecidas, fazendo gestos pertinentes serão classificados como batizados com o “espírito santo”. Isso diz-lhe alguma coisa?

C) Atuação psicológica - O mundo humanista, que nega a existência do sobrenatural, seja divino ou demoníaco, classifica toda a glossolalia como psicológica ou fisiológica de caráter e de origem. Alguns cristãos conservadores também descrevem o caráter da glossolalia moderna genuína como psicológica. Bergsma, psiquiatra cristão, escreveu: “É óbvio que nada poderá sair de cada cérebro individual que não tenha sido previamente depositado ali. Materiais depositados podem ser alterados, fragmentados, confundidos, distorcidos, porém não podem ser humanamente criados. Também é óbvio que um idioma(...) que sai como linguagem na glossolalia deve ter sido introduzido de alguma maneira na vida daquela pessoa. Ainda que está pessoa não estivesse cônscia de haver ouvido aquelas palavras ou de que uma mensagem estivesse sendo registrada, mesmo assim essas foram previamente depositadas ali. Isso explicará os pouquíssimos casos da moderna glossolalia, se de fato os houver”.
CONCLUSÃO – A Bíblia classifica a glossolalia, ou dom de línguas, como um meio de se pregar o evangelho àqueles cujos idiomas não se conheciam. A primeira geração de cristãos precisava receber, através de milagre, o que não podiam adquirir através do desenvolvimento acadêmico, para testemunhar de Cristo em múltiplos idiomas, de maneira que se pudesse multiplicar em número e avançar do ponto de partida onde se encontrava, no início do cristianismo, e estabelecer-se plenamente no mundo todo com o Evangelho.
Naquele tempo foi necessário essa capacitação sobrenatural do Espírito Santo. Lembrando sempre de que as línguas faladas e ouvidas eram línguas das nações que lá estavam representadas. Na casa de Cornélio aconteceu o mesmo fenônimo.
Hoje Deus tem dado o verdadeiro dom de línguas para alguns dos Seus filhos proclamarem o evangelho com maior influência e abrangência. Há filhos de Deus que recebem este dom e aprendem com muita facilidade várias línguas. Acredito que se houver necessidade e Deus desejar capacitar alguns dos Seus filhos com este dom, de forma sobrenatural, em uma ilha onde os nativos não entendam a língua de um missionário; por exemplo, Deus o fará. Deus pode todas as coisas, em todas as épocas e em todos os lugares. Amém?
O verdadeiro dom de línguas é aquele que a Palavra de Deus aprova e não o que alguns homens acham que é, mas não é. Fica provado por meio destas ponderações que em nenhum dos casos de glossolalia, até aqui analisado, foi de outro tipo senão linguagem estrangeira e idiomas de nações e com a finalidade unicamente de edificar a igreja de Cristo.
Caso você tenha o dom de aprender, falar e interpretar línguas estrangeiras; seja obediente ao Espírito Santo e estude-as para ajudar na pregação do evangelho. Caso você pertença a algum movimento carismático, humilhe o seu coração perante Deus e atenda ao convite de Deus: “E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.” Apocalipse 18:4
Luís Carlos Fonseca

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