Michelson Borges
Ideologia para viver e defender |
No
mês de fevereiro, após a polêmica entrevista concedida por Silas Malafaia à
jornalista Marília Gabriela (confira aqui), o
biólogo ateu Eli Vieira postou no YouTube um vídeo que teve milhares de
visualizações. Em julho, postei um texto sobre ele e a Atea (confira aqui).
Recentemente, Eli concedeu entrevista a um blog LGBT na qual afirma categoricamente ser gay e reafirma sua opinião de que o
homossexualismo é mais herdado do que adquirido. Quando perguntado sobre por
que decidiu postar o vídeo, ele respondeu: “Eu decidi fazer o vídeo por três
motivações, em ordem de importância naquele momento: porque detesto abuso e
distorção de conhecimento científico, porque tenho real compromisso com meus
valores como humanista, e porque também sou um homem gay e tenho direito de resposta.”
Aí está. Só acho que a ordem de importância está invertida... Eli vive dizendo
que a religião move as ações dos criacionistas. No caso dele, parece que é a
bandeira do ativismo gay. Como se pode ver mais uma vez, subjetividades,
preferências, opções, conceitos e preconceitos acometem a todos, inclusive
criacionistas e evolucionistas.
Eli
disse, também, que “as pessoas variam quanto ao tempo que levam para aplicar
seu conhecimento de que não há nada de errado em ser gay ou lésbica para
eliminar o sentimento de culpa em sua vida amorosa e sexual. Algumas pessoas se
livram completamente disso com o tempo – eu diria que a maioria, depois de
alguns anos. Mas infelizmente há aqueles que foram tão profundamente marcados
por uma educação homofóbica agressiva que podem levar décadas para se sentirem
confortáveis em serem o que são”.
Sei
que ele não vai gostar da comparação (e a faço sem qualquer ranço homofóbico,
que não tenho, e consciente de que talvez não seja a mais apropriada), mas o
que dizer de alguém que nasceu com propensões para o alcoolismo e não quer ser
alcoólico? Deve se entregar também ao vício? O que dizer de outras índoles
herdadas, mas que são repudiadas pelo herdeiro? Ele deve aceitar esse
determinismo genético? E se a pessoa não quiser se entregar ao estilo de vida
homossexual, ainda que tenha tendências para isso?
Eli
chega a admitir seu comportamento homossexual, ao dizer que “é muito difícil
estar em Cambridge e ignorar o clima de aceitação da diversidade de orientações
sexuais e identidades de gênero. Não é incomum ir a pubs onde por acaso está
havendo uma reunião de transexuais, e nas baladas não há constrangimento em um
casal do mesmo sexo se beijar no meio de uma maioria de heterossexuais: eu já
fiz isso”.
E
diz mais: “Eu não acredito que os fundamentalistas realmente conseguirão num
futuro próximo tomar o poder no Brasil. Não conseguirão indefinidamente
infiltrar um Estado laico com leis explicitamente inconstitucionais para
privilegiar sua fé. Infelizmente já há leis assim em funcionamento, como a lei
estadual 5998/11 do Rio de Janeiro, proposta pelo deputado Edson Albertassi
(PMDB) e assinada pelo governador Sérgio Cabral, que obriga as bibliotecas
públicas a ter Bíblia. Isso vai de encontro ao Artigo 19 da Constituição, pois
é subvenção estatal do cristianismo.”
E
que dizer do infame “Kit Gay” que o governo tentou levar para as
escolas? Não seria subvenção estatal do estilo de vida homossexual? Combate à
homofobia é uma coisa, apologia do homossexualismo é outra. E o que dizer do PL122,
que acabaria obrigando os discordantes do estilo de vida homossexual a calar a
boca, numa clara violação ao direito de liberdade de expressão? Por que não
posso me declarar contra as práticas homossexuais, ao mesmo tempo em que
defendo a liberdade de as pessoas viverem como bem entendem?
“Ser
homossexual foi acidente”, diz Eli, “mas como houve uma tentativa de uma
cultura, de uma criação e até de mim mesmo de me fazer ter vergonha de sê-lo,
tenho orgulho e incentivo outros LGBT a afirmarem seu orgulho, porque sabemos
bem que ainda é difícil, então há mérito nesta afirmação e em viver com ela, e
mérito justifica orgulho. Não há nenhum mérito em ser heterossexual numa
cultura que não apenas aceita como incentiva isso exageradamente ao ponto de
impelir quem não é hetero a se esconder, por isso não fazem sentido afirmações
de orgulho hetero: soam muito mais como provocação às conquistas e
reivindicações dos LGBT.”
Realmente
é bobagem ter orgulho de ser hetero, como também é bobagem ter orgulho de ser homo.
E quem deixou isso bem claro foi o deputado homossexual Clodovil Hernandes, que
recebeu vaias durante o lançamento da frente parlamentar em defesa de gays,
lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, na Câmara dos
Deputados (veja o vídeo).
Ele disse: “Eu não gosto da parada do Orgulho Gay. Não me orgulho de ser
gay. Orgulho-me de ser eu mesmo. E sou contra uma pessoa se travestir de mulher
e ir para a prostituição.”
No
fim da entrevista, Eli apela para um líder religioso: “Como disse Allan Kardec
sobre a codificação religiosa espírita, se esta disser uma coisa e a ciência
disser outra, a razão provavelmente está com a última. Felizmente, é
perfeitamente possível fazer oferenda a Iemanjá sem extinguir os peixes, adorar
Alá sem negar a evolução biológica e louvar a Jesus sem inventar que o DNA tem
mensagens divinas, sem inventar ‘gene africano’ ou mostrar ignorância atacando
um ‘gene gay’ que jamais foi proposto a sério por geneticistas (por saberem que
o número de genes que participam é bem maior que um). E também é plenamente
possível ser religioso sem ordenar que as mulheres se calem, que os
homossexuais se escondam e que o Estado privilegie suas crenças particulares.”
É
muito comum pessoas que se sentem acuadas e agredidas partirem para o ataque e
para comparações descabidas. E o histórico de Eli de combate às religiões já
vem de longa data, conforme atestou no Facebook Ernane Garcia: “Conheço o Eli
Vieira desde os tempos do Orkut, época em que eu tinha lá meus 15 anos.
Acompanhei sua ‘evolução’ intelectual de perto, desde que ele iniciou a
graduação em biologia, na UnB, pois participei dessa geração neoateísta. Éramos
fanáticos pela leitura de Epicuro, David Hume, Bertrand Russell, Isaac Asimov,
Carl Sagan, Richard Dawkins e outros. Adorávamos passar horas em comunidades de
ceticismo e ateísmo ‘refutando’ a argumentação dos religiosos. Estávamos
convencidos de que Deus não existia ou de que não havia nenhuma evidência a seu
favor e, ademais, de que a religião era prejudicial à humanidade. Li toda essa
besteirada cética e materialista até os meus 18 anos, até me deparar com o
livro de Dawkins, The God Delusion,
cuja leitura me provou o contrário: Deus existe. Nessa época, já tinha um
conhecimento razoável de metafísica, teologia e lógica, que me permitiu
reconhecer as falácias do biólogo inglês. Eli, pelo contrário, não evoluiu. Não
estudou as críticas à sua visão ateísta do mundo. Movido por um ódio irracional
à religião e à Igreja, caminhou ‘progressivamente’ à esquerda, por mera
pirraça, dando atenção única e exclusivamente ao pensamento cético,
materialista e ateu. É apenas isso que o Eli sabe de filosofia: somente aquilo
que alimenta a justificação de seu ódio à fé, ou seja,
uma ínfima parte praticamente insignificante de toda a filosofia ocidental.”
Interessante
a análise de Ernane, mas não creio que os ataques de Eli à fé sejam movidos
unicamente por “pirraça”. Analisando sua postura atual e o fato de ter-se
assumido ainda mais explicitamente homossexual, sou obrigado a concordar com
Julian Huxley: “A razão de nos lançarmos sobre A Origem das Espécies é que a ideia de
Deus interfere com nossos hábitos sexuais.” [MB]
Fonte - http://www.criacionismo.com.br
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