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Julho 30, 2013 Silver Spring, Maryland, United States
Elizabeth Lechleitner/ANN
Um tribunal do Paquistão condenou neste mês um adventista à prisão
perpétua por suposta difamação do profeta Maomé num caso relacionado com
controvertidas leis nacionais contra a blasfêmia.Sajjad Masih, 29, foi condenado por supostamente enviar mensagens de texto blasfemas em 2011 a um membro de um grupo extremista religioso, apesar de seu acusador mais tarde se retratar e da incapacidade do Ministério Público apresentar qualquer prova de tal atitude. Javed Sahotra, advogado de defesa de Masih, membro da Igreja Adventista, disse que o juiz cedeu sob a pressão dos extremistas que dominam a paisagem política e religiosa.
John Graz, diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa para a Igreja Adventista a nível mundial, disse que o caso de Masih não é incomum. “No Paquistão, os membros de minorias religiosas vivem sob a constante ameaça de serem acusados de blasfêmia”, Graz disse: “Sabem que se são acusados, não podem contar com uma investigação séria”.
Segundo noticiários da imprensa, Masih era visado por Donald Bhatti, que em maio de 2011 casou-se à força com uma jovem que havia sido noiva de Masih, pressionando seus pais com promessas de vistos de trabalho. Bhatti tinha sido namorado da garota antes de se mudar para o Reino Unido, e acredita-se que estava com ciúmes de seu relacionamento com Masih. Após a cerimônia de casamento, Bhatti retornou imediatamente para o Reino Unido levando sua nova esposa consigo. Masih e sua ex-namorada, no entanto, mantiveram-se como amigos, muitas vezes telefonando um para o outro.
No final de dezembro, a polícia de Gojra invadiu a casa de Masih, procurando provas e tentando prendê-lo, disse Sahotra. Seu acusador, Tariq Saleem, havia denunciado à polícia local as mensagens de texto e os instou a rastrearem o número de telefone celular e prender o seu proprietário disse.
Descobriu-se então que o número foi registrado em nome da esposa de Bhatti. Ela disse a Masih que Bhatti tinha comprado um cartão telefônico com o seu documento de identidade e fez arranjos para um cúmplice enviar mensagens, esperando para enlamear o relacionamento entre ambos, contou Sahotra.
A polícia de Gojra prendeu Masih em 28 de dezembro de 2011. Seu advogado o acompanhou até a delegacia de polícia em Gojra, onde esperava que Masih prestasse depoimento e limpasse o seu nome, disseram os dirigentes da Igreja. Mas ao contrário, o caso foi registrado sob as leis de blasfêmia do Paquistão, que requerem pena de morte ou prisão perpétua para qualquer pessoa que for considerada culpada de blasfêmia contra Maomé, o profeta do Islã.
Michael Ditta, presidente da União Paquistanesa da Igreja Adventista, disse que infelizmente tais leis são usadas para se vingar contra cristãos e outras minorias religiosas. No Paquistão, os muçulmanos representam 96 por cento da população, e apenas dois por cento da população do país se identifica como cristã.
“Como uma religião minoritária estamos preocupados com o mau uso da lei e da crescente intolerância para com os cristãos no país”, disse Ditta.
Há alguns meses, o Paquistão foi classificado no “Grupo 1” de países pela Comissão Estadunidense de Liberdade Religiosa Internacional, dada a sua intolerância “sistemática, contínua e ofensiva” contra grupos religiosos minoritários.
Na delegacia, Masih disse que foi forçado sob coação a “confessar” ter enviado as mensagens de texto, afirmou Sahotra. Foi então enviado à prisão para aguardar julgamento.
Após mais de um ano e meio na Prisão Distrital Toba Tome Singh, Masih foi condenado à prisão perpétua, apesar do fato de que, durante o interrogatório, seu acusador admitiu que não tinha recebido qualquer mensagem de texto blasfema, como alegara originalmente.
A despeito disso, depoimentos juramentados de colegas de Masih confirmam que ele estava trabalhando no momento em Pakpattan quando seus acusadores disseram que havia enviado mensagens de texto a partir do telefone celular de sua ex-namorada. Sahotra disse que planeja apelar da decisão no início de agosto.
Na sede mundial da Igreja em Maryland (EUA), Graz e outros membros da recém-formada Comissão de Defesa de Membros Perseguidos por Razões Religiosas acompanhou de perto o caso de Masih. A comissão também está defendendo Antonio Monteiro, outro membro adventista preso arbitrariamente no Togo, África.
“Queremos que os nossos membros e líderes governamentais saibam que a Igreja Adventista leva estes casos muito a sério”, disse Graz
“O que está acontecendo com Sajjad Masih é mais um exemplo trágico do abuso das leis de blasfêmia em algumas regiões do Paquistão. A opressão de pessoas em nome da religião contradiz a mensagem que defendemos de paz e justiça para todas as religiões”.
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