INTRODUÇÃO: GN 1:27, 28
A Bíblia diz que foi mesmo Deus o Criador dos órgãos sexuais, do sexo e da sexualidade. Apesar do ridículo a que os incrédulos queiram expor esta questão, foi, sim, uma iniciativa santa de Deus que formou ao homem todo do pó da terra (Gn 2:7), o que inclui certamente os órgãos sexuais. Portanto, não pode haver nada de feio, vergonhoso ou pecaminoso naquilo que o próprio Deus fez, e considerou “muito bom” (Gn 1:31), desde que utilizado dentro de seu propósito.
E no estudo de hoje vamos compreender qual foi o propósito de Deus para a nossa sexualidade, e como, mesmo em um contexto de pecado e desvirtuamento do plano de Deus, podemos desfrutar deste presente de maneira pura e santa. Vida sexual ativa, no casamento, nunca foi incompatível com a santificação. Na verdade, pode ser um auxílio no conhecimento do caráter de Cristo e na blindagem de um casal contra as tentações do inimigo.
Neste estudo vamos analisar algumas orientações da Bíblia sobre como utilizar este presente maravilhoso de Deus de maneira que seja uma bênção, e não se torne em maldição.
Uma família blindada utilizará sua sexualidade para promover um crescimento da intimidade e conhecimento mútuos, e não para causar feridas e mágoas.
I. Sexualidade: origem na Criação, antes do pecado (Gn 1:27, 28; 2:24):
a. Diferenciação sexual foi iniciativa de Deus (v. 27): “Criou Deus, pois, ao homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” – Ele poderia ter nos criado como seres hermafroditas ou com a possibilidade da partogenese (capacidade de se reproduzir de forma
assexuada). Mas em Sua sabedoria, planejou a existência de diferenciação sexual: homem e mulher.
b. Existem apenas dois gêneros sexuais (v. 27): “... homem e mulher os criou” – Deus não criou uma ampla diversidade sexual, mas uma diferenciação sexual bastante limitada.
Este texto nos ensina também que:
i. Não há opção sexual – de acordo com a Bíblia, não existe opção sexual por parte do ser humano.
A opção sexual é uma escolha de Deus, feita por Ele muito antes de nascermos.
ii. Rejeitar a escolha de Deus é rebelião – Assim como Deus não nos pergunta se gostaríamos de nascer ou não, também não pergunta qual sexo gostaríamos de ter. Nascemos por uma escolha autônoma e amorosa de Deus, e, segundo ensina a Bíblia, rejeitar o nascimento, assim como o sexo, é rebelião contra o plano eterno de Deus para a vida.
iii. Orientação sexual – para o cristão, sua “orientação sexual” já está muito bem definida, e pode
ser encontrada na Bíblia.
iv. Experiências traumáticas não alteram a escolha de Deus – experiências como abuso homossexual
na infância, experiências homossexuais na adolescência, familiaridade com entretenimento ou ambiente que admite e exalta a homossexualidade, por exemplo, podem provocar confusão, sérias crises de identidade sexual e conflitos mentais bastante severos, mas não alteram o plano original de Deus para a sexualidade. Esta é mais uma razão para que pais protejam seus filhos deste tipo de experiências tão prejudiciais.
v. Impulsos contrários não justificam – a atração por pessoas do mesmo sexo está incluída em uma lista (1Co 6:9-11) entre outros impulsos pecaminosos que também devem ser confessados a Deus como pecado. Qualquer tendência fora do Seu plano deve ser submetida a Ele como um desvio de Seu plano original.
1. Mesmo o fato de alguém ter nascido com o impulso de roubar, ou de beber álcool, por exemplo, não o isenta dos prejuízos destas atividades. Por isso, estes impulsos, incluindo os homossexuais, devem ser confessados a Deus e deve ser pedido um novo coração (Ez 36:26). O mesmo deve acontecer com os impulsos homossexuais, quando existem.
2. Nosso coração é enganoso e por isso, nossos sentimentos nem sempre são dignos de confiança (Jr 17:9). Por isso, devem sempre ser avaliados pela Palavra de Deus (Is 8:20; Sl 119:105).
vi. Homossexuais devem ser respeitados – apesar de não concordarmos com suas escolhas, como cristãos, respeitamos e acolhemos homossexuais como criaturas amadas por Deus. Todas as atitudes homofóbicas (desrespeito, perseguição e maus tratos) são contrárias ao espírito de Cristo e devem ser combatidas. Mas não se deve confundir o direito de discordar educadamente e a pregação da pura Palavra de Deus, com intolerância, desrespeito e homofobia.
vii. Submissão e obediência: a submissão e a obediência ao plano de vida proposto por Deus, ainda que seja contrário aos impulsos pessoais, é algo que está sempre presente na vida de quem “nasceu de novo” ou recebeu um “coração novo” (Sl 37:5; Ez 36:26).
O caminho para o Céu é um caminho estreito, sempre envolve negação própria (inclusive de impulsos sexuais fora do plano de Deus) e tomar da cruz de Cristo (morte para o “eu”).
c. Deus abençoou o uso da sexualidade no casamento (v. 28): “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos...” – a relação sexual não foi uma descoberta casual do homem e mulher enquanto perambulavam a esmo pelo jardim. Na verdade, foi uma iniciativa divina, aconteceu sob sua orientação, e conta com sua bênção.
d. Deus ordena o uso (v. 28): “... Sede fecundos, multiplicai-vos...” – este texto apresenta não um conselho, mas uma ordem de Deus: ser fecundo e multiplicar-se, o que é impossível em uma relação homossexual.
i. A única maneira de obedecer a esta ordem de Deus é através da relação heterossexual.
ii. Quando há fecundidade, o casamento pressupõem multiplicação, e cumpre mais plenamente o plano de Deus quando há geração de filhos.
iii. Casais com filhos tendem a desenvolver traços de caráter mais semelhantes aos do Criador, que também gerou filhos e cuida deles com desvelo.e. Deve ser praticada apenas no casamento heterossexual
(Gn 2:24): “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” – como vimos no estudo sobre namoro, a relação sexual (“uma só carne” – 1 Co 6:16) deve ser praticada apenas depois do “e se une à sua mulher”, ou seja, do casamento com formação de uma aliança, ou compromisso vitalício.
f. Com base nestes textos (Gn 1:27, 28; 2:24), podemos concluir que uma sexualidade pura é a que acontece:
i. Entre duas pessoas adultas – que tenham a condição de “deixar pai e mãe” (e apenas duas pessoas!!).
Não deve ser praticado entre três ou mais pessoas, e nem praticado por apenas uma pessoa,
consigo mesma (masturbação). Isso exclui também a relação sexual com crianças, que não
têm condições de deixar pai e mãe (pedofilia) ou com animais (zoofilia – Lv 18:23, 24).
ii. Entre pessoas reais (não virtuais) – o texto utiliza a palavra “carne” (Gn 2:24). Isto quer dizer que a relação sexual pura, deve ser “carnal”, física, e nunca virtual. Qualquer tipo de sexualidade virtual
é pornografia, que busca apenas prazer, e não relacionamento, além disso, tende a isolar o indivíduo e aliená-lo de intercâmbios sociais saudáveis.
Para que uma relação sexual pura aconteça, precisa ser antecedida de um bom relacionamento, o que só é possível com a existência de perdão, misericórdia, bondade, amor, e outros traços de caráter que devem ser buscados em oração e nos tornam mais semelhantes a Deus.
Sexo sem relacionamento, ainda que seja carnal e dentro do casamento, não produz uma satisfação
plena, como foi planejada por Deus.
iii. Entre pessoas de sexo diferente – a ordem para serem fecundos (Gn 1:28) está ligada a “homem e mulher”, do verso anterior. E é claro, a fecundidade só é possível quando a relação é heterossexual.
iv. Com compromisso vitalício – “... se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. Uma só carne, a relação sexual, deve vir após a formação do compromisso (“se une”). Uma só carne não pode ser separada sem que uma parte ou ambas morram.
v. Limitada à funcionalidade dos órgãos sexuais – tudo o que Deus criou, tem propósito, e isto também se aplica ao corpo humano. Na relação sexual pura, sempre são respeitados os propósitos divinos ao criar cada parte do corpo.
Olhos foram feitos para olhar, pés para caminhar, ouvidos para ouvir, nariz para cheirar, e mãos para tocar. Ninguém vai muito longe se tenta caminhar com as mãos ou se procura descobrir o caminho com o nariz... Assim também, o sexo puro utilizará os órgãos criados por Deus especificamente para este propósito.
II. Sexo: uma celebração de alegria e amor (Pv 5:18, 19; Fp 2:4; Gn 2:25): de acordo com a Bíblia, a relação sexual deve ser praticada não apenas para gerar filhos, mas para produzir satisfação, alegria, prazer, bênção, unidade, amor, e para celebrar celebração e fortalecer o compromisso vitalício.
a. Alegria e bênção (Pv 5:18, 19): “Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores, e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias”.
i. A Inspiração aqui fala de alegria e embriaguez, significando “prazer”.
ii. O Deus Criador do universo nunca foi contra o sexo por puro prazer, antes ordena que seja praticado por um casal cristão em “todo o tempo” e “sempre”.
b. Altruísmo e satisfação (Fp 2:4): “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” – este texto é muito importante para o casal cristão que busca uma apropriada harmonia sexual.
i. “Ter em vista o que é meu”, neste caso é egoísmo, que é satânico, é considerado por Deus como sendo “a essência da depravação” (MCP1 30.3) e o oposto do amor (MCP2 606.3).
ii. Assim, o amor verdadeiro, puro e santo, deve levar cada um a buscar em primeiro lugar o
prazer e a satisfação do outro.
iii. Relação sexual em que existe uma fixação pelo próprio prazer é sempre egoística, portanto será
pecaminosa, impura, e desenvolve traços satânicos de caráter, ainda que seja praticada dentro
do casamento.
iv. Sexo praticado com amor verdadeiro (buscando em primeiro lugar a satisfação do cônjuge) coopera
no desenvolvimento de traços divinos de caráter como abnegação e altruísmo, por exemplo.
c. Paz e segurança (Gn 2:25): “Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam” –
i. Vergonha ou temor são sentimentos relacionados, e tem sua origem em Satanás. O reino de Deus é um lugar de paz e segurança completas.
Para que haja este clima de perfeita segurança e paz durante uma relação sexual no casamento, é preciso que o casal construa um ambiente completamente isento de qualquer tipo de violência, exigências, críticas, zombarias, ameaças ou chantagens.
ii. Criticar ou zombar do corpo do cônjuge ou fazer troça de seu “desempenho” durante a relação
sexual, por exemplo, certamente trará consequências desastrosas para a vida sexual do casal, fazendo com que o outro envergonhe-se ou tema, procurando evitar uma próxima experiência.
iii. Um ambiente repleto de críticas, mesmo que não necessariamente ligadas à sexualidade, excluirão do relacionamento o clima de paz e segurança que Deus planejou, e que faz parte do “clima” essencial para uma sexualidade saudável.
Críticas ao desempenho profissional, críticas a uma eventual perda de virgindade no passado, por exemplo, mesmo que aconteçam em outros momentos, afetarão negativamente o momento da relação sexual. Para que o casal desfrute de tudo aquilo que o Senhor planejou, é necessário haver um clima de completo perdão, amor e aceitação.
iv. O livro de Cantares nos revela que dentro do plano de Deus, os elogios mútuos, em todos os momentos da vida do casal, operam como uma ferramenta indispensável no preparo e na prática da relação sexual. Somente os elogios é que trarão o clima de paz e segurança planejados por Deus.
III. Deus ordena e normatiza a prática (1Co 7:3-5):
a. Um dever (v. 3): “O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa ao seu marido”.
i. O texto refere-se claramente à relação sexual como sendo algo “devido”, ou seja, um “dever” de ambas as partes.
ii. Isto quer dizer que privar-se da relação sexual, ou negar-se a manter relação sexual no casamento, é
falhar com este dever inerente ao casamento.
b. O corpo de ambos pertence ao cônjuge (v. 4): “A mulher não tem poder sobre o próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente o marido..., e sim a mulher” – no casamento precisa haver certa perda da individualidade, em troca de um tremendo ganho em intimidade.
c. Condições para haver privação de sexo (v. 5): “Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente vos ajuntardes...” – de acordo com a ordem de Deus, se um casal deseja abster-se de relação sexual, a não ser que seja por algum impedimento físico, todas as condições abaixo necessitam ser satisfeitas:
i. Que seja por mútuo consentimento – os dois precisam concordar.
ii. Que seja por algum tempo – deve haver claro limite de tempo para a privação.
iii. Para dedicar-se à oração – assim como o ato de alimentar-se não é incompatível com a oração,
também a relação sexual não o é.
No entanto, algumas pessoas poderão desejar privar-se de um ou outro para concentrar-se em uma busca mais intensa por Deus.
iv. Ajuntar-se novamente em seguida – qualquer interrupção da atividade sexual deve ser claramente limitada quanto ao tempo. Deus considera a relação sexual como sendo algo tão importante para o todo da relação, que faz questão de ordenar sua retomada logo após qualquer interrupção.
d. Sensualidade – causa de tentação (v. 5): “Não vos priveis um ao outro... para que Satanás não vos tente por causa da incontinência”.
i. Incontinência, neste caso, é “falta de domínio próprio” ou “sensualidade”. Subentendida está a ideia de sensualidade inapropriada, intemperante, egoísta (consigo próprio) ou dirigida a outra pessoa.
ii. A privação da relação sexual pode ser usada por Satanás para enfraquecer a intimidade de um casal, criar ressentimentos, e tentar a um ou ambos para o pecado.
iii. Privação da relação sexual pode ser uma causa de tentação, mas nunca será aceita por Deus como uma justificativa para o pecado.
iv. Quaisquer pecados, inclusive os sexuais, sempre serão resultado de uma decisão pessoal.
Ninguém poderá, no dia do juízo culpar ao cônjuge ou a outros por seus próprios pecados (Rm 14:12).
CONCLUSÃO:
Nossa sexualidade e a diferenciação sexual com apenas dois gêneros, foi criação de Deus antes da entrada do pecado. A relação sexual foi ordenada por Ele para o casal unido pela aliança vitalícia do casamento, e serve, entre outras coisas, para desenvolver intimidade do casal, produzir prazer, gerar filhos e levar a uma compreensão maior do caráter amoroso de Deus.
Seguir estas orientações da Bíblia e buscar conhecer cada vez mais a vontade de Deus quanto à sexualidade, blindará o casal contra vários perigos que ameaçam o relacionamento matrimonial.
Sermão extraido do sermonário da Família 2013
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