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Hélio Pariz
E, de preferência, seja crente de verdade.
O mundo
“evangélico” brasileiro está em polvorosa desde a última sexta-feira,
preocupado que está com o que a TV Globo pensa deles.
Por
“evangélicos”, entre aspas, entenda as pessoas que se dizem (ou se
acham) cristãs e cuja regra de vida e conduta não é mais a Bíblia, mas a
opinião da mídia sobre eles e a visão de mundo que seus líderes,
“pastores” e “apóstolos” lhes ensinam.
É que, na
exibição do último capítulo da novela “Salve Jorge”, a personagem Wanda,
encarnada pela atriz Totia Meirelles, antes uma facínora inveterada, se
converte e vira “evangélica” na prisão.
A “conversão”
de Wanda foi recebida como um tapa na cara nos “evangélicos”, desferido
pela autora da novela, Glória Perez, como vingança pelo boicote de
audiência que sofreu daqueles pelo alegado título católico-umbandista da
obra, “Salve Jorge”.
A novelista
estaria, ainda, se vingando sarcasticamente do fato de Guilherme de
Pádua e Paula Thomaz, assassinos de sua filha Daniella Perez em 1992,
terem também supostamente se convertido a evangélicos na prisão.
No final de "Salve Jorge", Glória Perez teria, portanto, matado dois coelhos com uma cajadada só.
Longe de
avaliar as qualidades artísticas de quem quer que seja, já que o que
espanta é que alguém ainda se preocupe em ver novelas, futebol e Formula
1 no país, é no mínimo curioso notar que alguns grupos “evangélicos” se
pautem desesperadamente pelo que os outros dizem deles.
Em sua fase
áurea, a igreja cristã nasceu, cresceu e se desenvolveu num meio que lhe
era francamente hostil, sem nunca se preocupar com o que os parcos
meios de comunicação e entretenimento da época pensavam deles.
Pelo contrário,
em muitas oportunidades os cristãos foram queimados e devorados pelos
leões como parte dos espetáculos circenses que se desenrolavam no
Coliseu e nas arenas de todo o Império Romano.
O “evangélico”
brasileiro do século XXI, entretanto, perde o sono porque uma novela da
Globo - oh, céus! - mostrou o que é corriqueiramente aceito sem nenhum
questionamento pelo país afora: as “conversões” repentinas de muitos
criminosos sanguinários e contumazes na prisão.
Contraditoriamente,
portanto, esse “evangélico” se ofende pelo fato da novela que tanto
combateu mostrar algo que ele não só aceita como incentiva e apresenta
como trunfo (ou troféu de guerra) de sua pregação: a recuperação de um
criminoso sanguinolento.
É um tanto
quanto constrangedora a indignação dos “evangélicos”ao ver uma
“inimiga”como Glória Perez utilizar uma personagem fictícia para
questionar o oportunismo de uma “conversão”.
Das duas uma:
ou o seu discurso antinovela e a pregação (e exposição) legitimadora das
conversões penitenciárias é só fachada, ou eles realmente consideram
cínico e hipócrita um criminoso se aproveitar da boa fé dos outros para
dizer que – automática e instantaneamente – se regeneraram.
Além disso, por
mais audiência e poder real que a Globo tenha, qual é a importância de
saber o que ela pensa sobre os evangélicos em geral?
O cristianismo,
em sua gênese, nunca precisou da legitimação do poder e da precária
“mídia” que existia na época para crescer e se firmar.
Pelo contrário,
perdeu a sua força e a sua essência de pureza e verdade quando foi de
certa forma absorvido por eles e se institucionalizou.
Logo, o que a
indignação desses “evangélicos” revela é que a sua luta é pelo poder, a
sua disputa é ideológica e os seus objetivos são tão mundanos como uma
briga por audiência na TV.
Tão mundanos
que, conforme já observamos aqui, a própria Globo tem buscado diferentes
e inusitadas maneiras de atender as necessidades supostamente
“espirituais” de seu público gospel.
Tivessem os
“evangélicos” alguma aspiração ou inspiração espiritual, nem perderiam
seu tempo se preocupando com o que é que a Globo pensa deles.
A continuarem agindo assim, apenas descerão mais rápido ao inferno anunciado da sua irrelevância total. E sem ibope.
O antídoto para
essa queda aparentemente irreversível? Fácil: ore mais, leia mais a
Bíblia, pregue mais o evangelho, ame e sirva o seu próximo e o seu
irmão, e veja menos TV.
Preocupe-se mais com a opinião que Deus tem a seu respeito e da igreja onde você congrega. Simples assim...
Hélio Pariz é colaborador do Genizah e escreve no Contorno da Sombra
Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2013/05/paranoia-gospel-evangelicos-preocupados.html#ixzz2Tt2RhiRh
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