Devido à polêmica deste assunto, o objetivo deste
artigo é responder às seguintes perguntas: a percussão era usada no
templo do Antigo Testamento? A Bíblia e o Espírito de Profecia proíbem o
uso de percussão? Qual a posição oficial da Igreja Adventista do Sétimo
Dia a respeito da bateria?
Definição: A bateria pode ser definida como “os
instrumentos de percussão de uma banda de música ou de uma orquestra” (
Dicionário Brasileiro Globo, 50ª. ed. ). Em outras palavras, bateria ou
percussão se referem aos vários instrumentos que marcam o ritmo ou
andamento musical, com timbres, tons e formas variadas. Uma bateria pode
ser muito bem ilustrada pelos instrumentos de uma fanfarra. Exemplos de
instrumentos de percussão: bumbo, caixa, pratos (címbalo), etc.
A Bateria no Templo do Antigo Testamento
Em
II Crônicas 29:25 (ver também I Crônicas 25) temos a
seguinte descrição dos instrumentos do templo: “Também estabeleceu os
levitas na Casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas, segundo o
mandado de Davi...”
Alaúde e harpa são instrumentos de corda, todavia,
címbalo é um instrumento de percussão, segundo o Dicionário Bíblico
Adventista, pág. 254 . Note a descrição deste instrumento: “Dois tipos de
címbalos têm sido achados pelos arqueólogos. Um destes tipos consiste em
dois pratos achatados, feitos de metal, que eram batidos um no outro de
forma ritmada; o outro tipo consiste em duas espécies de conchas, batida
uma na outra” (R. N. Champlin, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia, vol. 4. Pág.426).
Hoje os címbalos são usados na bateria convencional
como ximbal (pratos sobrepostos) e pratos de vários timbres e formas.
Em Salmos 150 temos o convite ao louvor e adoração a
Deus com vários tipos de instrumentos: “Louvai-O ao som da trombeta;
louvai-O com saltério e com harpa. Louvai-O com adufes e danças; louvai-O
com instrumentos de cordas e com flautas. Louvai-O com címbalos sonoros;
louvai-O com címbalos retumbantes” (versos 3 a 5).
Podemos concluir que havia instrumentos de percussão
que eram usados na música do templo, escolhido por orientação divina para
o louvor e adoração.
A Bíblia ou Espírito de Profecia Proíbem a Bateria
Como notamos a Bíblia não proíbe o uso de bateria, pois
no templo, havia instrumentos de percussão.
Sobre instrumentos musicais, E. G. White, inspirada por
Deus, escreveu: “Nas reuniões realizadas, escolha-se um grupo de pessoas
para tomar parte no serviço de canto. E seja este acompanhado por
instrumentos de música habilmente tocados. Não devemos opor ao uso de
instrumentos musicais em nossa obra. Esta parte do serviço deve ser
cuidadosamente dirigida; pois é o louvor de Deus em cântico” (
Testimonies, vol. 9, págs. 143 e 144; citado no Manual da Igreja, edição
revisada em 2000, pág. 72).
Uma vez que não há nenhum texto no Espírito de Profecia
que condene o uso de bateria ou percussão como instrumento a ser usado no
louvor (ou qualquer outro instrumento) pode-se afirmar o seguinte: a
ênfase não é qual o instrumento a ser usado, mas como ele é usado. A
recomendação é ser habilmente tocado, e é claro, nos princípios bíblicos.
O Espírito de Profecia nos fornece ampla informação
concernente à música de louvor e adoração, com princípios inspirados
tanto para o canto como para o tipo de música a ser ouvida e executada,
mas não proíbe o uso de percussão.
Posição Oficial da IASD
A Igreja Adventista, para os que consideram a igreja
remanescente, é dirigida por Deus, não por homens. É a igreja militante
que vai vencer na graça de Jesus.
O Espírito de Profecia nos revela qual deve ser nossa
atitude em relação à organização da nossa igreja: “Mas quando numa
assembléia geral, é exercido o juízo dos irmãos reunidos de todas as
partes do campo, independência e juízo particulares não devem ser
mantidos, mas renunciados. Nunca deve um obreiro considerar virtude a
persistente conservação de sua atitude de independência, contrariamente à
decisão do corpo geral. Deus ordenou que os representantes de Sua igreja
de todas as partes da Terra, quando reunidos numa Associação Geral, devam
ter autoridade” ( Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 408).
Sendo assim, qual é a posição oficial da igreja
resolvida em
Associação Geral ? A resposta está em um documento que
foi publicado na Revista Adventista, agosto de 2005, págs. 12 a 16. Neste documento
temos os princípios bíblicos e do Espírito de Profecia resumidos e bem
explicados. Sobre o uso de bateria, depois de estudá-lo, podemos concluir
o seguinte: a igreja não proíbe seu uso, mas devemos ter cuidado ao
usá-la, para que não tome o lugar da mensagem. A melodia deve estar em
maior evidência do que o acompanhamento, para que a letra da música possa
ser claramente compreendida e a mensagem propagada. Isso vale para todos
os demais instrumentos musicais de acompanhamento.
Cuidado com as Críticas
Deus não nos colocou como juiz dos nossos irmãos, por
isso devemos ter cuidado ao condená-los pelo uso de esse ou aquele
instrumento.
Não devemos abrir mão dos princípios bíblicos e do
Espírito de Profecia a respeito da música, mas devemos respeitar os
diferentes gostos e elementos culturais.
Nossa igreja tem órgãos oficiais que divulgam a música,
como a Voz da Profecia. Quando criticamos estes órgãos, estamos lutando
contra nossa própria obra. Cabe a Deus o direito de julgar, e o nosso de
respeitar a igreja e seus líderes.
É muito mais fácil deixar a responsabilidade para a
instituição da igreja do que tentar levá-la sobre si. A igreja respeita
suas convicções pessoais e gostos, por isso, respeite a igreja de Deus.
Naquilo que ela ou seus líderes errarem, Deus fará Seu juízo.
Conclusão
Havia instrumentos de percussão ou bateria entre os
instrumentos escolhidos para o templo do Antigo Testamento, mostrando que
Deus não se opunha ao seu uso no serviço de adoração e louvor. A Bíblia e
o Espírito de Profecia não proíbem o uso de instrumentos de percussão,
mas recomenda princípios em que eles devam ser usados e executados. A
posição oficial da igreja é o uso equilibrado e cuidadoso de todos os
instrumentos (incluindo a bateria), seguindo os princípios inspirados,
mas não proíbe o uso de nenhum deles.
Como cristãos devemos ser cuidadosos tanto ao escolher
nossa música para louvor, adoração e outros fins, e também para não
sermos críticos e emitir condenação deliberadamente, mas respeitar nossa
igreja e suas recomendações
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