Dr. José Carlos Ramos
Tema 09
A Palavra de Deus
Não falhará
José Carlos Ramos
Março de 2013
Um
dos pontos que tornam fascinante o estudo das profecias bíblicas é o
seu fiel cumprimento histórico. Tal fato não apenas fascina, mas resulta
em fé e na segurança de que o propósito de Deus para com a humanidade
segue sendo cumprido e de que logo a presença do pecado e do mal neste
mundo será assunto do passado: “Disse-vos agora, antes que aconteça,
para que, quando acontecer, vós creiais” (Jo 14:29).
As
profecias já cumpridas são um claro testemunho de que aquelas que ainda
não se cumpriram também o serão, pois todas foram anunciada por Deus.
No passado, quando os judeus começaram a ter dúvidas quanto à direção de
Deus nos assuntos da Terra e ao cumprimento de Seus propósitos, Ele
apontou para as profecias cumpridas como evidência de Sua fidelidade, e
apelou para que Seu povo não esmorecesse em confiar nEle. Deveriam
observar também as coisas que ainda ocorreriam: “Trazei e anunciai-nos
as coisas que hão de acontecer; relatai-nos as profecias anteriores,
para que atentemos para elas e saibamos se se cumpriram; ou fazei-nos
ouvir as coisas futuras... Eis que as primeiras predições já se
cumpriram e novas coisas eu vos anuncio; e, antes que sucedam, eu vo-las
farei ouvir.” (Isa 41:23; 42:9).
Babilônia, Jóia dos Reinos
Entre
as profecias do Velho Testamento que alcançaram notável cumprimento,
estão aquelas que se referem a Babilônia, capital do império que teve
esse nome. Era uma das mais importantes cidades da antiga Mesopotâmia e
famosa por seus jardins suspensos, uma das 7 maravilhas do mundo antigo.
A
cidade data dos tempos de Ninrode (Gn 10:10) e anos mais tarde, no
governo de Hamurabi, já era um poderoso centro administrativo. O auge de
sua grandeza foi atingido no tempo de Nabucodonosor, 600 anos antes da
era cristã. Ele a transformou numa das mais belas cidades da época,
remodelando-a com a construção de diversos edifícios, inclusive o novo
palácio de seu governo e residência, ao norte do antigo, e ladeado de
terraços, onde, se crê, estavam os jardins suspensos. Nabucodonosor
ornamentou a cidade com diversos pórticos, e abriu largas avenidas, que
lhe deram um brilho incomparável.
Banhada pelas águas do rio Eufrates, e suntuosamente construída, ela foi chamada
pelo profeta Isaías “a jóia dos reinos” (Is 13:19). Seu conjunto duplo
de muralhas, seus portais de bronze, seus jardins, hortas e pastagens
mantidos por eficiente sistema de irrigação, mais outros recursos,
deram-lhe um senso de segurança e permanência não rivalizadas por nenhum
outro grande centro do passado. Em seu orgulho, ela ostentava sua
autoconfiança dizendo: “Eu só, e além de mim não há outra; não ficarei
viúva, nem conhecerei a perda de filhos” (Is 47:8). Entretanto,
exatamente no contexto de sua presunção, a profecia declarou: “Mas ambas
estas coisas virão sobre ti num momento e no mesmo dia, perda de filhos
e viuvez” (v. 9). Os profetas previram que Babilônia passaria para
sempre. Observemos o que foi predito e como tudo se cumpriu.
Tal como Sodoma e Gomorra
“Babilônia,
a jóia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e
Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca jamais será habitada, ninguém
morará nela de geração em geração; o árabe não armará ali a sua tenda,
nem tão pouco os pastores farão ali deitar os seus rebanhos. Porém nela
as feras do deserto repousarão, e as suas casas se encherão de corujas;
ali habitarão as avestruzes, e os sátiros pularão ali. As hienas uivarão
nos seus castelos, os chacais nos seus palácios de prazer; está prestes
a chegar o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão” (Is 13:19-22).
A derrocada do império babilônico começou em 539 a.C. quando Ciro, rei da Pérsia, invadiu Babilônia. A cidade, todavia, não foi destruída. Xerxes, também da Pérsia,
destruiu seus palácios e templos em 480 a.C. Mais tarde Alexandre
tentou restaurá-la e transformá-la na capital de seu império, mas morreu
antes de concretizar seu intento. A partir daí a cidade foi se tornando
cada vez mais desabitada até que por volta do nascimento de Cristo já
era um grande montão de ruínas e um canteiro de tijolos.
Dizem
que os beduínos vivem nas proximidades de Babilônia, mas se negam a
permanecer nela. Acompanham arqueólogos às ruínas, mas não passam a
noite ali. Há entre eles uma crendice de que se alguém dormir nas ruínas
se transformará num vampiro. Há algum tempo, Sadan Hussein, governante
do Iraque, anunciou um trabalho de restauração em Babilônia, para
transformá-la num polo de atração turística; mas veio a morrer sem
concretizar seu intento. A profecia, de fato, jamais poderá ser
contrariada, pois ela já alcançou o seu cumprimento.
A Queda de Babilônia Cumprida
em Seus Detalhes
Daniel
5 narra a tomada de Babilônia por Ciro, rei da Pérsia. Este relato,
secundado com informações da história secular, demonstra que as
profecias que previram a queda da antiga Babilônia foram cumpridas em
seus detalhes. Eis alguns deles:
1. A cidade seria conquistada
a. pelos medos - Isa 21:2; Jer 51:11, 28
A História identifica o império conquistador de Babilônia como constituído de duas nações: a Média e a Pérsia
b. por poderes do norte e do oriente - Isa. 41:2, 25; Jer. 50:3; 51:43
Estes povos procederam do norte e do oriente da Palestina, a terra dos judeus.
c. por Ciro - Isa 44:28.
Isaías,
que viveu uns 200 anos antes da queda de Babilônia, previu que o
o conquistador se chamaria Ciro. A
Bíblia e a História confirmam esse fato.
2. Uma noite de prazer transformar-se-ia numa noite de terror - Is 21:4, 5; Jr 51:39,
57. Para se constatar que essa predição foi fielmente cumprida basta
uma leitura de Daniel 5. O historiador Xenofonte confirma que estava
sendo celebrada uma grande festa em Babilônia quando esta foi
conquistada; nela “os babilônicos bebiam e se divertiam a noite
inteira.” (On the Instituition of Cyrus, livro VII, cap. V)
3. O Eufrates teria o volume de água diminuído; o vau do rio seria ocupado -
Is 44:27; Jr 50:38; 51:32. Os historiadores clássicos, particularmente
Heródoto, relatam que o Eufrates foi desviado do seu curso para que
finalmente Babilônia fosse conquistada.
4. Os portões se abririam para Ciro -
Is 45:1. Desviado o Eufrates de seu curso, soldados de Ciro entraram na
cidade através do leito seco e abriram os seus portões para a entrada
de Ciro.
5. Mensageiros correriam para anunciar ao rei de Babilônia que esta havia sido invadida
- Jr 51:31. Xenofonte relata que soldados de Ciro chegaram até o
palácio do rei de Babilônia e encontraram os portões fechados, e
guarnecidos com sentinelas que foram, de imediato, mortas. Isso provocou
um distúrbio que o rei de Babilônia, dentro do palácio, notou, e mandou
averiguar o que estava acontecendo. Com isto os portões do palácio
foram abertos, e os invasores penetraram encontrando o rei com sua
espada desembainhada, o que indica que havia, momentos antes, sido
avisado da invasão.
6. Os soldados de Babilônia estariam sem condições de lutar. A cidade seria tomada sem guerra - Jr 50:24; 51:30. Esse fato também é confirmado pelos historiadores clássicos. Um documento arqueológico, conhecido como A Crônica de Nabonido, também afirma que Ciro entrou em Babilônia sem batalha alguma.
Conclusão
Não
há dúvida que as profecias bíblicas, salvo se dadas condicionalmente,
encontram fiel cumprimento. As profecias já cumpridas reforçam esta
certeza; a Palavra de Deus não falhará: “Passará o céu e a terra, porém,
as minhas palavras não passarão” (Mt 24:35).
Entre
aqueles que almejam o estabelecimento final do Reino de Deus na Terra
haverá um constante interesse pelo estudo das profecias acompanhado de
uma atenta observação dos acontecimentos do dia a dia, a verem como elas
se cumprem e como se aproxima cada vez mais a redenção final. As
diferentes situações que caracterizam o complexo panorama atual dos
afazeres humanos são vistos pelos estudiosos da Bíblia como claros
indícios da proximidade do maior acontecimento de todos os tempos: a
volta de Jesus nas nuvens do céu, com poder e grande glória.
O
aumento assustador da violência e da imoralidade, o franco atentado aos
mais elementares direitos humanos, o crescente consumo de drogas, a
falta de segurança nos pequenos e grandes centros, as tensões
internacionais geradoras de desentendimentos e conflitos (em que pesem
as propostas de paz), a instabilidade econômica, os crimes ecológicos,
os milhões que anualmente perecem de fome e inanição, o surto de
enfermidades fatais como a AIDS, o aumento de fenômenos naturais
destruidores, como terremotos, secas, inundações, etc., a multiplicidade
de problemas sociais aparentemente sem solução, e circunstâncias outras
que provocam, junto com as anteriores, um sentimento generalizado de
temor e angústia, são tidos como cumprimento de profecias que apontam os
nossos dias como os últimos da História.
Preparemo-nos “porque ainda dentro de pouco tempo Aquele que vem virá, e não tardará” (Hb 10:37).O Dr. José Carlos Ramos é Professor de teologia na UNASP Universidade Adventista em São Paulo, CAMPUS Engenheiro Coelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário