IASD - Central de Palmas
Primeiro encontro dos pioneiros
Dia 21 de abril 2013
Breve histórico da Igreja Central
Pastor
Manoel Barbosa da Silva
O Chamado
Em 1989 em Morava em Brasília e havia acabado
de realizar junto com o evangelista do campo, Pr. Ercides Inácio de Oliveira,
uma grande série de conferências na cidade satélite de Ceilândia Norte. Para
minha surpresa, chegou uma carta da mesa diretiva do campo informando que
haviam me nomeado o pastor distrital da cidade de Guaraí, no recém-criado Estado do Tocantins e minha missão seria fundar a Igreja da nova capital.
Miracema era a capital provisória do
Tocantins. As noticias que se tinham de lá era que ali fervilhava de gente. Do
Brasil inteiro chegavam imigrantes em busca de melhoria de vida e no afam de
crescer junto com o novo Estado e a nova capital.
Meu desejo, ao ser nomeado pastor distrital,
era mudar imediatamente para meu novo distrito e começar logo meu trabalho.
Mas por ordem do presidente teria que aguardar até fevereiro. Nesse tempo teria
que continuar as conferências, pois o pastor Ercides não poderia devido às
atividades de fim de ano no escritório. Eu também teria que aguardar o
distrital, pastor Miguel Leão, voltar das férias.
Foram dois meses de ansiedade. Sonhava
com minhas igrejas que não conhecia. Fazia planos, estudava e me preparava
para assumir minha nova atividade e os dias pareciam que não passavam. As
cidades onde eu iria trabalhar eu já as conhecia, pois já havia passado por
quase todas quando colportava na região. Agora, doze anos depois, estaria de
volta a aquelas cidades não mais como colportor, mas como o pastor distrital.
Felizmente o dia chegou. No começo de
fevereiro de 1990 viajei para Guaraí. Iria alugar uma casa e em seguida levar a
mudança. Só uma coisa me preocupava: se minha missão
era fortalecer a Igreja de Miracema - a capital provisória, e fundar uma Igreja
na nova capital - Palmas; por quê eu teria que morar em Guaraí, que ficava a
duzentos quilômetros da nova capital? Mas era essa a ordem que recebi, era assim que estava no voto: “Votado
fundar um novo distrito em Tocantins com sede em Guaraí”. Pôr este motivo
comprei passagem para a cidade de
Guaraí.
Na viagem fiz um voto com Deus, como Gideão fez antes de sair à guerra. Se Deus quisesse que eu morasse em Guaraí, o sinal seria alugar uma casa no primeiro dia de procura. Se fosse em Miracema, a mesma coisa, que logo no primeiro dia pudesse encontrar uma casa. Encontrar casa em Miracema era muito difícil. Com a imigração, não se encontrava nem barraco, muita gente aproveitava a chegada dos forasteiros e para ganhar um dinheirinho extra, dividia a própria casa e alugava uma parte. Qualquer quartinho era alugado por um preço exorbitante e muitos imigrantes davam graças a Deus quando encontravam alguma coisa. Já nas cidades em volta era mais fácil alugar, pois muitos estavam emigrando para Miracema em busca de emprego, e deixavam as casas vazias.
Na viagem fiz um voto com Deus, como Gideão fez antes de sair à guerra. Se Deus quisesse que eu morasse em Guaraí, o sinal seria alugar uma casa no primeiro dia de procura. Se fosse em Miracema, a mesma coisa, que logo no primeiro dia pudesse encontrar uma casa. Encontrar casa em Miracema era muito difícil. Com a imigração, não se encontrava nem barraco, muita gente aproveitava a chegada dos forasteiros e para ganhar um dinheirinho extra, dividia a própria casa e alugava uma parte. Qualquer quartinho era alugado por um preço exorbitante e muitos imigrantes davam graças a Deus quando encontravam alguma coisa. Já nas cidades em volta era mais fácil alugar, pois muitos estavam emigrando para Miracema em busca de emprego, e deixavam as casas vazias.
Fiquei dois dias em Guaraí. Juntamente com o
irmão Geraldo, andamos toda a cidade e não encontrei nenhuma casa. Passei o sábado ali com os irmãos, foi um dia alegre, era o meu primeiro dia de
distrital e fui muito bem recebido. No domingo viajei para Miracema.
Eu não conhecia pessoa alguma em Miracema, e como cheguei cedo, procurei descobrir onde ficava a Igreja. Não foi difícil
encontra-la, pois a Igreja fica em uma avenida muito conhecida, Avenida 25 de Agosto, bem em frente ao fórum, ao lado da Caixa Econômica Federal. Era uma construção pequena, muito
simples e já um tanto gasta. A pintura já estava bem velha, dava sinais de ter
pelo menos cinco anos ou mais. Não tinha forro, nem batistério, nem salas para as crianças, nem qualquer outra dependência. Porém o
lote era bem grande, e a construção era simpática e acolhedora. Com um pouco
de tinta e imaginação, ficaria uma Igreja bem bonita.
À noite encontrei poucos
membros reunidos no local. Dois senhores estavam conversando na calçada, cumprimentei-os
e entrei. Dentro havia uns vinte e poucos
assentados. Alguns liam a Bíblia e outros falavam baixinho, mas ninguém
cantava. Alguns demonstravam impaciência, pois já era quase oito horas e nada
acontecia.
Saí e fui conversar com os senhores que
estavam na calçada, como na hora em que os cumprimentei, eles não me
perguntaram quem eu era, nem de onde eu vinha, nada disso lhes falei. Agora, me
aproximei e lhes perguntei por que o culto não começava, e me responderam que o
pregador do dia estava atrasado e eles estavam sem substituto. Ofereci-me para
pregar, e eles meio desconfiados, perguntaram quem eu era e de onde vinha, foi
aí que me apresentei como o novo pastor daquela Igreja.
Foi uma alegria. Os dois logo foram à frente e anunciaram a novidade. Pude sentir a alegria de todos aqueles irmãos, cada um
queria me abraçar e desejar boas vindas, parecia que nós já nos conhecíamos há
muito tempo e que eu era um amigo que estava voltando para casa. Como me senti feliz! Foi meu primeiro dia em Miracema.
Os irmãos que me receberam à porta eram o irmão Adersom - proprietário de uma
cerâmica na cidade e o irmão Antônio Carneiro - coronel da aeronáutica e que era
na cidade o diretor financeiro de uma secretaria do Estado, a Mineratins.
No outro dia cedo o Erotides, um irmão muito
dedicado e que era o diretor missionário da Igreja, foi bem cedo me procurar no
hotel e anunciar que já havia encontrado uma casa disponível para alugar e
gostaria que fosse ver a casa. Senti que Deus estava respondendo minha oração. Fui, gostei da casa e a aluguei. Assim, sem nem mesmo falar com o Presidente
da Associação mudei a sede do distrito de Guaraí para a cidade de Miracema.
No mesmo dia voltei a Brasília buscar minha
mudança. Mas não pude levar a família, pois minha esposa estava grávida de
minha filha caçula, a Érica, e não seria prudente deixar Brasília onde tinha
bons hospitais, e levá-la a uma cidade onde não havia atendimento médico
adequado. Naquela época, se dizia que os melhores hospitais do Tocantins eram o
aeroporto ou a rodoviária, quem não quisesse morrer que procurasse um dos dois.
Hoje o Tocantins tem uma rede de hospitais excelente.
Assim tive que levar a mudança e deixar minha
esposa na casa dos parentes dela, tia Lurdes e tio Jair. Como sou grato pôr
esse casal que cuidou de minha esposa e minha filha como se fossem filhas deles.
Meus sogros moravam no interior de Goiás e por isto não tinham como cuidar da Lucília.
Passei uma semana montando os móveis e
cuidando da casa. Sozinho não era fácil, já que é a esposa que sempre sabe onde
por cada coisa no lugar, mas mesmo assim arrumei como pude e fui tratar de visitar o distrito. Fiz poucas visitas, pois tive
que voltar a Brasília; minha filha iria nascer e eu teria que estar ao lado da
mãe. Nasceu no dia vinte de março, de 1990. Nasceu forte e saudável, o parto
foi uma cesariana, pois a mãe nunca teve dores nem dilatação, o mesmo aconteceu
com o primeiro parto. Ambos foram cesarianos.
Com dezenove dias de nascida tivemos que
viajar para o distrito. Era uma viagem perigosa, pois não tínhamos carro, e
viajamos de ônibus. As estradas eram péssimas, em um trecho de 200 quilômetros,
entre Porangatu e Gurupi gastava-se seis horas, ou mais. O ônibus sacolejava
muito por causa dos buracos e o meu medo era que a cirurgia da Lucília viesse a
inflamar, pois ainda era recente. Mas felizmente tudo correu bem e chegamos com
saúde.
O Distrito
O Distrito de Miracema era formado pelas
seguintes congregações: Miracema, Miranorte, Guaraí, Colmeia, Pedro
Afonso, Barrolandia, Araguacema, Colinas e Pau D’arco. Entre estas, só havia
uma igreja organizada, em Colmeia. As demais eram grupos pequenos. Porém a extensão
do meu distrito era muito grande, fazia divisa a leste com os estado do Maranhão
e Piauí, e a oeste com o estado do Pará. Em linha reta, meu distrito abrangia 700 quilômetros.
Palmas
O desafio maior, no entanto, era conseguir
terrenos e começar uma nova congregação em Palmas. Depois de ter visitado Colmeia, Miranorte e mais uma vez Guaraí, fui visitar a nova capital. Fui com o
irmão Benedito Teixeira, que era comerciante em Taquaralto, bairro da nova
capital.
Foi amor à primeira vista. O que vi ali me deixou
entusiasmado. Não é muito difícil descrever Palmas no início. Era um grande
canteiro de obras. Uma nuvem de poeira pairava no ar constantemente e havia o
insistente barulho de máquinas e caminhões carregados de terra, pedras, areia,
cimento, madeira e vários outros materiais de construção misturados com os
carros pequenos e pedestres. Todos juntos, faziam da cidade uma Babilônia dos
tempos modernos, alegre e esperançosa. Ali todos sonhavam, todos
acreditavam em um futuro próspero e promissor. Foi no dia quatro de abril de 1990, sexta
feira, que entrei em Palmas pela primeira vez. Fui direto a Taquaralto onde
morava o irmão Benedito.
Taquaralto
Taquaralto era a cidade dormitório de Palmas,
onde moravam os trabalhadores da construção da cidade. A visão de Taquaralto
era incrível; um mar de lona preta espalhada entre as arvores retorcidas do
cerrado. Aqui e ali iam surgindo alguns barracos de tijolos e muitos outros
cobertos com folhas de palmeiras. A avenida principal, hoje Avenida Tocantins, lembrava
com absoluta precisão, o cenário de um filme faroeste. Aquela rua curta, com
casas de madeiras, armazéns, bares, restaurantes, um pequeno hotel, muita
poeira e ate um sobrado de madeira com uma varanda, tudo isto, dava a impressão
que você estava entrando em um cenário de algum filme do velho oeste americano.
Em volta da rua principal um grande
acampamento. Cada família que chegava procurava a fundação Santa Rita ou a
codetins e recebia um terreno de graça onde pudesse armar sua barraca. E assim
ia surgindo Taquaralto, uma mistura de lona preta, tábuas, casas cobertas de
palha de babaçu, e alguns barracos de tijolos.
No Sábado pela manhã, dia cinco de abril de
1990, foi realizada a primeira escola sabatina da cidade e fizemos a primeira
comissão, para escolher os oficiais da primeira igreja da nova capital. Porem
essa não foi a primeira reunião de adventista em palmas. Já haviam acontecido
alguns cultos antes, na casa do irmão Jorge Sateli.
Aconteceu assim. O irmão Edvaldo, membro da
igreja adventista de Porto Nacional, que foi um dos primeiros moradores em
Taquaralto, foi uma noite, assistir um culto da igreja Assembleia de Deus, em
um terreno perto de sua casa. Naquela época ninguém tinha templo, e os cultos
eram realizados ao ar livre. O irmão Jorge Sateli, recém chegado do Pará, foi
assistir ao culto também. No final, o pregador fez o apelo para que as visitas
aceitassem a Jesus, como as visitas eram eles dois e nenhum deles se moveu do
lugar, um diácono veio pegar pelo braço o irmão Edvaldo para que este se
levantasse e fosse à frente; aceitar Jesus, então o irmão Edvaldo argumentou
que já era crente, que era um adventista, então o diácono foi em busca do irmão
Jorge, este também argumentou que era adventista. Foi assim que os dois se
conhecerem e ali mesmo combinaram fazer um culto no próximo Domingo no barraco
do irmão Jorge.
Logo em seguida chegou o irmão João Sabino e
família, o irmão Benedito Teixeira, com esposa e filhos, e a irmã Sandra
Confessor, filha do deputado estadual Vicente confessor. Estas quatro famílias,
mais a Sandra, foram as que realizaram a primeira escola sabatina em palmas.
Dezessete pessoas ao todo.
O primeiro grupo ficou organizado assim.
Diretor, Jorge Sateli, diretor missionário, João Sabino, diáconos, Benedito e
Edvaldo, diaconisas Beatriz esposa do Sabino e Leila esposa do Benedito e
escola sabatina, focou com a Nádia, filha do Sabino, direção dos jovens, ficou
com a Sandra. E a tesouraria ficou com o irmão Benedito.
Uma semana depois, a igreja aumentou.
Chegaram os irmãos, Vilsom e Ivo Schneider, com respectivas famílias, e o irmão
Adão com a esposa, todos vindos do Mato Grosso.
Vieram em seguida. O irmão Feliciano com
esposa irmã Angélica e o filho Samuel. Os irmãos: Isaque Cabral, e família, o
Devanir a esposa Maria Aparecida, (Nena) e o filho. O irmão Landi, o irmão
Cláudio, o Getulio, o irmão Juareci Costa todos com suas famílias. Entre eles o
Rubem, que derramou muito suor, na construção da igreja. E o Geremias, que literalmente fez a
igreja Central de Taquaralto, pois é mestre de obras e tanto trabalhou de graça
na construção, como botava boa parte do salário que ganhava em outras construções,
na compra de material. Samuel Lima o tesoureiro, controlava as finanças, Isaque
Cabral, ajudava financeiramente, e nós, eu e outros membros, trabalhávamos no
pesado. O irmão Juareci Costa, comandava tudo. Ele era o esteio, era quem
planejava e acompanhava cada detalhe da construção.
E foram chegando tantos outros, com suas
esposas e filhos que não dar mais para lembrar o nome de todos. Em poucos meses a Igreja de Taquaralto
passava de oitenta membros.
Palmas Central
A Igreja Central de Palmas começou quase ao
mesmo tempo em que a de Taquaralto. Diferença de duas semanas. Começou assim:
O irmão Lourival com a esposa irmã Maria dos
Anjos e os filhos chegaram a Palmas, vindos de Fátima e foram morar em uma
casa, ainda em construção, na ARSE 51. Esta quadra foi uma das primeiras
construídas pelo governo, em Palmas para
abrigar os funcionários.
No primeiro Sábado na cidade, a irmã Maria
dos Anjos, logo cedo deu banho nas crianças e os vestiu para a igreja, só que
não havia igreja, nem ela sabia que em Taquaralto havia uma congregação.
Mesmo assim, eles se aprontaram para adorar a
Deus. Organizaram a sala em auditório, o irmão Lourival sentou com as crianças,
enquanto ela foi à frente dirigir a escola sabatina, para o esposo e os filhos,
ele recapitulou a lição, e em seguida foi a vez dela ficar com as crianças
enquanto ele foi à frente pregar o sermão do culto divino. Eles eram apenas
cinco pessoas, o casal e os três filhos. Sendo que um deles era apenas um bebê
de alguns meses.
Na semana seguinte, eles encontraram a
família do irmão Almir Maciel, que havia acabado de chegar de Paragominas, no
Pará. Eles eram cinco pessoas. Almir, a esposa, Marinalva, Simone, ainda
adolescente, e a Alexandra que era ainda uma menina. Chegou também o irmão Valdivino
o Gaúcho, com a esposa, irmã Ivanir e os filhos, vindos do Rio Grande do Sul.
Veio também, o irmão Brito e esposa, e o irmão Antônio Carneiro. Portanto, a
segunda escola sabatina já foi bastante animada.
No terceiro Sábado eu já estava com eles e
fizemos uma comissão para escolher os diretores da nova congregação, a direção
ficou com os irmão Lourival, e irmão
Antônio Carneiro.
Palmas agora contavam com duas congregações,
uma central e a outra em Taquaralto; sendo que a de Taquaralto tinha mais pessoas,
pois a migração era maior para aquele bairro, devido à facilidade de encontrar
terrenos para morar.
A igreja em palmas continuava crescendo.
Porem o crescimento era maior nos bairros, pois era ali que a maioria do povo
ia morar. Mesmo assim, a igreja central também crescia. Já varias famílias
adventistas estavam residindo no centro de palmas. Lourival, Almir Maciel,
Antônio Carneiro, o irmão João, pai do Assuero, Antônio Costa, irmão Brito,
Aída, Onofre Straiotto, Sandra Confessor, cujo o pai era deputado e morava na
quadra ao lado, chamada na época “vila do deputados”.
Muitos outros chegavam de várias partes do
Brasil; a maioria com a família, muitos desses ficavam apenas um ou dois
sábados na central e logo se instalavam em alguma nova quadra da cidade e por
lá começavam uma nova igreja.
O Terreno
O maior problema da igreja central era um
terreno, pois no centro de palmas os lotes eram vendidos em licitação pública,
e não tínhamos dinheiro nem para o lance de entrada.
O deputado Antônio Jorge Godinho, conseguiu
com o governo, a doação de um terreno para a igreja, mas nem chegamos a
recebê-lo, pois meses depois o Siqueira Campos perdeu a eleição para o Moisés
Avelino e este cancelou todas as doações que o governo anterior havia feito.
Em 1991, o irmão Antônio Carneiro, através de
um parente que trabalhava no palácio, conseguiu com o novo governo a doação do
terreno da ARSE 24 (210 sul). Um terreno muito grande, medindo 5.042 m. Foi uma alegria.
Logo que recebi o documento da doação, tratei de ir vê-lo; era uma quadra nova,
que ficava ao lado da vila dos deputados. ARSE 14 (110 sul) só que não havia
nenhuma casa na quadra, nem mesmo as ruas estavam abertas, apenas picadas onde
seriam as alamedas. Mas era nosso terreno, e passamos a sonhar com a nossa
igreja central. Decidi que junto com a igreja construiríamos também, uma escola
adventista.
Um mês depois recebi uma noticia que me
deixou angustiado. Haviam invadido toda a quadra onde estava nosso terreno, e
diziam que o próprio governo era quem estava incentivando a invasão, e não iria
tirar da área nenhum invasor. Corri imediatamente para palmas, - nesta época eu
ainda morava em Miracema, - fui direto ao terreno; havia centenas de pessoas
limpando lotes e fincando barracos. O nosso já estava invadido. Onde é hoje o
salão da igreja, estava limpo, cercado de arame, e uma placa; onde se lia:
propriedade de... E um nome de mulher na placa. Na parte direita do lote, onde
hoje é ginásio de esportes, o invasor passou um trator e o cercou com três fios
de arame. Na esquerda, onde estão as salas novas da escola, estava um senhor
trabalhando, limpando um pedaço do terreno para ele. Eu o cumprimentei, e ele
já foi dizendo: “se você quer um lote, pode ficar com esse aí ao lado, pois
este aqui já é meu”.
Agradeci, e falei. O senhor esta fazendo uma
boa obra. Esta ajudando uma igreja; pois todo este terreno pertence à igreja
adventista, e estou precisando de pessoas voluntárias para limpá-lo. Sou o
pastor e aqui esta o documento que prova que este lote é da igreja.
Quando ele viu o documento em minhas mãos,
pós a enxada no ombro e foi embora sem me dizer nada.
Comprei algumas bolas de arame, e contratei o
irmão Antônio Costa para cercar toda área; a madeira da cerca foi tirada todas
de dentro do terreno. Debaixo de um pé de pequi, fizemos um barraco de lona, a
ali o irmão passou a morar para poder vigiar o lote dos invasores. Como a
igreja não tinha recursos, eu pagava do bolso todas as despesas, e ainda um
salário mínimo pôr mês ao irmão.
O Templo
Com o auxilio dos irmãos compramos madeirite,
caibros, telhas, e pregos, e o irmão Almir Maciel, que é carpinteiro construiu
um barracão, que foi o nosso primeiro “templo” da igreja central. Ainda tenho saudades dele.
A igreja central continuava crescendo. Mudou-se para a nova capital os irmãos Adalberto Araújo e esposa, Claudia Prego; ela excelente educadora e exímia pianista. Chegaram também a irmã Noemi, jovem muito animada, vinda de Porangatu, e o jovem Edvaldo, apelidado de o profeta. Também chegaram o irmão Inácio, o irmão Domingos, e o irmão Medeiros, com respectivas famílias. O Alfredo com a esposa e o filho, que foram dos primeiros moradores da quadra, morava em uma pequena sala que foi feita no fundo da igreja.
Chegou depois, o Amador com a esposa Lindalva
e a filha Raelly. O irmão Noé com a
esposa, irmã Lurdes, a filha Carlinha e a irmã dele, a Ester.
Outros pioneiros foram, o Irmão Jonas e
esposa Terezinha, o irmão Osmar que tinha uma oficina mecânica na arse 72 e
tantos outros que não me lembro o nome. Tinha até um escritor, o Antonio Carlos
Nascimento, que havia publicado um livro sobre numerologia, é esse que aparece
ao lado da placa.
Música
Sendo
o Noé um apaixonado por música, logo foi criando um quarteto, e com a vinda do
professor Crisólito, e os irmãos, professor Berilo e Calcedonia, criaram o
primeiro conjunto musical de Palmas; O Cantarte, que até hoje foi o melhor
conjunto musical de Palmas. O irmão Noé, foi também o primeiro Diretor
missionário da igreja.
Família Henke
Poucos tempo depois, chegou a palmas o irmão
Oscar Henke, e o genro, irmão Abner Costa; ambos com a família. Essa família tem sido um esteio na igreja ate
hoje. Foi o irmão Oscar e o filho Júnior, que construíram o primeiro prédio,
que servia à igreja e a escola, pois são mestres de obra.
Lembro-me do Rodrigo vendendo coxinhas e outros
salgados na rua. Ninguém faz coxinhas de mandioca, (aipim, como eles dizem),
melhor que a irmã Leoni. O irmão Oscar já dorme no senhor.
Logo mais chegaram o Dr. Vanderlei Silva e
família, outro baluarte e um dos mais dedicados anciãos.
Além dos que chegavam muitos outros iam sendo
batizados, assim a igreja crescia a passos largos.
Fusca
Um dos pioneiros que muito me ajudou foi o
Edson Fernandes, que tinha uma oficina mecânica e autopeças na Av, JK saída de
paraíso. Era ele quem cuidava do meu
velho fusca, que alguns irmãos o apelidaram, carinhosamente, de “trovão azul”,
pelo motivo de meu pobre fusca sempre andar com o escapamento quebrado. A
vantagem era, que quando eu ainda estava a um quilômetro da igreja os irmãos já
sabiam e dizia, “o pastor tá chegando”.
Batismos
Um dia fiz um apelo, para que cada membro
trabalhasse e ganhasse pelo menos uma pessoa para Jesus, até o fim daquele do
ano. O Valdeci um jovem muito esforçado, passou a pensar como é que ele iria
ganhar alguém para Jesus naquele ano, pensou e teve uma ideia. Procurou o seu
professor de informática e lhe deu um recado nestes termos: “Tem um amigo seu
que desejo falar com você hoje à noite lá em minha igreja”. “Eu não tenho
amigos em Palmas e muito menos em sua igreja”. Ele respondeu. “Pois tem, esse
amigo chama-se Jesus, e deseja falar com você hoje, por isto eu vim lhe
chamar”. Continuou o Valdecir.
Aquele professor, que era apenas um jovem de
18 anos, gostou da abordagem criativa do aluno, aceitou o convite e foi ao
culto. Naquela noite, quem pregou foi o irmão Noé; e o sermão foi tão
inspirado, que ele tomou a decisão de aceitar a Cristo. Começou a fazer um
curso bíblico, naquele dia mesmo; e cada lição que estudava, repassava para
dois irmãos dele, para a namorada e para o irmão da namorada; e para a namorada
de um dos seus irmãos; e assim quando terminou de fazer o primeiro estudo
bíblico, já havia dado estudados bíblicos para seis pessoas.
Programa JÁ
Um dia cheguei à igreja antes do culto J A, e
lá estavam eles, sentados em cima de pilhas de tijolos, debaixo de um pé de
pequi, tocando um violão e ensaiando uma musica. Queriam cantá-la no J A.
Nenhum deles era batizado, e as moças estavam vestindo, shorts curtinhos,
blusas minúsculas, usavam brincos e batom. Na maior alegria pediram: “Pastor
nos queremos cantar no culto, pode?”.
Pensei. Se eu disser não; posso desanimá-los,
se digo sim; alguns irmãos conservadores vão ficar escandalizados. Mesmo assim
respondi, pode. Chamei a diretora J A, Simone Maciel e anunciei. Aquele grupo
que esta tocando violão ali debaixo do pé de pequi, vai fazer uma parte musical
no culto. Ela me olhou assim, meio desconfiada, deu de ombros e disse. Tudo
bem. Na hora anunciou o grupo, eles foram à frente e cantaram; um tanto nervosos
e um pouco desafinados, mas cantaram. Aquela foi a primeira apresentação deles
na igreja. No dia do batismo quatro deles se batizaram
Aquele professor é o irmão Luciano e os
irmãos dele, o Pablo e o Wilson. O Wilson, mais tarde, se tornou diretor do
clube dos desbravadores.
Construção da Igreja e Escola Adventista
Um dia passou por Palmas o departamental de
educação da associação, o pastor Joaquim Silva, quando ele viu o tamanho do
terreno ficou empolgado e perguntou-me se não gostaríamos de construir uma
escola naquele terreno. Eu disse-lhe que daria 2.000 m daquele terreno
para o departamento. Ele achou pouco. Então fizemos um acordo verbal; metade do
terreno seria da igreja e a outra metade da escola. Traçamos uma linha
imaginária, a partir do pé de pequi, que havia ao lado da janela do salão, para
a direita, até a esquina, seria da igreja e do lado esquerdo, até o beco da
praça, seria da escola.
Presidente da igreja
Havia a necessidade da administração da
igreja investir em palmas, afinal era uma nova capital que estava nascendo.
Todas as igrejas evangélicas, e muitas outras organizações investiam em palmas.
Pertencíamos a Associação Brasil Central com sede em Goiás, mas, infelizmente, o nosso presidente, na
época, pastor Homero Reis, não dava nenhuma importância à nova capital.
Um dia, ele apareceu em palmas. Vinha de
Araguaína. Com alegria eu o levei a conhecer nosso terreno e ali, em frente do
nosso templo de madeira, eu lhe pedi uma ajuda. Sugeri que se a associação não
tivesse dinheiro, pelo menos procurasse com a União ou Divisão, ou mesmo com
algum empresário conhecido dele, alguma verba para nos ajudar a construir um
bonito templo e uma boa escola naquele lugar; afinal, era uma nova capital que
estava nascendo e necessitava de um esforço concentrado de todos, para
fincarmos a bandeira da igreja na nova capital. Ele me respondeu apenas com
esta frase: “isto aqui é o patinho feio da associação”. Deu as costas, e saiu
sem nem ao menos se despedir, entrou no carro com os seus acompanhantes e foi
embora.
Fiquei ali sozinho, não sou de chorar, mas
naquele dia, sentei-me à porta da igreja e chorei. O que me consolou, foi
lembrar que na fábula do patinho feio, no final ele se tornou um lindo cisne.
Pensei comigo, este distrito ainda vai se tornar um grande e bonito distrito.
Graças a Deus, hoje é mais que um lindo
distrito, hoje é a sede de uma prospera missão.
Hoje é assim.
Hoje é assim.
O tesoureiro da associação, o irmão Lucas da
Silva, foi quem nos deu algum auxilio, conseguiu que um engenheiro amigo dele
fizesse de graça, o projeto da construção. No projeto constavam três prédios. O
primeiro, Um templo para 500 pessoas; o segundo, um salão para os jovens; com
sete salas no segundo piso; para o departamento infantil e no fundo, três salas
para serem usados pelas dorcas, e o terceiro prédio, seria a escola, com 12
salas de aulas, e 14 salas para administração e apoio. 26 salas ao todo.
A igreja crescia dia a dia, nosso templo de
madeirite já estava apertado para suportar tanta gente, e não havia recursos
para construir. No entanto fizemos uma reunião para decidir o que fazer, pois
já tínhamos o projeto. Decidimos começar construindo o prédio anexo, o que
seria do departamento infantil, pois nele poderíamos nos reunir no salão dos
jovens. Aos sábados, as crianças da igreja se reuniriam nas salas e na semana,
poderia ser emprestado para a escola adventista. E as salas das dorcas,
poderiam ser usadas pela administração da escola como diretoria. Mas tarde; a
escola construiria seu prédio, e devolveria as salas do departamento infantil e
salas das dorcas. E a igreja construiria seu templo e devolveria o salão dos
jovens.
Começamos a construção sem recursos, só pela
fé, e Deus nunca deixou faltar o necessário. Cada um ajudava como podia. Os que
ganhavam mais doavam o equivalente a uma semana de salário de pedreiro; quem ganhava
menos, meia semana; e outros, uma semana de servente ou só uma diária. Esse dinheiro junto com as ofertas que se recolhiam aos sábados, era suficiente
para a construção não parar.
Naquele ano, janeiro de 1993, eu não tirei
férias, fiquei para iniciar a construção, e usei todo o meu décimo terceiro
salário, mais a devolução do imposto de renda e o salário de dezembro, para
comprar parte do primeiro material básico, as ferramentas (carrinho de mão,
enxadas, cavadeiras etc.) e pagar o salário dos pedreiros.
Perto do final do ano, quando a construção já
estava bastante avançada, o pastor Paulo Azevedo, departamental da união,
passou mais uma vez por Palmas. Ele sempre nos visitava. Como estava
interessado em fundar uma Escola na cidade, nos fez um empréstimo do Fundo de Educação da União, que nos ajudou bastante.
Não tive o prazer de inaugurar a Escola Adventista, pois
no final daquele ano, 1993, fui transferido para Brasília. Ficou em meu lugar o
pastor Galdino, genro do irmão Oscar. Ficou para continuar o trabalho iniciado - depois vieram outros pastores: Paulo Bauermaisten, Silvio Rodrigues, depois
voltei para mais um período de quatro anos, em que construímos novas
salas e outras igrejas na capital.
Passados os quatro anos, fui novamente
transferido e outros me sucederam. Os Pastores Mateus, Rogério Sena, Rosnaldo,
e agora o pastor Iron Veloso. Cada um fez sua parte, uns mais, outros menos.
O certo é que pelo poder do Altíssimo, com a colaboração de todos e a união dos membros para a glória de Deus, hoje a IASD de Palmas cresceu. Eu agradeço a Deus pelo privilégio que Ele me deu de ter sonhado com uma Igreja próspera e poder ver o sonho realizado.
Escola Adventista de Palmas
O certo é que pelo poder do Altíssimo, com a colaboração de todos e a união dos membros para a glória de Deus, hoje a IASD de Palmas cresceu. Eu agradeço a Deus pelo privilégio que Ele me deu de ter sonhado com uma Igreja próspera e poder ver o sonho realizado.
Escola Adventista de Palmas
Pastor Manoel Barbosa da Silva
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