Falta palavras para descrever tamanha tragédia e tanta bestialidade. Nós cristãos, que cremos na Santa Bíblia, nos conformamos ao ler e ver essas atrocidades, com a esperança da volta de Jesus. Ele mesmo previu e nos avisou, pelas sagradas escrituras, que essas coisas aconteceriam logo, antes do fim.
Lamentamos que essas coisas tenham que ser assim. não é vontade de Deus, que isto aconteça, quando ele previu estes acontecimentos, guerras, fomes, epidemias, e desastres naturais, etc, não estava determinando que estas coisas acontecessem, epenas disse que iriam acontecer, por causa da maldade humana que iria aumentar cada vez mais.
Mais uma vez os estados unidos, é vítima dessas bestas humanas.
Veja reportagem que segue do colunista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo
Por Reinaldo Azevedo
Lamentamos que essas coisas tenham que ser assim. não é vontade de Deus, que isto aconteça, quando ele previu estes acontecimentos, guerras, fomes, epidemias, e desastres naturais, etc, não estava determinando que estas coisas acontecessem, epenas disse que iriam acontecer, por causa da maldade humana que iria aumentar cada vez mais.
Mais uma vez os estados unidos, é vítima dessas bestas humanas.
Veja reportagem que segue do colunista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo
O terrorismo transforma o humano em coisa para que possa matá-lo sem remorso. Ou: Considerações sobre uma foto
As
tragédias sempre têm uma fato, uma imagem, que viram uma espécie de
emblema. Para mim, a do atentado ocorrido em Boston, nesta segunda, é
esta, de John Tlumacki (The Boston Globe/Getty Images).
Roland
Barthes escreveu um ensaio sobre fotografia no qual afirma que as
imagens têm o que ele chamava “puncta” (plural da palavra latina
“punctum”. São os “pontos”, não necessariamente centrais, que atraem o
nosso olhar. Um dado muitas vezes periférico da imagem acaba dizendo
mais sobre o evento retratado do que as evidências escancaradas.
Voltemos à
foto. Chama a atenção, de imediato, a composição da cena em vermelho e
negro. Parte desse vermelho é o sangue das vítimas, também da mulher
retratada. Nota-se que um naco foi arrancado de sua perna, logo abaixo
do joelho. As partes visíveis de seu corpo estão lanhadas; a blusa,
rasgada. Os artefatos explosivos certamente continham pregos — ou algo
semelhante — para ferir também os que estivessem a uma distância
razoável da explosão. No canto superior esquerdo, há uma pessoa deitada.
Tudo isso é
constatável à primeira vista. Mas a síntese da tragédia não está nessa
composição horrível. Há coisas ainda mais terríveis — que são, estas
sim, a síntese da miséria moral terrorista.
Seus olhos
miram o nada. Seus olhos estão voltados para a incompreensão. Seus
olhos são a expressão da catatonia. Ela se confronta com a ausência de
sentido. Eu me arriscaria a dizer que, no momento desse flagrante, essa
pobre mulher não sentia dor, tristeza, preocupação, ódio, melancolia…
Sua alma a abandonara por um instante.
Em estado
de choque, podemos ficar literalmente anestesiados — a dor física só
chega depois, quando recobramos algum domínio sobre o nosso corpo. O
sofrimento moral, por sua vez, requer uma articulação com a linguagem e
com a consciência de quem nós somos. Só temos a chance de nos consolar
se encontramos o repertório com que expressar a nossa dor. Sem isso,
sofremos, sim, mas quase como bichos.
A vida, no
entanto, insiste. E aí o meu olhar se desloca para a sua mão direita (a
esquerda, presume-se, fala a mesma linguagem). Elas estão pregadas no
chão. Ela não quer deitar. Como o animal acuado, mantem-se ereta, dentro
do possível, porque, mesmo sem entender o que se passa, mesmo sem saber
por que coisa foi colhida, não quer morrer. Vai até o limite de sua
força.
No pé
deste post, publico outras imagens da tragédia. Há, até agora, apenas
especulações a respeito. Ninguém reivindicou a autoria do atentado.
Ninguém sabe se há motivação política. Isso importa? Importa, sim, para o
futuro e para o tratamento policial que se dará em questão. No que diz
respeito à essência do ato, não faz diferença se os autores falam em
nome de uma causa ou apenas se consideram injustiçados pelo mundo e
querem se vingar.
Todos os
crimes são, afinal de contas, crimes, mas é claro que se pode fazer uma
hierarquia na escala da abjeção. O terrorismo é o mais asqueroso deles,
pouco importam a sua natureza, a sua causa ou as suas justificativas.
Não obstante, nestes dias, há intelectuais que flertam abertamente com
suas possíveis virtudes; quem veem em atos dessa natureza uma expressão,
ainda que um tanto distorcida, do humanismo. É o caso do intelectual
marxista esloveno Slavoj Zizek, que sai fazendo a sua cantilena maldita
mundo afora, encontrando eco, inclusive, em universidades dos EUA, que
já passaram pelo 11 de Setembro.
No Brasil, Zizek e sua tese ganharam uma resenha elogiosa assinada pelo professor da USP Vladimir Safatle. O texto foi
publicado no Estadão — sim, no Estadão! — no dia 11 de janeiro de 2009.
E eu jamais deixarei que vocês se esqueçam disso, que o Estadão se
esqueça disso e que o próprio Safatle se esqueça disso. A cada vez que
eu vir uma foto como a daquela mulher e as que se seguem abaixo, farei
com que vocês se lembrem disso, com que o Estadão se lembre disso e com
que Safatle se lembre disso. É bom notar: terroristas costumam armar
suas bombas em aparelhos clandestinos, fétidos, escondidos de toda
gente. Intelectuais que justificam seus crimes costumam estar nas
universidades, nas bibliotecas e escrevendo em jornais.
O
terrorismo desumaniza o outro para que possa matá-lo sem remorso — mais
ou menos como o professor Satafle, em certo artigo, desumanizou o feto,
chamando-se de “parasita”, para tentar convencer o seu leitor que
legalizar o aborto é uma postura correta e moralmente aceitável.
As vítimas
do terror, como evidencia aquela foto, são transformadas em “coisas”.
Por alguns instantes, não sentem nada, nem dor nem paixões. Grudam, como
animais acuados, os membros no chão, num último esforço para que a vida
não as abandone.
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