Era uma vez... uma visita à Igreja
Adventista do 7º Dia
Priscilla
Stehling
Certa manhã eu descia animado do ônibus municipal que me
levava até o trabalho, quando de repente escutei alguém me chamando pelo nome.
O tom da voz era um tanto imponente e entusiástico, o que me instigou ainda
mais a curiosidade. Rapidamente eu me virei e logo percebi que se tratava de um
simpático colega de trabalho, também caminhando rumo à empresa.
-
Tudo bem, Carlos? – disse ele animado.
- Tudo
bem sim. E você, como vai? – respondi automaticamente.
- Este
final de semana eu fui em sua Igreja. Uma amiga da minha esposa também é da adventista
e sempre nos convida para assistir a uma das celebrações de vocês. Nós
aproveitamos o feriado de sábado e fomos.
-
Que bom, cara, legal! E ai, o que você achou? – perguntei curioso.
- É...hã...foi
interessante! As pessoas nos trataram muito bem. Parecem ser felizes, estão
sempre sorrindo...me interessei em ir num lance que vai ter semana que vem.
- Há,
é? Qual?
- No
próximo sábado, à tarde, todos vão participar de um programa no distrito
do Capão. Deve ser o 47 que fica ali na estrada de Itapecerica. Eu me
interessei porque eu nunca assisti a um evento da polícia. Ainda mais depois
que eles falaram o tema: Mordomia. Fiquei pensando: será que esse
pessoal vai ter coragem de falar da vida mansa dos “polícia”, dentro do
distrito? Não são todos, mas de fato, tem muito policial por ai só na folga... na
mordomia mesmo!
Daí
eu perguntei pra menina que estava do meu lado que horas iria ser esse
programa. Ela não soube responder, mas me mandou falar com um ancião.
Acho que ela se confundiu porque o rapaz era bem novinho.
-
“Ichii...e agora?” – pensei. “O Marcos entendeu tudo errado! Vou ter que
explicar...”
- Marcos,
na verdade...
-
Não Carlos, peraí. Deixa eu só te contar mais essa!
No
meio lá da cerimônia, uma mulher contou uma história de um obreiro que nasceu
na igreja e estava trabalhando numa casa aberta até o ano passado.
Mas ela disse que ele está afastado já faz mais de 6 meses e que ele
precisa voltar antes que a porta da Graça se feche. Meu, que história!
Pra
começar, o tal do pedreiro nasceu dentro de uma igreja, imagina a situação! Mas
enfim... ele estava consertando uma casa que estava aberta (deveria ser
problema com o muro). A parte mais estranha é que desde que ele se distanciou lá
da obra, da construção, a dona da casa, a Graça, ainda não fechou a porta! O
cara some sem avisar e a mulher ainda fica esperando?
Daí,
bom... eu ainda estava tentando entender a história do pedreiro, quando a
mulher começou a dizer que fazia pôr do sol e guardava o sábado. Pra
mim aquilo explicou tudo: com certeza ela sofre de alguma confusão mental. Carlos,
eu fiquei pensando: onde será que ela coloca o sábado, hein? [risos] Mas isso
num é brincadeira que se faça, né? Tadinha... ela estava tão confusa que
começou a falar de União, Divisão... parecia que o pessoal já
estava bem acostumado com ela. Todo mundo ficou numa boa. Acho que só eu fiquei
com vontade de falar: minha filha, unir é uma coisa, dividir é outra bem
diferente!
Enquanto
isso, eu pensava: que desastre! O Marcos não entendeu nada! Mas tudo bem... pelo
menos o pessoal da Igreja não fala mais em dorcas ou koinonias!
-
Agora Carlos, eu achei muito legal a saudação de vocês; o “feliz sábado!”
O tal do “Bom Dia” já é tão batido que a gente nem pensa mais pra falar, não é?
Mas é isso ai...vamos trabalhar.
-
Pois é cara...depois a gente se fala mais. “E eu te explico tudo” – pensei.
__________
* A criação desta estória foi baseada nos estudos acadêmicos
de Enia Gonçalves, que abordam questões positivas e negativas da utilização do
dialeto social adventistês.
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