Simplesmente lindo. Uma história tocante que com certeza reflete a história de muitos jovens adventistas. história esta que um dia foi minha, quando tive a infelicidade de, quando adolescente, ficar afastado da igreja. Felismente voltei a tempo.
Leia este conto. do site http://megaphoneadv.blogspot.com.br/
Quarta-feira de cinzas - Um conto adventista
Por Denis Cruz
Rodrigo vinha andando
pela calçada. Sem camisa, o sol refletia na pele suada, cintilando em
alguns confetes e purpurina. Quarta-feira de cinzas, sol a pino, e ele
alegre, pois tinha passado o feriadão com colegas, festando até o limite
da exaustão.
Pulou carnaval,
embriagou-se. Drogas não, pois recusou as incontáveis vezes que lhe
ofereceram pelo menos três tipos de entorpecente, com um educado: “Deixa
para a próxima!” Sim, quem sabe outra vez.
Ficou com quase uma
dezena de garotas nos dias da festa, sequer lembrava-se do nome delas e
trazia no bolso números de telefone e contatos de e-mail de outras
tantas. Preocupou-se por um momento, pois não se lembrava de ter se
prevenido nas relações sexuais que, embriagado, manteve.
Ainda divagando nessas lembranças de euforia passageira, foi arrebatado
por assovios de uma turma nas janelas de um ônibus: “Ei Rodrigo!”,
“Saudades, maninho!”, “Visita a gente no sábado!”
Da calçada, Rodrigo retribui o aceno e seu estômago revirou quando viu
Camila descendo do coletivo; feliz, radiante, mochila de tralhas e
barraca nas costas.
- Oi Rô! – disse ela, com aquele sorriso apaixonante de sempre. – Como foi o feriadão?
- Foi bom – ele respondeu e começaram a caminhar juntos. A verdade é que
sentia vergonha de contar qualquer detalhe para a amiga... Aliás,
Camila não era apenas amiga da época de igreja. Eles foram namorados.
- O meu foi maravilhoso – disse ela e começou a contar detalhes do
retiro espiritual com a galera da igreja. – Perfeito, Rô, simplesmente
perfeito. Vou guardar aquilo tudo, cada momento, para o resto da minha
vida.
Rodrigo sabia do que ela estava falando. Felicidade. Já tinha sentido
aquilo, de forma tão intensa, no passado. Muitos desses momentos foram
compartilhados com Camila, sua namorada na época. Mas ele quis “conhecer
mais do mundo”, “viver intensamente”. Deixou a igreja; deixou Camila.
- Nós oramos por você – disse ela de forma franca. – Você faz falta para o grupo.
“Para o grupo?”, pensou Rodrigo, “E para você?”. A resposta era um tanto
óbvia. Camila já tinha superado. Ele não tinha noção de quanto a jovem
sofreu com a separação. Chegou até a culpar-se pelo rompimento, pois era
convicta em preservar sua castidade no namoro. Até mesmo esta convicção
foi abalada e pensou em tentar segurar o namorado cedendo às suas
exigências. Bem... o tempo passou. Camila se recuperou, pois se firmou
na Rocha que é Cristo.
Rodrigo, por seu turno, sabia que sua alegria era passageira. Uma
máscara, como a de carnaval. Sentia alegria frívola, mas não felicidade
verdadeira. Incomodava-se depois das baladas. A saudade dos amigos e da
igreja era uma constante. O vazio que antes era preenchido por Jesus
agora ecoava com os choros da alma.
- Ainda dá tempo para eu voltar? – ele parou e perguntou. Camila deu
mais dois passos, também parou e virou-se. O sol do meio dia prateando
seus cabelos claros.
- Para Jesus? Sempre. Ele te espera e de braços bem abertos.
- Eu quero voltar – disse com sinceridade e, depois de uma pausa, fez nova pergunta: - E para você, ainda há tempo?
- Rô, você quis conhecer mais do mundo e perdeu o universo que eu tinha
reservado para nosso amor. Tudo seria no tempo certo, no tempo de Deus.
Camila virou-se e, enquanto caminhava, gritou:
- Te vejo na igreja, meu irmão.
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