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domingo, 27 de janeiro de 2013

Rosane de Oliveira, sobre incêndio em boate de Santa Maria: "Um pesadelo"

Quem tem filhos adolescentes não dorme um sono tranquilo enquanto não chegam das festas

Rosane de Oliveira
Quando fui acordada com o telefonema da colega Rosane Tremea, informando do incêndio na boate de Santa Maria, achei que estava tendo um pesadelo. O sinal ruim do celular me impedia de entender direito o que ela dizia. Entendi que eram 35 mortos e fiquei catatônica.

Quando refiz a ligação, e finalmente entendi a extensão da tragédia (no momento eram 135)  e soube das circunstâncias, perdi as pernas e fiquei alguns segundos sem ação, repetindo, "meu Deus, meu Deus, que horror". E lembrei do incêndio naquela boate de Buenos Aires em que morreram mais de uma centena de jovens.

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Minha filha de 17 anos me deu abraço longo e confortador. Faltava o abraço de Eduardo, 21 anos, um baladeiro da idade das vitimas. Ele não quis vir para o sítio porque tinha uma festa. Precisava ouvir a voz dele antes de poder escrever qualquer coisa. Liguei para meu filho, ouvi que estava em casa dormindo, e fiquei a pensar em todos os pais e mães de jovens de Santa Maria e região.

Quem tem filhos adolescentes não dorme um sono tranquilo enquanto seus filhos não chegam das festas. E sofre com o drama de pais que perdem um da mesma idade, com os mesmos sonhos e projetos de vida semelhantes. Como era uma festa de universitários, sinto-me ainda mais próxima deste drama. Quando são 180, como em Santa Maria, faltam palavras. Não há o que dizer a título de consolo.

Meu marido, que é de Julio de Castilhos e estudou na UFSM, passou a monitorar as redes sociais em busca de informações sobre os filhos dos amigos e parentes. O silêncio de uma estudante jornalismo sempre presente no Twitter o deixou preocupado. E passou a repassar mentalmente a lista de amigos que têm filhos da idade dos nossos.

Ouvi a entrevista da diretora do Hospital Universitário, que está com o filho na CTI, e admirei seu profissionalismo. É preciso muita força para continuar ajudando os feridos.

Enquanto escrevo, são 180 corpos já recolhidos, e um número desconhecido de pessoas mortas nos hospitais. A contabilidade macabra passará de 200.

Nunca houve, em meus 30 anos de jornalismo, uma tragédia assim no Rio Grande do Sul. Que eu lembre, nem no Brasil. O mais parecido foram acidentes aéreos. O mais próximo, o da TAM, porque o avião saíra do Rio Grande do Sul.

Fonte http://zerohora.clicrbs.com.br/

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