Pr. Manoel Barbosa da Silva
Jesus sabia,
que os fariseus tinham conhecimento que ele batizava mais discípulos do que
João, se bem que Jesus mesmo não batizava; quem fazia isto eram os seus
discípulos. Mas sabendo que os fariseus eram extremamente ciumentos, e que esta
pratica poderia ocasionar uma perseguição antes do tempo, para evitar
problemas, resolveu sair da Judéia e voltar para a galiléia·.
Não compensava pra Jesus ter que esta dando
explicações aos seus inimigos, nem era seu propósito criar problemas com
ninguém. Pois ele sabia que o mais importante era ensinar os seus discípulos e
prepara-los para o ministério, do que ele mesmo fazer o trabalho de batizar.
Pois quando os seus discípulos estivessem devidamente preparados, fariam um
trabalho muito maior. Portanto era mais conveniente deixar o campo, mudar de
ares, do que ficar brigando com homens ciumentos e invejosos como os fariseus.
E foi o que ele fez. Saiu da Judéia e foi para a galiléia.
O trágico nessa história é saber que Jesus precisou
mudar de região por causa dos fariseus.
Os fariseus era o povo mais encrenqueiro entre os
Judeus. Estavam sempre procurando confusão com alguém. E o motivo era sempre o
mesmo. Fazer com que o povo andasse na linha; estava sempre cobrando de alguém,
um comportamento adequado; sempre encontrava em alguém um defeito pra reclamar,
ou uma falta pra apontar, e Jesus se tornou o alvo predileto das acusações
deles.
Em muitas ocasiões encontramos os fariseus apontando alguma
suposta falta em Jesus.
Quando Jesus foi a um banquete na casa de Levi Mateus,
eles, os fariseus, reclamaram. ‘Aquilo não era certo pra um líder religioso’
não ficava bem um mestre, estar misturado com pecadores’, diziam.
De outra vez, reclamaram, porque Jesus não reclamou de
seus discípulos estarem colhendo espigas em dia de sábado.
Reclamaram
também porque Jesus curou o homem da mão ressequida em dia de sábado e de outra
vez, porque curou o paralítico do tanque de betesda, também em dia de sábado. E
assim, Jesus não podia dar um passo que eles achavam do que reclamar e chamar a
atenção.
Foi por essa razão que Jesus preferiu sair da Judéia e
voltar pra galiléia.
Fariseus ainda existem. Estão em quase todas as
igrejas. São pessoas que passam a vida reclamando e encontrado defeitos em
alguém para criticar. Criticam a roupa deste, ou o alimento daquele. Critica
este, porque não faz trabalho missionário e critica o outro, porque não
doutrinou direito o candidato ao batismo, e critica ainda, o pastor porque, não
visita, prega mal, e só batiza com
interesse de fazer numero e ficar famoso na associação.
Critica ainda os anciãos, dizendo que eles são fracos
e não corrigem a membresia, e deixam os jovens fazerem o que bem querem.
Onde há fariseus a
igreja não cresce. Pois eles não a deixam crescer. Onde há fariseu, há muita critica
muita fofoca, e membros brigando uns com os outros. Foi por isso que João
Batista não os batizava.
Quando João batizava no Jordão, muitos vinham para
serem batizados. A cada grupo de pessoas João dava um conselho e os batizava.
Mas quando os fariseus perguntaram; e nós o que faremos? A resposta foi dura,
chamou-os de raça de víboras, e não os batizou. Lucas 3. 10-14. Mat. 3. 7-9.
Onde há fariseu nem Jesus permanece.
Jesus saiu para a galiléia e no seu caminho tinha que
passar pela Samaria. Era estrada real.
Só que havia um problema; os judeus não se davam com Samaritanos. E, portanto,
não era seguro transitar por aquelas estradas. E para complicar a situação a
reserva de alimentos que levavam para a viagem, acabou perto da cidade chamada
Sicar, era necessário comprar o alimento, e foram todos, talvez ate pra se
protegerem, caso algum samaritano viesse provocá-los.
Jesus ficou só.
Como estava cansado, resolveu ficar esperando em uma sombra, perto do poço; o
famoso poço que Jacó cavara a mais de dois mil anos antes.
Nisto surge uma mulher, vinha buscar água. Trazia
consigo o pote e o balde. Ao avistar o estranho sentado perto do poço, pensou:
’deve ser um judeu viajante’ e como não gostava de judeus, fechou-se em copas,
nem ao menos o cumprimentou. Calada estava calada ficou. Começou a tirar a água
e encher pote.
Jesus percebeu que ela era todo preconceito, e também
sentiu que por traz da sua mascara de frieza, havia um coração aberto a receber
a verdade, portanto resolveu conquista-la, e procurou uma maneira inteligente
de alcançar aquele coração.
Resolveu pedir um favor. ‘Por favor. Você pode me dar
um pouco de água?’ Se ela tinha dúvidas se ele era judeu, agora nenhuma duvida
ficou, pelo sotaque dava pra perceber que ele era realmente judeu, e
respondeu-lhe com desdém: “Como sendo tu judeu pede água a mim que sou mulher
samaritana? Pois os judeus não se dão com samaritanos”. Jesus não se deixou
abalar e na maior calma lhe respondeu. ““ Se conheceras o dom de Deus e quem é
o que fala contigo, ao invés de negar, tu é quem estaria pedindo água, pois eu
tenho condições de te dar água muito melhor que esta que você esta tirando aí,
pois eu tenho a verdadeira água, a água viva.”“.
-Senhor - respondeu ela, - você não tem condições de
me dar nem desta aqui, pois o poço é fundo, o balde é meu, e eu não te
empresto. Como é que tu vai poder me dar água?... Ou tu pensas que é maior que
nosso pai Jacó que nos deu esse poço e ele mesmo bebeu, bem com seus filhos, e
seu gado?
Mulher, respondeu Jesus, quem bebe desta água, torna a
ter sede; mas quem beber da água que eu lhe der, nunca mais torna a ter sede,
pelo contrario, ele se torna uma fonte de água que jorra para a vida eterna.
Então me dar dessa água, disse ela com ironia, pois
assim eu nunca mais virei aqui buscar desta, já que a água que tu tens é tão
poderosa assim.
Vá buscar teu marido. Só na presença dele que eu posso
dar. Jesus disse isto porque lhe conhecia a vida e só assim ele poderia entender
que estava falando com alguém o messias que há tanto ela esperava.
Acertou em cheio. Com a menção do marido, ela ficou
desconcertada, pois a vida dela sempre fora desregrada estava sempre mudando de
marido, e ultimamente havia tomado o marido da vizinha, e vivia com ele apesar
dos comentários e desaprovação da comunidade. Não tenho marido foi a resposta
que ela deu.
Eu sei. Disse Jesus. Você realmente não tem marido.
Você já teve cinco, e desses cincos, nenhum era seu. Você os tomou de outras. E
agora mesmo você vive com outro; só que este também não é seu. Isto você disse
certo. Você não tem marido.
Esta afirmação lhe tocou. Pois ela não esperava que
ele lhe conhecesse a vida, e fosse revelar assim na maior calma. Por isto
resolveu mudar de assunto. Vejo que você é profeta. Disse. Pois então me
responda uma coisa. Qual é a igreja certa?
É claro que ela não disse com essas palavras, ela
disse assim: vocês insistem que só devemos adorar em Jerusalém, mas os nossos
pais nos ensinaram que devemos adorar no monte gerezim, qual é o lugar certo?
Ela não estava tanto interessa em saber qual era o
lugar certo, o que ela queria mesmo, era testar Jesus. Pois todo Judeu,
afirmava que só havia um lugar de adoração, Jerusalém. E que só havia uma
igreja certa, a deles. E esse era o principal motivo da desavença entre judeus
e samaritanos.
Essa discussão era antiga. Começou quando Jeroboão
filho de Nebate, revoltado com a opressão de Roboão, o filho de Salomão,
dividiu o pais; e formou o reino do norte com a capital em samaria. Para que os
samaritanos não voltassem a Jerusalém, Jeroboão construiu no monte de gerezim
um lugar de adoração. Com o tempo eles foram se acostumando com o novo lugar, e
elementos de culto pagão, foram acrescidos ao ritual deles; ate se tornar uma
religião que não tinha nada a ver com a religião praticada em Jerusalém.
Quando os Judeus diziam que o lugar de adoração era em
Jerusalém, não estavam errados. Ali era realmente o lugar certo. Foi ali que
Salomão construiu o templo com a aprovação divina, e tudo ali apontava pra
Jesus. Os pães, o castiçal, o altar, o sacerdote, o cordeiro, tudo simbolizava
Jesus. Mesmo assim Jesus não lhe disse de chofre, que ela estava errada em
adorar no monte gerezim. Pelo contrario, quando interrogado qual o lugar certo
de adoração respondeu: Nem lá nem aqui. Os verdadeiros adoradores não estão
preocupados com o local, mas com a maneira certa de adorar. É isso que importa.
Os verdadeiros adoradores adorarão o pai, em espírito e em verdade. É esse que
o pai procura para seus adoradores.
Essa resposta ela não esperava. Era o primeiro judeu não
fanático que ela conhecia, nem insistia em afirmar que sua religião era melhor
que a dela. Apesar de que Jesus não lhe escondeu a verdade. Com muito tato lhe
disse. Vocês adoram o que não sabem e nos adoramos o que sabemos. Mas para Deus
o que vale é a adoração pura e em espírito e em verdade.
Eu sei, respondeu
ela, que um dia virá o messias, e quando ele vier, falará assim com sabedoria e
dirá tudo o que você esta falando.
Pois o Messias sou eu. Eu que falo contigo.
Ela creu. E esqueceu ate que viera buscar água, deixou
o pote, deixou o balde e correu pra cidade, foi em busca de outras pessoas para
conhecer aquele que falava com tanta sabedoria, e que apesar de conhecer sua
vida não lhe pregou um sermão, não lhe tratou mal, nem a discriminou; mas pelo
contrario; tratou-lhe bem e demonstrou afeto e respeito.
Com o seu testemunho quase toda a cidade desceu para
conhecer aquele que aquela mulher falava com tanta convicção.
Nesse ínterim, os discípulos voltaram e ainda viram
Jesus conversando com a mulher, e ate ficaram admirados de verem Jesus
conversando com uma estranha. Ofereceram-lhe a comida e ele rejeitou. Disse que
não estava com fome. Então eles perguntaram? Quem lhe trouxe comida? Ele
respondeu. Vocês dizem que ainda faltam meses para o tempo da colheita e eu
lhes digo que o tempo já chegou. Levantai os olhos e vejam, os campos estão brancos
para a ceifa. Então olharam e viram uma multidão que descia apressada para ver
e ouvir Jesus.
Deste
episódio aprendemos algumas lições
a) Atitude farisaica só atrapalha o crescimento da
igreja. Pois até Jesus se afasta e vai à procura de outros lugares. Jesus mudou
de lugar porque os fariseus eram contra ele batizar, ainda hoje há fariseus que
são contra o batismo; a menos que o batizando já esteja totalmente puro, quase
sendo trasladado.
b) Deus não faz acepção de pessoas.
Mesmo aquelas que para nós, são casos
perdido, para Ele não o é. E essas pessoas poderão ser muito úteis à igreja, e
fazer um grande trabalho em prol do evangelho.
É o caso da samaritana. Com certeza ela
era muito discriminada na sua cidade, e esse perguntassem a um fariseu se ela
deveria ser batizada, é bem provável que a resposta fosse um não; porem se
tornou a primeira missionária entre os samaritanos.
Por essa razão que não devemos fazer
nenhum tipo de discriminação. Nem de raça, credo, cor, posição social ou
religião; pois só Deus sabe o motivo porque as pessoas agem e ele tem poder e
deseja mudar as pessoas.
c) Precisamos ter tato.
Para levarmos pessoas a Jesus, precisamos ter
sabedoria para não agredirmos ninguém nem menosprezar suas convicções
religiosas, pois a pessoa pode até estar errada, mas crendo sinceramente que
tem a verdade.
A samaritana havia sido ensinada a adorar no monte
gerezim e respeitava a sua religião, tanto quando os judeus; se Jesus lhe
tivesse dito de cara que ela estava errada, teria perdido aquela alma, mas foi
sábio o suficiente para desviar a atenção do lugar da adoração, para aquele a
quem devemos adorar. Os adoradores verdadeiros adoraram o pai em espírito e em verdade. Disse. Quando
ela já estava de coração aberto, sem mais preconceitos, foi que então que ele
lhe lembrou que o templo dos judeus tinha um ritual lógico, pois fora
instituído pelo próprio Deus e ali tudo apontava pra Jesus. ‘Nós sabemos o que
adoramos’ ele disse. E que o templo de gerezim não tinha nada a vê. Disse ainda
que a salvação vêm dos judeus, ou seja, o Cristo nasceria em Belém da Judéia e
não em alguma cidade de Samaria.
Foi com tato e amor que Cristo ganhou aquele coração,
e só assim seremos bem sucedidos em ganhar, se agirmos igual.
d) Os campos estão maduros para a ceifa.
Em todos os lugares, em todas as igrejas, na
vizinhança, entre nossos colegas de trabalho, mesmo em nossa família, há
pessoas carentes do evangelho, esperando uma palavra nossa, um convite, um
aceno de mão.
Conheci uma senhora vizinha, de um adventista. Que
sonhava em ser convida por esses vizinhos para ir assistir um culto em nossa
igreja. Mas a vizinha nunca a convidava, e ela tinha vergonha de se oferecer
pra ir lá. Algumas vezes chegou a sair de casa para ir a nossa igreja, mas
quando chegava à porta, ficava com vergonha de entrar, pois pensava. ‘Já que
não me convidam é porque não é permitida a entrada de estranhos’. E voltava para
casa. Até que um dia uma outra vizinha da igreja batista a convidou, ele foi e lá está, até hoje.
‘Não dizeis: ainda quatro meses para a ceifa? Eu vos
digo: erguei os vossos olhos, e vede os campos! Estão brancos para a ceifa’. João
4: 35.
Amem.
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