Um BASTA aos pregadores FILHOS DA SANGUESSUGA!
Por Hermes C. Fernandes
"A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam, quatro que nunca dizem: Basta. A sepultura, a madre estéril, a terra que não se farta de água, e o fogo, que nunca dizem: Basta”. Provérbios 30:15-16
Que vergonha!
Como Sansão, temos sido expostos publicamente ao vitupério, para
que o mundo se divirta às nossas custas. Fomos de um extremo ao outro:
de heróis da fé a bobos da corte. Deitamos no colo de Dalila, permitindo
que ela passasse sua afiada navalha em nossa honra. Dentro da
simbologia bíblica, “cabelos” significam honra. É preferível ter a
navalha em nossa própria carne, a tê-la em nossa honra.
Tivemos nossos olhos vasados, e fomos empregados no moinho dos
filisteus. De inimigo "número um" do pecado, da injustiça e da
corrupção, tornamo-nos na força motriz que mantém seu moinho em
movimento. O sistema contra o qual lutávamos nos domesticou. Perdemos a
ferocidade. E agora, inofensivos, somos expostos no Templo de Dagon,
ridicularizados por aqueles que antes nos temiam e respeitavam.
Temos sido pegos com a mão na botija! Flagrados fazendo o que
sempre condenamos com tanta veemência. Dinheiro na cueca, na meia, na
Bíblia, na alma. A Besta do Apocalipse nos etiquetou.
Resta-nos o último pedido! Alguém se candidata a fazê-lo?
Quem se colocará entre os pilares do templo de Dagon?
Quem diria que um dia teríamos que orar, pedindo: Só mais uma vez, Senhor! Volta a dar-nos a força que tínhamos. Hoje temos força política, mas não temos força moral, muito menos espiritual.
De acordo com Salomão, a sanguessuga é mãe de gêmeos homônimos.
Suas crias são conhecidas com o sugestivo nome de “Dá”. Elas são
comparadas à três coisas que nunca se fartam, e quatro que jamais dizem
“basta”: a sepultura, a madre estéril, a terra que não se farta de água,
e o fogo, que em sua fúria, jamais se sacia.
Dá e Dá são a “igreja”(com “i” minúsculo, mesmo) e as
instituições públicas, que numa relação incestuosa, geram cada vez mais
sanguessugas, ávidas de poder, fama e dinheiro. Talvez hoje, Salomão as
chamasse de "Toma lá" e "Dá cá".
A sepultura é aquela que recebe o cadáver, e o decompõe. Não há
excessão: todos os que nela são colocados se corrompem (nos dois
sentidos). A sepultura é semelhante às filhas da sanguessuga.
No caso em questão, a sepultura é a igreja evangélica
institucionalizada, que tornou-se o ambiente onde cadáveres vivos,
verdadeiros zumbis, estão se decompondo em plena luz do dia. A ética é
relativizada e flexibilizada de acordo com os mais excusos interesses.
Engole-se camelos, enquanto mosquitos são cuidadosamente coados.
A madre estéril é a igreja que já não gera filhos, pois vive de
adesões, e não mais de conversões. Dada a sua esterilidade, ela “adota”
filhos, que às vésperas das eleições, forjam conversões, para conquistar
os votos dos irmãos desavisados.
A terra, por sua vez, tem um incrível poder de absorção. Não
importa o volume de água, ela sempre o absorve. Assim, a igreja
evangélica vem absorvendo as práticas do mundo, sob o pretexto de
contextualizar-se, tornando-se menos intransigente, e mais atraente aos
olhos do mundo, principalmente dos poderosos.
O fogo voraz não pode ser detido. Por onde passa, deixa um lastro de destruição e prejuízo. Tal é o apetite das filhas da sanguessuga.
São subproduto da relação incestuosa entre igreja e Estado.
Não bastasse a exploração que tem sido feita nos púlpitos, por
profeteiros da hora, servos de Mamom, pastores agora trocam seus
púlpitos por palanques, e o templo pelo plenário. E pior, negociam sua
unção, por um apetitoso prato de lentilhas.
Os votos dos crentes tornaram-se moeda de troca. A honra da
Igreja é vendida por alguns milheiros de tijolos, sacos de cimento,
instrumentos musicais, carro, propriedades e cargos públicos para o
pastor e seus familiares, etc.
Seria esta a igreja que em Apocalipse causa náuseas em Jesus? Não
estaria ela prestes a ser vomitada? Ou seria esta a que Jesus ameaça
tomar-lhe o candeeiro?
Se a igreja evangélica perder seu candeeiro, passará a funcionar na clandestinidade espiritual. Seu Alvará celestial terá sido cassado.
Que Deus tenha misericórdia de nós!
Ou que ele nos tire a tempo desta nova Babilônia que começa a configurar-se.
Não foi com isso que sonharam os Reformadores. Não era esta a
igreja que Jesus tinha em mente, quando afirmou que as portas do inferno
não prevaleceriam contra ela.
A Igreja dos sonhos de Deus é bem diferente da Sanguessuga e suas
filhas. Enquanto estas jamais dizem "basta", a genuína Igreja é a que
declara em uníssono com Paulo: "A Tua Graça me basta!"
* Escrito e postado originalmente em 26 de janeiro de 2010. Do site Hermes Fernandes
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