Acabei de chegar em Araguacema, vindo de Tarumã, um assentamento que fica a 200 quilômetros de minha casa. Estou fazendo um programa de evangelismo ali, igreja cheia, todas as noites.
Digo igreja, mas é apenas um barracão onde os membros se reúnem. Vocês não imaginam o que é dirigir a noite 25 Km, por uma estrada deserta, onde não se cruza com nenhum carro ou moto. Mas tenho que fazer isto, pois é em Araguacema que estou hospedado. Volto só, toda noite, eu e Deus.
Nesta mesma estrada, dois meses atrás, por poucos segundos eu não entrei debaixo de um caminhão parado e abandonado à margem da estrada. O caminhão não está mais ali, porém o perigo continua. O que tenho que cuidar é com os animais que cruzam a estrada. É comum cruzarem a estrada tamanduás, tatus, jaguatiricas, antas e veados. No mês passado, três veados foram atropelados nas estradas da região, dois deles a 10 quilômetros de minha casa, um deles, eu vi ainda caido e morto na estrada e a moto de quem o havia atropelado estava caída ao lado - alguém havia socorrido o motoqueiro e o levado ao hospital.
Outro povoado que tenho que visitar é Muirakitã. Qualquer semelhança com nomes indígenas não é mera coincidência. Os indios jé não existem, porém os nomes ficaram. Em Muirakitã distribuímos o livro "A Grande Esperança", e as professoras da escola pública o estão usando como conteúdo para aulas de religão. Um detalhe: elas não são adventistas e nem mesmo conhecem nossas doutrinas. Amanhã irei visitá-las para conhecê-las e levar-lhes mais literatura
Quem vive na cidade grande não sabe a emoção de trabalhar nestes recantos! É mil vezes melhor que enfrentar a angústia de um trânsito pesado de uma capital.
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