Ana Paula Garcia
Quando foi a ultima vez que conversamos?,
eu me recordo que já faz algum tempo,
eu não me lembro ao certo,
mas notei que muitas vezes estavas por perto.
Já não sou aquela criança
em que na infância,
havia mas liberdade de expressão.
Lembro-me ainda que,
não era maldade,
mas pura simplicidade,
Eu dizia:
quando eu crescer eu vou me casar com você;
tudo era motivo de graça
e a brincadeira era com meu pai.
Bem eu não me lembro quando foi
a ultima vez que tive uma conversa sincera
sem receio e sem preconceito,
sem acusações, sem interrupções,
já faz algum tempinho
uns 20 ou mais aninhos
que falar o que se pensa
ainda não era uma ofensa
ou deixava uma magoa,
Eu era uma criança.
Ajude-me a crescer,
e a entender o mundo por onde estou caminhando,
O céu por onde eu passava, era mais azul,
As borboletas ainda era uma revoada revoltante
pra quem tinha pavor e medo,
O segurar na minha mão me fez perder o medo,
eu tinha mais equilíbrio pra andar.
Eu queria crescer e esquecer quem eu fui,
pois estou amando.
Quem eu sou?..
Não, lamentavelmente não posso dizer isso ainda,
pois há um bombardeio que incendeia todo dia
a imagem de quem eu sou;
me mostrando em um corpo enorme
o que precisa e não preciso.
Quando meus pés já não querem caminhar,
quando meus pensamentos já são todos misturados,
onde tenho que fazer muitas escolhas...
Sim escolhas,
são elas as determinantes dessa vida
que hoje vivo, na aflição avassaladora
que atropela meus pensamentos singelos,
pela mediocridade do meu crescimento,
da maturidade ainda imatura,
pois cresci, e tenho que andar,
e agora sozinha devo seguir.
E,... já faz muito tempo,
e meu coração ainda se engana,
na menininha pequena que não queria crescer,
nas palavras incertas,
onde havia risos e correções doces.
A vida castiga, e a rapadura é dura,
E como dura... e não pode parar...
Eu queria congelar no tempo
ou trazer para meu tempo,
o apreço de amar e ser amada,
de chorar e ser consolada,
de cair e ser carregada,
de sorrir e ter um olhar fixo dizendo-me.
Você sorri tão gostoso!
Gostaria de ter minhas grandes frustrações,
como meu pirulito caído,
meu sorvete derretido,
ou o ovo de páscoa de numero 21, que não ganhei,
pois queria um bem grandão.
Desde a ultima vez que conversei
eu ia crescendo e não ia percebendo
que carregava comigo os traços de uma geração,
o sabor amargo da independência,
de saltar do meu lar,
de não mas receber os aplausos familiar,
e ter agora a tirania e a ditadura,
das legislações já pré-concebidas
da atualidade que eu já andava fazendo parte
que adentrava dentro do meu interior,
que me fez trocar o pijama infantil,
e que acima de tudo, eu compactuei com tudo isso,
fui enganada,
eu não vi, o tempo passar.
A gente cresce.
Não é tarde ainda para sonhar,
sermos cidadãos de respeito,
receber e dar o que uma sociedade frustrante
geme por atos despercebidos,
por crescimentos maus compreendidos,
o caiu a ficha ainda não caiu,
crescemos e os mimos ainda queremos,
e hoje vemos que a coisa esta mudando
drasticamente, rapidamente,
As crianças estão sendo torturadas lentamente
pela megalomania das tecnologias
e dos avanços estúpidos
que não as deixam ter a infância
que jamais queria sair.
Os atropelamentos modernos
fazem bonsai infantis
que são carinhosamente recebidas como inteligentes,
ou avançados, adiantados,
sabe tudo, ou estrela infantil.
Uma mediocridade sem limites.
O banho de rio ou mar no exterior
estão marcados em “junhembro”,
onde os junhos e os dezembros
estão amontoados de pimpolhos desgovernados,
claro, porque aquilo é fato raro
para quem tem pais tão ocupados
esperando as férias benditas.
O choro lamentável dessa geração que carrego comigo.
E, onde você esta meu amigo?...
Sim, já há muito tempo que não conversamos livremente
sem que alguém tente nos compreender,
estou ha muito tempo marcando
e sempre algo vem adiando
e não sei o porque.
Talvez eu ainda me engane,
ou fuja desse tormento de crescer,
e ter que acompanhar as regras
dessa sociedade que impõe sobre mim,
minha casa, meu lar.
Todo mundo tem uma criança dentro de si, mas cadê?
Eu nunca vi,
Eu só vejo pessoas com cara de paisagens,
sorrindo,
e quando perguntamos como vai,
é onde o desabamento vem.
Sim, a infância está ficando tão rara,
pois os que nascem já querem logo crescer.
Sim já faz muito tempo, que não conversamos,
tenho obrigações, tenho planos,
idéias, compromissos,
uma correria infernal
e ainda tenho que acompanhar as ultimas tendências da moda,
pra não ser chamada de careta e sem graça.
Pouco não?...
Para quem não queria crescer...
Ana Paula Garcia é dona de casa, mora em Goiania, e é poetisa nas horas vagas
Um comentário:
Ficou 10 , um viva pra mim! rsrsrsrsrs
Postar um comentário