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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Incompreensão Moderna

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Por Ana Paula Garcia










A Incompreensão Moderna 



Eu queria entender, ver, sentir, 
Ou talvez sumir. 
Não sei qual opção é mais favorável 
Pra essa avalanche estúpida, chamada modernização. 

Tudo o que eu quero é o ser, é ter,  
Queria o dever. 
Eu queria compreender o incompreensível, 
Ver o invisível, 
Fazer o impossível, 
Ser a satisfação do seu sorriso. 

Ouvir o sonho ingênuo do sonhador, 
Sem correr o risco de sofrer uma desforra. 

A migalha que cai, 
Sufoca a garganta de quem canta, 
Deprime o vagabundo, 
Humilha o abastado. 

O Verbo transitório, 
O iludido, perdido, absurdo, 
Vaga na mente da gente, 
“De gente” 
Do executivo transigente, inteligente, 
Do medíocre ignorante ao valente. 

Tudo isso não fecha o buraco profundo 
Que invade a compreensão insana 
Do coração ferido, quebrado, remendado 
Do ser atordoado e magoado.  

Eu queria um momento de glória, 
Uma página nessa história, 
Do ser, ter, querer, do entender... 

A incompreensão não tem limites, 
É vendo e crendo. 
E ao discernir essa metamorfose da “encrenca”, 
Que é este outro ser; 
É ter uma ideia vaga, de que tudo é possível.

Vendo, sabe-se no que vai dar. 
E eu só queria entender...  
Se é que você me entende!

Lutar pra fazer sorrir ao que padece, 
Trazer o amor para quem não tem mais satisfação,  
Tocar na alma do iludido; 
E fazer ver; ao transitório e ignorante, 
A mediocridade que assola as elites, 
Os “barriga verde” 
Os cheios de “autoestima alta” 
Que juram que sabem mais. 

Oh sim, como eu queria o ser e o ter, 
Para entender, essa nossa trajetória de vida. 
Essa “bagunça organizada”, 
Valores  perdidos, na mala,  
Mudou para Somália, acredito, 
E lá morreu de vez.

A compreensão humana resolveu ir junto 
Com os valores e a decência moral. 
O carinho o amor fraternal, ágape, eros... 
Está uma decadência. 

A classe dos magnatas, 
Dos doutores, da elite, 
Dos eruditos, do que é, e não é, 
Do ser ou não ser, idem.

Dói. 
Dói ver a competitividade, 
A desigualdade, 
A corrida pela sobrevivência, 
O luxo desmedido dos imprudentes, 
Incompetentes, corruptos, 
Ante ao escasso pão e água 
Do laborioso homem sofredor.

Dói  sentir a dor da perda, 
Dos amores que não voltam mais. 
Medito na “gentileza”, camuflada no sorriso, 
Pelo olhar, da elegância transvestida de “humildade”, “Generosidade”, “honestidade", 

Medito na deselegância do erro, 
Mudando, florindo, 
Reconhecido e recebendo o perdão. 

Imagino o fingimento banido 
Pela áurea da sinceridade, 
Onde a desconfiança cai, 
E nasce a certeza, a segurança e a satisfação de um ser.

Ter, e querer ser, mais humano e justo; 
É mais justo e mais humano. 

Dói saber, que boas maneiras, 
Só ficam no papel. 
Modernização agora  é outro nível, é falcatrua. 
A decência e o resto foram para o beleléu.
Sinceramente fico aturdida, 
também perdida, 
Com a extinção prazerosa do ser, do ter e do querer, 
Do envolvimento afetivo correto, lindo de ver. 

Fico aturdida com a extinção, da solidariedade, 
Tão rara, da amizade tão cara, 
Valia a pena ter, segurar, ser, querer...  

Não há duvidas que tudo isso ainda exista, 
Estão todos  ali, sendo sufocados, esmagados, 
Mudados pela pressão 
Da “quebra dos paradigmas” 
Entrando a modernização, 
Que está vindo a todo vapor. 

Eles estão ali, escondidos 
Por um número insignificantes 
Dos chamados valores dignos e decididos, 
Que alguns insistem em chamá-los de caretas, 
Desqualificados e ultrapassados 
Por estes novos conceitos da atualidade. 
E a tensão emocional é intensa devido à pressão da sociedade.

Deixamos muitas vezes o ser, o ter, e o querer...
Para, nos
  entregar aos ditames dessa sociedade, 
Tão pouco igualitária, 
Que me enoja, e me faz chorar. 

Há uma luz bruxuleando no meu ser.
Sim, uma luz  tremula e solitária.
Ela quer entender e compreender esta devastação,
Causada pela falta do ser, do ter, do querer o amor,
De querer amar.
De acreditar que podemos muito mais.
Que o importante não é apenas  ter,
É ser, é querer, é amar.
É o amor.  
Ana Paula Garcia é poetisa, mora em Goiania, e é colaboradora deste blog.

3 comentários:

hsanches1990@hotmail.com disse...

Esse é sem dúvida um dos artigos mais bem escritos que eu já li em toda a minha vida. Parabéns priminha =]

Silza Alcione de M. M. Santos disse...

Q lindo Ana Paula....
Não sabia q vc escrevia e ditava os anseios de nossos corações tão bem!
Parabéns!!!!!
Que Deus conserve e só engrandeça cada vez mais este belo dom!!!

Blog do Pastor Manoel Barbosa disse...

Concordo com voces. Ana paula escreve muito bem. Deveria estudar jornalismo. Eu tenho o maior prazer em tê-la como colaboradora deste Blog

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