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segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A PARÁBOLA DOS TRABALHADORES NA VINHA

Mateus 20:1-16.

Vivemos em um mundo de injustiças sociais. Uns trabalham muito e ganha pouco. Outros trabalham pouco e ganham muito.
É comum nas repartições, funcionários trabalhar o dia todo, enquanto outros nadam fazem e ganham melhor, apenas por ser parente do chefe ou por terem sido nomeados por um político de influencia.
Isto tem sido motivo de desgosto, revolta, e até greves.
O Brasil tem sido palco de muitas greves. Toda a classe trabalhadora faz greves. Motoristas, Bancários, policiais, funcionários do INSS, judiciário etc... Alguns conseguem a reivindicação que propõe, outros não, e ficam mais desgostosos ainda.
A doutrina cristã quase sempre parece andar na contra mão da história. Os conceitos cristãos, muitos das vezes, destoam das opiniões dos homens, e choca-se com muito dos conceitos sociais defendidos pela humanidade. Por isto que o cristianismo ainda continua impopular para muitos
A parábola dos trabalhadores na vinha traz alguns conceitos diferentes dos que conhecemos hoje como justiça social.
Todo texto bíblico tem duas aplicações. A aplicação homilética, que é o texto aplicado à vida moderna, e a aplicação exegética, que é a idéia central. Na primeira aprendemos lições praticas atuais, aplicadas à vida moderna. Já na segunda, temos a idéia principal, a que o que o autor tinha em mente quando escreveu o texto.

A parábola.

“Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha”. Verso 1.
Era costume, naquele tempo, os trabalhadores se reunirem na praça da cidade; e os fazendeiros ali passavam e os contratavam para trabalhar.
O fazendeiro desta história saiu de madrugada para contratar alguns. E os primeiros que encontrou, ajustou com eles a um denário a diária. O denário era uma moeda de prata cujo peso era de quase quatro gramas. Equivalente hoje a vinte reais. Foi este o preço combinado com eles. Vinte reais por uma jornada de trabalho.
Na terceira hora do dia, cerca de nove da manhã; o fazendeiro encontrou outros que estavam desocupados. Contratou-os também. (Versos 3 e 4) Só que a estes não foi ajustado o preço, disse apenas: “vão e eu pagarei o que for justo”. Quem sabe quinze reais. Eles foram contentes, pois estavam sem serviço e precisavam ganhar alguma coisa”.
Meio dia encontrou outros. Contratou-os também. Com estes, o preço também não foi estabelecido. As quinze e às dezessete horas, ainda havia trabalhadores desocupados, a todos contratou, mesmo que fosse para trabalhar pouco tempo, no caso dos últimos, apenas uma hora. Mesmo assim todos tiveram sua oportunidade.
No findar do dia o fazendeiro ordena ao capataz que pague os trabalhadores. Pois era o costume da época, os assalariados receberem o pagamento no mesmo dia. Ele ordenou que os que chegaram por último recebessem primeiro, e a ordem foi que deviam receber o mesmo que os demais, ou seja, um denário cada.
Os que chegaram primeiro, ao verem aqueles recebendo cada um, um denário, pelo trabalho de poucas horas, concluíram que receberiam muito mais do que o combinado e ficaram na expectativa de uma grande remuneração e ficaram muito decepcionados quando receberam apenas um denário cada.
Protestaram. “Isto é uma injustiça” disseram. “Nós trabalhamos o dia todo. Suportamos o sol, o calor e a rotina do dia. Não é justo que estes ganhem o mesmo que nós”. (versos 6-12.).

Resposta do fazendeiro. Amigo, não estou sendo injusto contigo. Disse ele ao líder do protesto. Nós combinamos um denário a diária. E eu estou te pagando o combinado. Se eu resolvi pagar a estes o mesmo que a você o problema é meu. É meu o dinheiro e faço dele o que eu quiser. Neste caso eu resolvi dá-lo a eles; o que você tem a ver com isto? Acaso eu não posso ser generoso com o que é meu? Prometi-te um denário, aí o tens. Vai-te, pois quero dar a este último tanto quanto a ti. (verso 14).

Aplicação homilética.
Uma das lições que aprendemos desta parábola é o valor que Deus dá a palavra empenhada.
Em um mundo secularizado onde se valoriza mais o ter do que o ser fica difícil convencer alguém a manter a palavra empenhada se isto lhe trouxer prejuízo. Pois o que acontece hoje, é uma corrida desenfreada para adquirir riquezas, e neste intento de conseguir bens, cada vez mais, muitos sacrificam seus próprios valores pessoais. Não se deseja mais uma vida digna e honesta, a luta é por riquezas, fama ou poder, é por isto que a palavra do homem perdeu credito, ninguém mais cumpre o prometido, se isto lhe traz prejuízo.
O ensino, da segura palavra de Deus, é diferente. Deus continua valorizando a palavra empenhada. Este conceito esta no salmo 15.
O salmo começa fazendo uma pergunta. “Quem, senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?”. (Verso 1).
O mesmo salmo responde esta pergunta. São várias condições para ter este privilégio, de morar no santo monte de Deus. E uma delas é que, se ele fizer um compromisso, ele deve cumprir; mesmo com prejuízo.
Veja o texto em algumas versões.
“O que jura com dano próprio e não se retrata”. (Ed. Revista e atualizada.).
“Aquele que cumpre suas promessas, ainda que vá mal”.(Ed, castelhana.).
“Se ele faz um juramento que lhe cause prejuízo, ele não volta atrás no que disse” (. Ed. francesa).
É a palavra empenhada que Deus continua valorizando. Esta é a lição principal desta parábola. E o não cumprimento da mesma, é a causa de muitos dos problemas sociais.
Os trabalhadores da vinha estavam à procura de serviço. Precisavam de dinheiro, ficaram contentes por encontrar trabalho, e aceitaram ganhar um denário por dia. No final do mesmo, voltaram atrás na palavra e queriam ganhar mais. Cobiçaram o salário dos outros, e esqueceram o compromisso feito. A palavra empenhada.
Isto acontece muito hoje. Exemplo.
O sujeito estar desempregado, e falta tudo em casa. Aluguel atrasado conta de água e luz vencidas, lhe faltam roupa e material escolar pros filhos.
Alimento só quando os parente e amigos trazem. Pede a Deus todo dia por um trabalho. Faz corrente de oração, e até promessas.
Felizmente encontra. Dois salários por mês, mais tíquetes refeições e vale transportes. Não é um bom salário, mas para que estava necessitado isto lhe parece um sonho.
Começa trabalhar. Trabalha um mês, dois, três, seis meses. Paga as contas atrasadas, atualiza o aluguel. E compra comida toda semana. Arrisca até a comprar alguns eletrônicos, televisor, aparelho de som, e um fogão novo para cozinha. Tudo a prestações. O dinheiro começa a faltar. As contas atrasam, o cobrador bate à porta e o nome vai para o SPC. Começa o desespero, ao descobrir que o dinheiro é pouco para cumprir com todos os compromissos. Aí descobre que em outra empresa, pagam o dobro do salário pelo mesmo trabalho que ele faz e ainda dão um maior numero de tíquetes refeições. Ele entra em greve, faz passeatas, e reivindica equiparação salarial.
Esquece que aquele salário foi o combinado. E ele aceitou com alegria, não era motivo agora fazer arruaças, por um salário que não lhe foi prometido. Mas é o que acontece. Quantos empregados existem por aí, que acham o patrão injusto, porque lhe pagam o salário que foi combinado.
Como dissemos no início. Os ensinos da bíblia, muitos deles, chocam-se, com os conceitos dos homens. Porem quem mudou não foi Deus. E se quisermos morar no tabernáculo de Dele, devemos pautar nossa vida pelos seus ensinos.
A segunda interpretação desta parábola é a exegética. A principal. Aquela que o autor tinha em mente quando a pronunciou.
Esta parábola foi uma resposta de Cristo a uma pergunta pecuniária dos discípulos.
Quanto receberemos por termos largado tudo para te seguir? Mat. 19:27.
Eles presenciaram a entrevista do jovem rico com Jesus. Viram-no se afastar pesaroso, por não querer dar suas riquezas aos pobres. E ouviram Jesus dizer que quem ama as riquezas não entra no céu.
Pedro alegou.
Eu deixei um barco de pesca. Mateus um bom emprego de secretário da fazenda do município. Outros deixaram outros afazeres para te seguir. O que ganharemos com isto?
Jesus respondeu. “Todo aquele que tiver deixado casas, família, irmãos, irmãs, pai, mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, recebera muitas vezes mais, e herdará a vida eterna”. Mat. 19: 29.
Para não restar dúvidas na mente dos discípulos, Cristo lhes contou esta parábola. Para que não viessem depois a pensar que no céu teriam mais privilégios que os demais, pelo fato de terem sido os primeiros que aceitaram o chamado. Ganhariam mais porque começaram mais cedo. Teriam mais regalias, porque foram os fundadores do cristianismo.
E no céu não será assim. Ninguém terá mais direitos que outros. Alguns estão na igreja a 40 ou 60 anos. Passou a vida todo dedicada à causa de Deus, ao passo que outros começaram agora, tem apenas alguns meses e nada fizeram pelo crescimento da igreja. No entanto no céu terão os mesmos direitos que os outros. Cada um vai ganhar um denário.
Esta parábola nos ensina ainda que a nossa recompensa não seja por ter feito muito ou pouco, não está baseada na bondade humana, mas na misericórdia divina. O único requisito necessário é aceitar o chamado. Todos os que aceitarem será recompensado mesmo que o tenham aceitado no ocaso da vida.
Não devemos esquecer que na obra divina, há trabalho para todos. A parábola do homem contratando pessoas a qualquer hora do dia é para nos ensinar que a qualquer momento, seremos aceitos. O mestre ainda procura trabalhadores. Você é um deles.

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