Seguidores

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Alimentação Cárnea

Comer ou não comer carne. Esse é um assunto muito discutido em nosso meio. Há quem ache que isto não tem nada a ver com salvação, e comem carne à vontade, já outros ensinam que quem come carne não vai para o céu, e citam um famoso trecho de Ellen White onde ela parece afirmar isto, que quem come carne, não entra no céu de forma nenhuma.

“Devem ser vistas maiores reformas entre o povo que pretende estar aguardando o breve aparecimento de Cristo. A reforma de saúde deve realizar uma obra entre o nosso povo que ela ainda não realizou. Há os que devem estar atentos para o perigo de comer carnes, pois ainda estão ingerindo a carne de animais, arriscando assim a saúde física, mental e espiritual. Muitos que agora estão apenas meio convertidos no tocante à questão de comer carne, se afastarão do povo de Deus para não mais andar com eles”. Review and Herald, 27 de maio de 1902.

Seria Ellen White extremista, a ponto de fechar o céu a quem come um bom bife acebolado, ou há exagero e má interpretação do texto mencionado? É pecado comer carne? Os carnívoros estarão no céu, palitando os dentes, ao lado dos magricelas naturistas? Vejamos o que diz o espírito de profecia:

Nunca julguei ser meu dever dizer que ninguém deveria provar carne sob quaisquer circunstancia”. Csra. 462.
À luz que me fora comunicada era que a carne, em condições de saúde, não devia ser cortada imediatamente”. Crsa. 413

Como se pode ver pelos textos acima, era que Ellen White não era extremista em relação a comer carne. Apesar de que a sua orientação principal era a favor do regime vegetariano.
Não precisa ser adventista para saber que o regime vegetariano é o melhor para saúde. Hoje ser vegetariano é moda. Qualquer médico explica com riqueza de detalhes, os perigos da carne vermelha. Toda mídia, hoje, faz campanha a favor da alimentação natural e a bandeira vegetariana, que era nossa, hoje já não é mais. Ela pertence a todos os que são esclarecidos e lutam por uma boa saúde.
Quanto ao texto citado no início, muitos deixaram de andar com o povo de Deus não é apenas por que comem carne, mais porque não são convertidos. E Ellen não diz que todos deixarão a igreja, diz que ‘muitos’ deixarão o povo de Deus. E isto é uma verdade. Assim como já vi muitos vegetarianos deixarem a igreja apesar de serem ‘convertidos’ à alimentação vegetariana. Em suma. Muitos que comem carne deixarão o povo de Deus, assim como muitos vegetarianos já o deixaram.
O que não acreditamos é que quem come carne, esteja definitivamente fora do céu, e que os vegetarianos sejam mais santos que os carnívoros. Primeiro, porque Ellen White não disse isto, ela nunca pôs seus escritos acima da Bíblia, e a Bíblia, em nenhum lugar condena quem come carne limpa. Ao contrario, a Bíblia tanto orienta comer carne como exemplifica na pessoa dos patriarcas e do próprio Jesus.

“Porém, segundo o desejo da tua alma, poderás matar e comer carne nas tuas cidades, segundo a benção do senhor, teu Deus; o imundo e limpo dela comerão, assim como se come da corsa e do veado” Deut, 12: 15.

Quando Jesus veio a terra em missão especial, para destruir as cidades de Sodoma e Gomorra, ele hospedou-se na casa de Abraão, e ali ele comeu carne.

“Tomou também coalhada e leite e o novilho que mandara preparar, e pôs tudo diante deles; e permaneceu de pé, junto a eles, debaixo da árvore, e eles comeram”. Gen. 18: 8.

Cristo celebrava a páscoa com seus discípulos e comia carne, pois a páscoa era, nada mais, nada menos, que um bom carneiro assado no fogo.

 “Naquela noite, comerão a carne assada no fogo; com pães asmos e ervas amargas a comerão”. Êxodo, 12: 8. E Jesus disse: “Ide prepara-nos a páscoa para que a comamos” Lucas 22: 8. “E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta páscoa” v. 15.

 A páscoa era um carneiro assado no fogo, e não no forno, portanto era um (para desespero dos fanáticos) churrasco.
Quando Elias fugia da terrível Jezabel, foi esconder-se bem distante, às margens do ribeiro querite, e ali os corvos lhe traziam diariamente, um bom sanduíche, pela manhã, e outro à tarde.

“Os corvos lhe traziam pela manhã pão e carne, como também pão e carne ao anoitecer; e bebia da Torrente. 1 Reis. 12:6”.

Jesus abençoou e multiplicou pães e peixes,

S. Mat. 14:19-21; após a ressurreição comeu peixe, Luc. 24:41-43. Pedro só não comia carnes imundas. Atos 10:14.

Não queremos com isto diminuir a importância do regime natural, nem desanimar aqueles que estão começando a se tornar vegetariano; pelo contrario, desejamos que cada adventista procure o melhor alimento para saúde, pois a serva de Deus foi muita bem clara em orientar sobre os perigos da alimentação de origem animal.

“Os hábitos e praticas dos homens, levaram a terra a tal condição que algum outro alimento precisa substituir a carne para a família humana... Devem ser preparados alimentos saudáveis e nutritivos para que os homens e mulheres, não tenham que comer carne”. Csra. 404.
“Cereais, frutas, nozes e verduras constituem o regime dietético escolhido por nosso criador”. Csra. 81.
‘Deus está atuando em favor de Seu povo. Ele não quer que fiquem sem recursos. Está reconduzindo-os ao regime alimentar fornecido originalmente ao homem. Esse regime deve consistir em alimentos feitos com produtos que Ele proveu. Os produtos principais usados na confecção desses alimentos serão frutas, cereais e frutos oleaginosos, mas várias raízes também serão usadas. ’
Devemos ser cuidadosos, em não criar nas pessoas um sentimento de culpa por ingerir carne, porque a carne, apesar de não ser o melhor alimento para a saúde, não é ponto de salvação, nem prova de comunhão.
“Não nos compete fazer do uso da alimentação cárnea, uma prova de comunhão. Csra. 404”.

Carne pode ser comida em caso de doença, e em lugares onde falta alimento para substituí-la.

“Em certos casos de doença ou exaustão, poderá ser considerado melhor usar alguma carne, maior cuidado deve ser tomado para adquirir carne de animais sadios... o regime cárneo não é o mais são, e, todavia eu não tomaria a atitude de que ele deva ser rejeitado por toda pessoa. Os que têm fracos órgãos digestivos, podem muitas vezes comer carne, quando não lhes é possível ingerir, verduras, frutas e mingaus”. Csra. 394, e 395.
Também se deve considerar a cultura e o poder aquisitivo do povo. Pois muitos têm dificuldade de aderir a alimentação vejetariana, por que a carne se torna mais barata que as verduras
‘Em alguns países em que é comum a pobreza, é a carne o alimento mais barato. Sob estas circunstâncias a mudança se efetuará sob maiores dificuldades; pode, no entanto ser operada. Devemos, porém, considerar a situação do povo e o poder de um hábito de toda a vida, sendo cautelosos em não insistir indevidamente, mesmo quanto a idéias justas. Ninguém deve ser solicitado a fazer abruptamente a mudança.
A mudança deve ser feita com alimentos baratos, nutritivos e saborosos.
O lugar da carne deve ser preenchido com alimento saudável e pouco dispendioso. A esse respeito, muito depende da cozinheira. Com cuidado e habilidade se podem preparar pratos que sejam nutritivos e ao mesmo tempo saborosos, substituindo, em grande parte, alimentos cárneos’. Csra 398
Se não for possível conciliar estas coisas, pode-se comer carne, pois a própria serva de Deus comia quando não conseguia.
“Quando não me foi possível obter o alimento de que necessitava, comi um pouco de carne, algumas vezes, mas estou ficando cada vez mais atemorizada de fazê-lo. Csra. 394”.
“Cortei imediatamente a carne de meu cardápio. Depois disto fui por vezes colocada em situações em que me senti compelida a comer um pouco de carne”. Csra. 48, {carta escrita em 1901. Em 1894 havia resolvido deixa-la de vez.}.
“Tenho visto famílias cujas circunstancias não lhes permitiam suprir a mesa com alimento saudável. Vizinhos incrédulos mandavam-lhes porções de carnes de animais mortos recentemente. Faziam sopa dessa carne, suprindo suas famílias grandes, de muitos filhos, refeições de sopa e pão. Não era meu dever, nem julgo de ter sido dever de quem quer fosse fazer-lhe conferencias sobre os males do comer carne... não é meu dever fazer-lhes discursos sobre o comer saudável”.Csra. 463.

Os advogados da alimentação natural chegam, às vezes, a condenar leite e ovos, como sendo proibido por Deus, e um empecilho à salvação. Afirmam categoricamente que estes itens devem ser banidos da alimentação, antes da porta da graça fechar, pois quando isto acontecer, quem os usa, estará definitivamente fora do céu.
Felizmente a serva de Deus não era fanática e não ousou fechar o céu a quem usasse leite, ovos, manteiga, ou qualquer outro produto de origem limpa. O que Ela orientou, foi sobre os perigos destes alimentos, pois qualquer um hoje em dia, já sabe dos perigos que estes produtos podem trazer ao organismo devido às doenças que podem transmitir. Mas quem disse que as verduras de hoje são cem por cento saudáveis?... Quantas toneladas de venenos não são lançadas nas hortas de hoje diariamente?...

Mas voltando aos ovos, leite e manteiga. Veja o que ela diz.

Conquanto eu rejeite os alimentos cárneos como nocivos, pode-se usar alguma coisa menos objetável, e isto se encontra nos ovos. Não retire da mesa o leite, nem proibais seu uso no cozimento de alimentos. O leite que se usa deve ser conseguido de vacas sadias, e ser esterilizado.
Os que assumem um ponto de vista extremo quanto à reforma de saúde correm o risco de preparar pratos insípidos. Isto se tem feito repetidamente. O alimento ficou tão insípido que era recusado pelo estômago. O alimento dado aos doentes deve ser variado. Não lhes devem ser dados os mesmos pratos vez após vez. ...
Tenho-vos dito estas coisas porque fui instruída de que estais prejudicando vosso corpo mediante um regime de miséria. Devo dizer-vos que não convirá instruirdes os estudantes como tendes feito, acerca da questão do regime, porque vossas idéias acerca de descartar certas coisas não serão para benefício dos que carecem de auxílio. Csra 203.
“Leite e ovos não devem ser classificados entre os alimentos cárneos”. Csra. 402
“Obtende ovos de galinhas sadias, usai estes ovos cozidos ou crus... Leite e ovos devem ser incluídos em vosso regime”. Csra. 205.
“Não lhes posso dizer: não deveis comer ovos, nem leite, nem creme; não deveis usar manteiga no preparo do alimento... não chegou o tempo de prescrever o regime mais estrito”.Csra. 206.
“Não julgue ninguém que deva apresentar uma mensagem pormenorizada quanto aos artigos que nosso povo deva por á mesa. Os que assumem uma atitude extrema verão afinal que os resultados não são o que julgavam fossem”.Csra. 210.
“A reforma dietética deve ser progressiva”. CBV. 321.

Os fanáticos da reforma da saúde põem os alimentos de origem animal no mesmo nível dos alimentos tóxicos como, álcool, café fumo etc. Já vi alguns ensinando que comer um churrasco é equivalente a fumar 600 cigarros. Bobagens como esta leva algumas pessoas simples a sentirem remorsos quando come algum alimento de origem animal. Não tem como deixar os alimentos cárneos, por não terem condições de mudar de hábitos, porem se sente crentes de segunda classe por que ainda usam esses produtos. Felizmente a serva de Deus pensava diferente e deixou instruções para que não devêssemos colocar alimentos de origem animal em pé de igualdade com produtos tóxicos.

“Chá, café, fumo e álcool precisam ser apresentados como condescendências pecaminosas. Não podemos pôr à carne, os ovos, a manteiga e o queijo em pé de igualdade com esses artigos colocados sobre a mesa. Estes não devem ser postos na frente, como o tema principal de nossa obra. Os primeiros - chá, café, fumo, cerveja, vinho e todas as bebidas alcoólicas - não devem ser ingeridos moderadamente, mas rejeitados. Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 287”.

Ninguém deve ser critério para os outros. Se você não deseja comer, o que quer que seja, é um direito seu. O que você não deve é sair por aí, atanazando a vida dos outros, porque ainda come alimentos que você considera pecado. Nunca faz mal, uma leitura atenciosa de romanos quatorze, onde o apóstolo insiste que respeitemos os direitos dos outros, e prezemos a liberdade alheia.

Ellen White falava a mesma linguagem.

“Os que não tem, senão, parcial compreensão dos princípios da reforma, são, muitas vezes, os mais rígidos, não somente em viver segundo as suas próprias idéias, como em insistir nas mesmas para com a família e os vizinhos... ninguém devia criticar outros porque não esteja, em todas as coisas, agindo de acordo com seu ponto de vista”.CBV. 316-319.
“Não me ponho como critério para eles,... uma pessoa não pode ser critério para outros em questão de comida. Impossível é fazer uma regra para ser seguida por todos”. Csra. 491. Carta 127. 1904 ““.
A Sra. White era tão equilibrada que, a alguém cujo estomago não digeria bem outros alimentos, ela serviu carne.
“ Instantes alegações foram feitas de que alguém não podia comer isto ou aquilo, e que seu estômago podia digerir carne melhor que qualquer outra coisa. Assim fui incitada a pô-la na minha mesa”. Csra. 489. Carta 73a 1896. [três anos após a resolução de não mais tocar em carne]

Para concluir, vejamos o que o apóstolo Paulo disse sobre essas disputas envolvendo alimentação.

Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes Rom. 14: 2.
O que come não despreze o que não come, e o que não come não julgue o que come, pois Deus o recebeu por seu.
Quem és tu, que julga o servo alheio? Para seu próprio senhor ele esta em pé, ou cai. E estará firme, pois poderoso é Deus para o firmar. Rom. 14: 3,4.

Com estas palavras, o apóstolo não estava incentivando ninguém a comer carne, muito menos, carne imunda como alguns dizem. O que Paulo queria ensinar que não é nosso dever sair por aí, condenando quem quer que seja por motivo de comida.

Veja mais estes versos.
Se por causa de comida entristece o teu irmão, já não andas conforme o amor. Não faças perecer por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu.
Pois o reino de Deus não é comida, nem bebida; mas justiça, paz, e alegria no Espírito Santo.
Porque quem nisto serve a Cristo, agradável é a Deus, e aprovado pelos homens.
Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz, e para a edificação de uns para com os outros.
Não destrua por causa da comida a obra de Deus. É verdade que tudo è limpo; mas é errado comer com escândalo.
Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que o teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça. Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena naquilo que aprova.
Mas aquele que tem dúvidas se come, está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não provem da fé é pecado. Romanos. 14: 15-23.

Como se pode ver pelos que foi exposta acima, a melhor alimentação ainda é a vegetariana, e devemos fazer todo o esforço possível para substituir a alimentação cárnea do nosso cardápio.
Ser vegetariano é mais que um direito, pela luz que temos, é uma obrigação que todos deveríamos seguir.
Porém não devemos ser fanáticos ao extremo de querer fechar o céu a quem ainda come carne. Pois o julgar pertence a Deus. E se Ele, através da Bíblia, não condenou os que comem carne limpa, tampouco o Espírito de Profecia o fez, não seremos nós que havemos de fazê-lo.




Pr. Manoel Barbosa da Silva

Bibliografia

Crsa. -Conselho sobre regime alimentar
CBV -Ciência do bom viver
ME -Mensagens Escolhidas
C -Cartas

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A PARÁBOLA DOS TRABALHADORES NA VINHA

Mateus 20:1-16.

Vivemos em um mundo de injustiças sociais. Uns trabalham muito e ganha pouco. Outros trabalham pouco e ganham muito.
É comum nas repartições, funcionários trabalhar o dia todo, enquanto outros nadam fazem e ganham melhor, apenas por ser parente do chefe ou por terem sido nomeados por um político de influencia.
Isto tem sido motivo de desgosto, revolta, e até greves.
O Brasil tem sido palco de muitas greves. Toda a classe trabalhadora faz greves. Motoristas, Bancários, policiais, funcionários do INSS, judiciário etc... Alguns conseguem a reivindicação que propõe, outros não, e ficam mais desgostosos ainda.
A doutrina cristã quase sempre parece andar na contra mão da história. Os conceitos cristãos, muitos das vezes, destoam das opiniões dos homens, e choca-se com muito dos conceitos sociais defendidos pela humanidade. Por isto que o cristianismo ainda continua impopular para muitos
A parábola dos trabalhadores na vinha traz alguns conceitos diferentes dos que conhecemos hoje como justiça social.
Todo texto bíblico tem duas aplicações. A aplicação homilética, que é o texto aplicado à vida moderna, e a aplicação exegética, que é a idéia central. Na primeira aprendemos lições praticas atuais, aplicadas à vida moderna. Já na segunda, temos a idéia principal, a que o que o autor tinha em mente quando escreveu o texto.

A parábola.

“Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha”. Verso 1.
Era costume, naquele tempo, os trabalhadores se reunirem na praça da cidade; e os fazendeiros ali passavam e os contratavam para trabalhar.
O fazendeiro desta história saiu de madrugada para contratar alguns. E os primeiros que encontrou, ajustou com eles a um denário a diária. O denário era uma moeda de prata cujo peso era de quase quatro gramas. Equivalente hoje a vinte reais. Foi este o preço combinado com eles. Vinte reais por uma jornada de trabalho.
Na terceira hora do dia, cerca de nove da manhã; o fazendeiro encontrou outros que estavam desocupados. Contratou-os também. (Versos 3 e 4) Só que a estes não foi ajustado o preço, disse apenas: “vão e eu pagarei o que for justo”. Quem sabe quinze reais. Eles foram contentes, pois estavam sem serviço e precisavam ganhar alguma coisa”.
Meio dia encontrou outros. Contratou-os também. Com estes, o preço também não foi estabelecido. As quinze e às dezessete horas, ainda havia trabalhadores desocupados, a todos contratou, mesmo que fosse para trabalhar pouco tempo, no caso dos últimos, apenas uma hora. Mesmo assim todos tiveram sua oportunidade.
No findar do dia o fazendeiro ordena ao capataz que pague os trabalhadores. Pois era o costume da época, os assalariados receberem o pagamento no mesmo dia. Ele ordenou que os que chegaram por último recebessem primeiro, e a ordem foi que deviam receber o mesmo que os demais, ou seja, um denário cada.
Os que chegaram primeiro, ao verem aqueles recebendo cada um, um denário, pelo trabalho de poucas horas, concluíram que receberiam muito mais do que o combinado e ficaram na expectativa de uma grande remuneração e ficaram muito decepcionados quando receberam apenas um denário cada.
Protestaram. “Isto é uma injustiça” disseram. “Nós trabalhamos o dia todo. Suportamos o sol, o calor e a rotina do dia. Não é justo que estes ganhem o mesmo que nós”. (versos 6-12.).

Resposta do fazendeiro. Amigo, não estou sendo injusto contigo. Disse ele ao líder do protesto. Nós combinamos um denário a diária. E eu estou te pagando o combinado. Se eu resolvi pagar a estes o mesmo que a você o problema é meu. É meu o dinheiro e faço dele o que eu quiser. Neste caso eu resolvi dá-lo a eles; o que você tem a ver com isto? Acaso eu não posso ser generoso com o que é meu? Prometi-te um denário, aí o tens. Vai-te, pois quero dar a este último tanto quanto a ti. (verso 14).

Aplicação homilética.
Uma das lições que aprendemos desta parábola é o valor que Deus dá a palavra empenhada.
Em um mundo secularizado onde se valoriza mais o ter do que o ser fica difícil convencer alguém a manter a palavra empenhada se isto lhe trouxer prejuízo. Pois o que acontece hoje, é uma corrida desenfreada para adquirir riquezas, e neste intento de conseguir bens, cada vez mais, muitos sacrificam seus próprios valores pessoais. Não se deseja mais uma vida digna e honesta, a luta é por riquezas, fama ou poder, é por isto que a palavra do homem perdeu credito, ninguém mais cumpre o prometido, se isto lhe traz prejuízo.
O ensino, da segura palavra de Deus, é diferente. Deus continua valorizando a palavra empenhada. Este conceito esta no salmo 15.
O salmo começa fazendo uma pergunta. “Quem, senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?”. (Verso 1).
O mesmo salmo responde esta pergunta. São várias condições para ter este privilégio, de morar no santo monte de Deus. E uma delas é que, se ele fizer um compromisso, ele deve cumprir; mesmo com prejuízo.
Veja o texto em algumas versões.
“O que jura com dano próprio e não se retrata”. (Ed. Revista e atualizada.).
“Aquele que cumpre suas promessas, ainda que vá mal”.(Ed, castelhana.).
“Se ele faz um juramento que lhe cause prejuízo, ele não volta atrás no que disse” (. Ed. francesa).
É a palavra empenhada que Deus continua valorizando. Esta é a lição principal desta parábola. E o não cumprimento da mesma, é a causa de muitos dos problemas sociais.
Os trabalhadores da vinha estavam à procura de serviço. Precisavam de dinheiro, ficaram contentes por encontrar trabalho, e aceitaram ganhar um denário por dia. No final do mesmo, voltaram atrás na palavra e queriam ganhar mais. Cobiçaram o salário dos outros, e esqueceram o compromisso feito. A palavra empenhada.
Isto acontece muito hoje. Exemplo.
O sujeito estar desempregado, e falta tudo em casa. Aluguel atrasado conta de água e luz vencidas, lhe faltam roupa e material escolar pros filhos.
Alimento só quando os parente e amigos trazem. Pede a Deus todo dia por um trabalho. Faz corrente de oração, e até promessas.
Felizmente encontra. Dois salários por mês, mais tíquetes refeições e vale transportes. Não é um bom salário, mas para que estava necessitado isto lhe parece um sonho.
Começa trabalhar. Trabalha um mês, dois, três, seis meses. Paga as contas atrasadas, atualiza o aluguel. E compra comida toda semana. Arrisca até a comprar alguns eletrônicos, televisor, aparelho de som, e um fogão novo para cozinha. Tudo a prestações. O dinheiro começa a faltar. As contas atrasam, o cobrador bate à porta e o nome vai para o SPC. Começa o desespero, ao descobrir que o dinheiro é pouco para cumprir com todos os compromissos. Aí descobre que em outra empresa, pagam o dobro do salário pelo mesmo trabalho que ele faz e ainda dão um maior numero de tíquetes refeições. Ele entra em greve, faz passeatas, e reivindica equiparação salarial.
Esquece que aquele salário foi o combinado. E ele aceitou com alegria, não era motivo agora fazer arruaças, por um salário que não lhe foi prometido. Mas é o que acontece. Quantos empregados existem por aí, que acham o patrão injusto, porque lhe pagam o salário que foi combinado.
Como dissemos no início. Os ensinos da bíblia, muitos deles, chocam-se, com os conceitos dos homens. Porem quem mudou não foi Deus. E se quisermos morar no tabernáculo de Dele, devemos pautar nossa vida pelos seus ensinos.
A segunda interpretação desta parábola é a exegética. A principal. Aquela que o autor tinha em mente quando a pronunciou.
Esta parábola foi uma resposta de Cristo a uma pergunta pecuniária dos discípulos.
Quanto receberemos por termos largado tudo para te seguir? Mat. 19:27.
Eles presenciaram a entrevista do jovem rico com Jesus. Viram-no se afastar pesaroso, por não querer dar suas riquezas aos pobres. E ouviram Jesus dizer que quem ama as riquezas não entra no céu.
Pedro alegou.
Eu deixei um barco de pesca. Mateus um bom emprego de secretário da fazenda do município. Outros deixaram outros afazeres para te seguir. O que ganharemos com isto?
Jesus respondeu. “Todo aquele que tiver deixado casas, família, irmãos, irmãs, pai, mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, recebera muitas vezes mais, e herdará a vida eterna”. Mat. 19: 29.
Para não restar dúvidas na mente dos discípulos, Cristo lhes contou esta parábola. Para que não viessem depois a pensar que no céu teriam mais privilégios que os demais, pelo fato de terem sido os primeiros que aceitaram o chamado. Ganhariam mais porque começaram mais cedo. Teriam mais regalias, porque foram os fundadores do cristianismo.
E no céu não será assim. Ninguém terá mais direitos que outros. Alguns estão na igreja a 40 ou 60 anos. Passou a vida todo dedicada à causa de Deus, ao passo que outros começaram agora, tem apenas alguns meses e nada fizeram pelo crescimento da igreja. No entanto no céu terão os mesmos direitos que os outros. Cada um vai ganhar um denário.
Esta parábola nos ensina ainda que a nossa recompensa não seja por ter feito muito ou pouco, não está baseada na bondade humana, mas na misericórdia divina. O único requisito necessário é aceitar o chamado. Todos os que aceitarem será recompensado mesmo que o tenham aceitado no ocaso da vida.
Não devemos esquecer que na obra divina, há trabalho para todos. A parábola do homem contratando pessoas a qualquer hora do dia é para nos ensinar que a qualquer momento, seremos aceitos. O mestre ainda procura trabalhadores. Você é um deles.

domingo, 23 de dezembro de 2007

BENEFÍCIOS DA ORAÇÃO


Mateus 7: 7-11.

Falar dos benefícios da oração pode parecer pragmatismo barato, ou redundância, ou então descrever o óbvio.
Qualquer estudante da Bíblia sabe da importância de orar; e quem já é crente de algum tempo já ouviu inúmeros sermões sobre esse tema, e já experimentou na prática as bênçãos de uma vida de oração e comunhão com Deus.
No entanto tentaremos falar não só dos benefícios, mas sobre tudo das utilidades da oração.
Utilidades porque é da natureza humana sobreviver à custa de utilidades. É natural, é legitimo, é sábio, e sobrenatural orar. “Sem mim nada podereis fazer” “Orai sem cessar” são orientações vindas do próprio Cristo.

O que é Oração?

A oração é, e sempre foi a arma do crente. Quanto mais pobre e desamparado este, mais eficaz será na sua vida de oração.
Cristo falou muito sobre o valor da oração:
“Vigiai e orai” Mateus 26: 41.
“Orai para não cairdes em tentação”
“Orai pelos que vos perseguem” marcos 3: 33
“Orai pelos que vos caluniam” Lucas 6: 28
Os apóstolos fazem coro com Jesus.
“Orai sem cessar” I Tess. 5: 17.
“Orai uns pelo outros” Tiago 5: 16
“Perseverai na oração”.Col. 4: 7
Estas são umas poucas, das muitas referencias a oração.
O poeta Thiago Montgomery fez doze definições de orações.
Algumas delas.
Um sincero desejo muitas vezes oculto.
Um fogo oculto.
Um suspiro
Uma lágrima
Um olhar ao alto, para Deus.
O simples balbuciar de uma criança.
O choro do filho pródigo.
A respiração da alma. (Ellen White)
Temos qualquer temor do futuro? Oremos.
Esperamos algum acontecimento grave? Oremos.
Falta-nos o pão de cada dia? Oremos também.
Não esta encontrando trabalho? Ore.
É difícil amar determinado irmão? Ore. “Orai pelos vossos inimigos...”.
Tem ressentimento para com a pessoa que te ofendeu? Ore.
Foi tratado com injustiça? Ore.
Façamos da oração o derivativo para todas as nossas ansiedades e preocupações. A oração, diz Ellen White, é o abrir do coração a Deus como a um amigo. Não que seja necessário a fim de tornar conhecido a Deus o que somos, mas sim, para nos habilitar a recebe-lo. A oração não traz Deus ate nós, mas eleva-nos a ele. Caminho a Cristo pág. 90
O secularismo pretende libertar o homem de toda autoridade religiosa. Daí o preconceito secularista contra a oração. Porque a oração liga o homem com Deus.
Enquanto houver um orante no mundo, Deus será amado no mundo. E enquanto Deus for neste mundo, amado por alguém, haverá amor a ser repartido pela humanidade. E onde há amor não pode haver maldade.
Se Deus fez o homem capaz de oração é para que o homem ore. E se ele não ora, atrofia dentro de si, uma das funções inatas do seu ser, e ainda perde todos os benefícios que a oração proporciona.

Benefícios da oração.

Primeiro. Estabilidade emocional, espiritual.
Estabilidade é o fruto de um valor permanente da personalidade, tanto emocional, quanto espiritual. O homem que ora é sereno, calmo e confiante. Nada o abala. Mesmo que sofra, não é derrotado.
Acontece que é assustador o número de pessoas portadoras de angustia, que os psicólogos chamam de ‘angústia básica’. Essas pessoas sobrevivem à base de tranqüilizantes, dormem a custa de barbitúricos, e acordam desesperados por um trago; simplesmente porque não aprenderam a orar. Ou se aprenderam, há muito tempo esqueceram.
Estas pessoas quando voltam a pratica da oração, recuperam a sua estabilidade emocional, e liberta-se dos tranqüilizantes químicos.

Valores

Há muitos valores na vida. Mas entre todos, três são eternos.
Deus – por sua própria origem, poder, etc.
O homem – criado por Deus para ser eterno. E poderá a vir a sê-lo, se quiser.
E a própria eternidade.
Daí a utilidade da oração. Ela tece a união do homem com Deus e com a eternidade. A oração põe o homem que nasceu para ser eterno, em contato com o Deus eterno, trazendo-lhe esperança de vida eterna.
Orar pois, não é apenas ajoelhar para pedir coisas. Não é cultivar um espírito interesseiro de adquirir bens, mesmo que esses bens sejam saúde, bem-estar, ou prosperidade material, como se apregoam por aí.
Orar é comungar. Orar é amar. Orar é respirar a atmosfera celestial, é sentir a brisa da eternidade lhe acariciar o rosto. Orar é buscar santidade para poder viver puro, em meio a este mundo cão. Quem cultiva uma vida de oração assim, não necessita de comprimidos para dormir.

Amor.

Um outro benefício da oração é que ela nos ensina amar.
O homem que ora, ele ama a Deus. E o homem que ama a Deus, ama o próximo. Mesmo que ele não quisesse amar seu irmão, não conseguiria, pois uma vez ligado ao seu criador, torna-se ele uma fonte por onde jorra o amor divino a todos que o cercam.

Fé.

O terceiro benefício importante da oração é a fé que ela me proporciona. Através da oração eu adquiro fé, e pela fé eu adquiro minha salvação. “Porque pela graça sois salvos mediante a fé, e isto não vem de vós é dom de Deus”. Efesios, 2:8. E o apóstolo Paulo acrescenta que, “sem fé é impossível agradar a Deus”. Heb. 11:6.
Deus nos criou do nada, mas não para o nada. Deus nos criou para gozarmos a felicidade com ele. E esta certeza nos a temos pela fé, que transforma nossa esperança de estarmos com ele em realidade.
Pela fé, quando os outros me dizem quem eu sou, eu creio. Pela oração eu descubro por mim mesmo quem eu sou, e vivo.
Pela fé, os outros me dizem que é o Cristo, eu acredito. Pela oração eu descubro o que Jesus significa para mim e passo a ter mais confiança Nele e em mim mesmo.
Pela fé os patriarcas do passado viram as realidades futuras e aceitaram como se fossem presentes, pela fé poderemos ver estas mesmas realidades, e também aceita-las. A fé não é só importante para nos trazer o futuro como presente, mas para nos ajudar a viver o presente com os olhos no futuro.
Pela fé poderemos viver no inferno deste mundo, como se vivêssemos no céu, encarando cada ser humano como se fossem anjos. Suportando cada provação da vida com se não fosse nada.
Porem quando se perde a fé, mesmo que se viva no céu, não se sente prazer. Lúcifer vivia no céu e não era feliz, não porque o céu ao fosse bom, mas porque ele não mais possuía fé.
Quando se perde a fé, passa-se a olhar tudo com os olhos da carne. O marido passa a ser aquele porco que ronca. A mulher passa a ser uma chata, e a sogra, passa a ser um estorvo.
Para olhar seu marido como filho de Deus, você precisa ter fé. Para olhar a esposa como filha de Deus, precisa ter fé. Para olhar a sogra como filha de Deus, você precisa ter muita fé. E quem fornece esta fé é a oração. Quem me sustenta na fé, é a oração. Quem muda meu modo de ver as pessoas é a oração. Portanto a oração não é só útil, ela é essencial, primordial. A oração é vida.


Esperança.

O quarto benefício da oração é a esperança.
Pela fé eu posso me projetar no futuro e invadir a eternidade. Pela fé a minha esperança da vida eterna se torna realidade. Posso me sentir andando pelas ruas de ouro da nova Jerusalém. Posso ver meus amigos salvos. Posso marcar encontros com eles sob a árvore da vida, posso acariciar com orgulho minha coroa da vida, posso ate banhar meus pés nas águas cristalina do rio da vida. Pela fé posso dizer em plena certeza. Eu estou salvo.
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da gloria de Deus”. Rom. 5:1, 2.

Aleluia!

Postagens de Destaque