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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

O Ministério de João

 

                    O Ministério de João 

O apóstolo João passara a infância na sociedade dos incultos pescadores galileus. Não desfrutara do preparo das escolas, mas, pela comunhão com Cristo, o grande Ensinador, obteve a mais elevada educação que o homem mortal pode receber. Bebeu avidamente da fonte da Sabedoria e, então, procurou conduzir outros àquela fonte de água que salta "para a vida eterna". João 4:14. A simplicidade de suas palavras, o sublime poder das verdades por ele anunciadas e o fervor espiritual que caracterizavam seus ensinos, davam-lhe acesso a todas as classes. Contudo, mesmo os crentes não podiam compreender os sagrados mistérios da verdade divina esclarecida em seus discursos. Ele parecia estar constantemente imbuído do Espírito Santo. Procurava induzir o povo a apegar-se ao invisível. A sabedoria com a qual ele falava, fazia que suas palavras caíssem como o orvalho, abrandando e subjugando a alma.

Depois da ascensão de Cristo, João tornara-se um fiel, ardente trabalhador pelo Mestre. Juntamente com outros, recebera o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecoste e, com zelo e poder novos, continuou falando ao povo as palavras da vida. Foi ameaçado de prisão e morte, mas não se deixou intimidar.

Multidões de todas as classes saem para ouvir a pregação dos apóstolos e são curadas as suas enfermidades mediante o nome de Jesus - esse nome tão odiado entre os judeus. Os sacerdotes e príncipes tornam-se frenéticos em sua oposição ao verem que os doentes são curados e o nome de Jesus é exaltado como o Príncipe da vida. Temem que em breve todo o mundo haverá de crer nEle e então os acuse de assassinos do poderoso Médico. Mas quanto maiores seus esforços para impedirem essa agitação, tanto mais crêem nEle os homens e se apartam dos ensinos dos escribas e fariseus. Enchem-se de indignação e, lançando mão de Pedro e João, atiram-nos na prisão comum. Porém, o anjo do Senhor, de noite, abre as portas da prisão, tira-os para fora e lhes diz: "Ide, apresentai-vos no templo e dizei ao povo todas as palavras desta vida." Atos 5:20.

Com fidelidade e zelo, João testemunhou de seu Senhor em toda a ocasião oportuna. Ele viu que os tempos eram cheios de perigos para a igreja. Por toda parte existiam enganos satânicos. A mente do povo vagueava por labirintos de ceticismo e de doutrinas enganosas. Alguns que professavam ser fiéis à causa de Deus eram enganadores. Negavam a Cristo e Seu evangelho, estavam produzindo danosas heresias e vivendo em transgressão da lei divina.

O Tema Favorito de João

O tema favorito de João era o infinito amor de Cristo. Ele cria em Deus como uma criança crê num pai bondoso e terno. Compreendia o caráter e obra de Jesus; e quando via seus irmãos judeus caminhando às apalpadelas, sem nenhum raio do Sol da Justiça para lhes iluminar o caminho, ansiava por lhes apresentar Cristo, a Luz do mundo.

O fiel apóstolo via que a cegueira deles, o orgulho, a superstição e a ignorância quanto às Escrituras estavam-lhes pondo a vida em correntes que nunca mais se partiriam. O preconceito e o ódio que obstinadamente nutriam contra Cristo, estavam trazendo a ruína sobre eles como nação e destruindo sua esperança de vida eterna. Mas João continuava a apresentar-lhes Cristo como o único meio de salvação. A evidência de que Jesus de Nazaré era o Messias estava tão clara que João declara que nenhum homem tem necessidade de andar nas trevas do erro enquanto tal luz é oferecida.

Entristecidos Pelos Erros Perniciosos

João viveu o bastante para ver o evangelho de Cristo pregado longe e perto, e milhares aceitando avidamente seus ensinos. Mas encheu-se de tristeza ao perceber que erros perniciosos se introduziam na igreja. Alguns dos que aceitaram a Cristo afirmavam que Seu amor os desobrigava da obediência à lei de Deus. De outro lado, muitos ensinavam que a letra da lei deveria ser observada, como também todos os costumes e cerimônias judaicas, e que isso era suficiente para a salvação, sem o sangue de Cristo. Eles sustentavam que Cristo fora um bom homem, tanto como os apóstolos, mas negavam Sua divindade. João viu os perigos a que seria exposta a igreja, se seus membros recebessem essas idéias, de modo que as enfrentou com presteza e decisão.

Escreveu a uma grande auxiliadora do evangelho, uma senhora de boa reputação e extensa influência:

"Muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo. Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganhado; antes, recebamos o inteiro galardão. Todo aquele que prevarica e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus; quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras." II João 1:7-11.

João não prosseguiu seu trabalho sem grandes embaraços. Satanás não estava ocioso. Instigou homens maus para abreviarem a vida útil desse homem de Deus; mas santos anjos o protegeram de seus assaltos. João precisava ficar como uma fiel testemunha de Cristo. A igreja, em seu perigo, necessitava de seu testemunho.

Pela representação maliciosa e falsidade, os emissários de Satanás procuraram despertar oposição contra João e a doutrina de Cristo. Em conseqüência, dissensões e heresias estavam pondo em perigo a igreja. João enfrentou estes erros com inflexibilidade. Vedou o caminho aos adversários da verdade. Escreveu e exortou, para que os dirigentes destas heresias não tivessem o menor estímulo. Presentemente, há males semelhantes aos que ameaçavam a prosperidade da igreja primitiva, e os ensinos do apóstolo sobre estes pontos deveriam ser cuidadosamente atendidos. "Deveis ter amor", é o clamor que se pode ouvir em toda parte, especialmente daqueles que professam a santificação. Mas o amor é demasiado puro para cobrir um pecado não confessado. Os ensinos de João são importantes para aqueles que vivem entre os perigos dos últimos dias. Ele estivera intimamente ligado a Cristo. Escutara Seus ensinos e testemunhara Seus poderosos milagres. Assim apresentou um convincente testemunho, que tornou sem efeito as falsidades de Seus inimigos.

Nenhum Compromisso com o Pecado

João desfrutou a bênção da verdadeira santificação. Mas notai: o apóstolo não proclama ser sem pecado; está em busca da perfeição, andando à luz da presença de Deus. Testifica que o homem que professa conhecer a Deus e, contudo, quebra a lei divina, nega sua profissão. "Aquele que diz: Eu conheço-O e não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade." I João 2:4. Neste século de alarmante liberalidade, estas palavras seriam taxadas de carolice. Mas o apóstolo ensina que, conquanto devamos manifestar cortesia cristã, estamos autorizados a chamar o pecado e os pecadores por seu verdadeiro nome - que isto é coerente com o verdadeiro amor. Conquanto tenhamos de amar as pessoas por quem Cristo morreu e trabalhar por sua salvação, não devemos condescender com o pecado. Não nos unamos com os rebeldes chamando a isso amor. Deus exige de Seu povo atual que permaneça, como o fez João em seu tempo, inflexivelmente pelo direito, em oposição aos erros destruidores das pessoas.

Não Há Santificação sem Obediência

Tenho encontrado muitos que alegavam viver sem pecado. Mas quando provados pela Palavra de Deus, mostraram-se ser transgressores declarados de Sua santa lei. As mais claras evidências da perpetuidade e força de obrigatoriedade do quarto mandamento, falharam quanto a despertar a consciência. Eles não podiam negar as reivindicações de Deus, mas aventuraram-se a desculpar-se por transgredirem o sábado. Tinham a pretensão de ser santificados e de servir a Deus todos os dias da semana. Muitas pessoas boas, diziam, não observam o sábado. Se os homens estão santificados, nenhuma condenação repousará sobre eles se o não observarem. Deus é demasiado misericordioso para puni-los por não guardarem o sétimo dia. Seriam considerados como esquisitos na comunidade se guardassem o sábado, e não teriam nenhuma influência no mundo. E eles precisam ser sujeitos aos poderes constituídos.

Uma senhora, em New Hampshire, apresentou seu testemunho numa reunião pública, dizendo que a graça de Deus estava governando em seu coração e que pertencia inteiramente ao Senhor. Então exprimiu sua crença de que este povo estava fazendo muito bem quanto a despertar pecadores para verem seu perigo. Disse: "O sábado que este povo apresenta a nós, é o único sábado da Bíblia"; e então afirmou que estivera muito preocupada com este assunto. Vira grandes provações diante de si, as quais teria de enfrentar caso observasse o sétimo dia. No dia seguinte ela veio à reunião e, de novo, deu testemunho, dizendo que perguntara ao Senhor se precisaria guardar o sábado e que Ele lhe dissera que não. Sua mente estava agora em descanso quanto ao assunto. Ela fez então a mais vibrante exortação a todos para atingirem o perfeito amor de Jesus, onde não há nenhuma condenação para a alma.

Essa mulher não possuía a genuína santificação. Não fora Deus quem lhe dissera que poderia ser santificada vivendo em desobediência a um de Seus explícitos mandamentos. A lei de Deus é sagrada, e ninguém a pode transgredir impunemente. Quem lhe disse que poderia continuar a quebrar a lei de Deus e ser inocente, fora o príncipe dos poderes das trevas - o mesmo que dissera a Eva, no Éden, por intermédio da serpente: "Certamente não morrereis." Gên. 3:4. Eva se lisonjeou com o pensamento de que Deus era demasiado bondoso para puni-la pela desobediência de Seus explícitos mandamentos. O mesmo engano é apresentado por milhares, em desculpa de sua desobediência ao quarto mandamento. Aqueles que têm o Espírito de Cristo, guardarão todos os mandamentos de Deus independentes das circunstâncias. A Majestade dos Céus diz: "Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai." João 15:10.

Adão e Eva ousaram transgredir as ordens do Senhor, e o terrível resultado de seu pecado deveria constituir uma advertência para nós, a fim de não seguirmos seu exemplo de desobediência. Cristo orou por Seus discípulos, nestas palavras: "Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade." João 17:17. Não existe genuína santificação a não ser pela obediência à verdade. Aqueles que amam a Deus de todo o coração, também hão de amar a todos os Seus mandamentos. O coração santificado anda em harmonia com os preceitos da lei de Deus; porque eles são santos, justos e bons.

Deus não Mudou

O caráter de Deus não mudou. Ele é hoje o mesmo Deus zeloso que era quando deu a Sua lei sobre o Sinai e a escreveu com Seu próprio dedo nas tábuas de pedra. Aqueles que espezinham a santa lei de Deus podem dizer: "Estou santificado"; mas estar santificado, de fato, e orgulhar-se de santificação são duas coisas diferentes.

O Novo Testamento não mudou a lei de Deus. A santidade do sábado do quarto mandamento está tão firmemente estabelecida como o trono de Jeová. João escreve: "Qualquer que comete o pecado também comete iniqüidade, porque o pecado é iniqüidade. E bem sabeis que Ele Se manifestou para tirar os nossos pecados; e nEle não há pecado. Qualquer que permanece nEle não peca; qualquer que peca [transgride a lei] não O viu nem O conheceu." I João 3:4-6. Nós somos autorizados a considerar do mesmo modo que o fez o discípulo amado, aqueles que se orgulham de permanecer em Cristo, de estar santificados, ao passo que vivem na transgressão da lei de Deus. Ele enfrentou justamente a mesma classe que nós temos de enfrentar. Disse ele: "Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como Ele é justo. Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio." I João 3:7 e 8. Aqui o apóstolo fala em termos claros, como julga que o assunto exige.

As epístolas de João transmitem um espírito de amor. Mas quando ele chega em contato com essa classe que quebra a lei de Deus e ainda se orgulha de estar vivendo sem pecado, não hesita em adverti-la quanto a seu terrível engano. "Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-Lo mentiroso, e a Sua Palavra não está em nós." I João 1:6-10.

Ellen White

Do Livro Santificação, Pags 61 - 69

 

sábado, 2 de agosto de 2025

O Caráter de João

 

                       O Caráter de João

Sa - Pag. 53 

O apóstolo João distinguiu-se entre seus irmãos como o "discípulo a quem Jesus amava". Conquanto não fosse tímido, fraco ou de caráter vacilante, ele possuía uma disposição amável e um coração ardente e afetuoso. Ele parece ter desfrutado, num sentido preeminente, a amizade de Cristo e recebido muitas provas da confiança e amor do Salvador. Foi um dos três a quem se permitiu testemunhar a glória de Cristo sobre o monte da transfiguração e Sua agonia no Getsêmani; e, ao seu cuidado, nosso Senhor confiou Sua mãe naquelas últimas horas de angústia sobre a cruz.

A afeição do Salvador pelo discípulo amado foi retribuída com toda a força de uma devoção ardente. Ele se apegou a Cristo como a videira se apega às suntuosas colunas. Por amor de seu Mestre, enfrentou os perigos da sala do julgamento e demorou-se junto da cruz; e, ante as novas de que Cristo havia ressurgido, correu ao sepulcro, sobrepujando, em seu zelo, mesmo o impetuoso Pedro.

O amor de João por seu Mestre não era uma simples amizade humana; mas sim o amor de um pecador arrependido, que reconhecia haver sido redimido pelo precioso sangue de Cristo. Ele considerava a mais elevada honra trabalhar e sofrer no serviço de seu Senhor. Seu amor por Jesus o levava a amar todos aqueles por quem Cristo morrera. Sua religião era de caráter prático. Arrazoava que o amor a Deus se manifestaria no amor a Seus filhos. Podia ser ouvido dizendo repetidas vezes: "Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros." I João 4:11. "Nós O amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro. Se alguém diz: Eu amo a Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?" I João 4:19 e 20. A vida do apóstolo estava em harmonia com seus ensinos. O amor por Cristo, que ardia em seu coração, levava-o a prestar o mais zeloso e incansável serviço por seus semelhantes, especialmente por seus irmãos na igreja cristã. Ele era um poderoso pregador, fervoroso e profundo em zelo, e suas palavras levavam consigo um peso de convicção.

Nova Criatura Através da Graça

O confiante amor e a desinteressada devoção manifestados na vida e caráter de João, apresentam lições de indiscutível valor para a igreja cristã. Alguns podem representá-lo como possuindo esse amor independentemente da graça divina; mas João tinha, por natureza, sérios defeitos de caráter: era orgulhoso, ambicioso e se ressentia facilmente de críticas e ofensas.

A profundidade e o fervor da afeição de João por seu Senhor, não eram a causa do amor de Cristo por ele, mas o efeito desse amor. João desejava tornar-se semelhante a Jesus e, sob a transformadora influência de Seu poder, tornou-se manso e humilde de coração. O eu foi escondido em Jesus. Ele estava intimamente unido à Videira Viva e assim se tornou participante da natureza divina. Tal será sempre o resultado da comunhão com Cristo. Esta é a verdadeira santificação.

Pode haver notáveis defeitos no caráter de um indivíduo; contudo, quando ele se torna um verdadeiro discípulo de Cristo, o poder da graça divina faz dele uma nova criatura. O amor de Cristo o transforma e santifica. Mas quando as pessoas professam ser cristãs e sua religião na faz que sejam melhores homens e mulheres em todas as relações da vida - representações vivas de Cristo no temperamento e no caráter - não são dEle.

Lições Sobre Edificação do Caráter

Certa ocasião, João empenhou-se numa disputa com vários de seus irmãos sobre qual deles seria considerado o maior. Não queriam que suas palavras alcançassem os ouvidos do Mestre; mas Jesus lia-lhes o coração e aproveitou a oportunidade para dar a Seus discípulos uma lição de humildade. Esta lição não foi somente para o pequeno grupo que escutou Suas palavras, mas devia ser registrada para o bem de todos os Seus seguidores até o fim dos tempos. "E Ele, assentando-Se, chamou os doze e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos." Mar. 9:35.

Aqueles que possuem o Espírito de Cristo não terão nenhuma ambição de ocupar uma posição sobre seus irmãos. São aqueles que são pequenos aos seus próprios olhos que serão considerados grandes à vista de Deus. "E, lançando mão de uma criança, pô-la no meio deles e, tomando-a nos Seus braços, disse-lhes: Qualquer que receber uma destas crianças em Meu nome a Mim Me recebe; e qualquer que a Mim receber recebe não a Mim, mas ao que Me enviou." Mar. 9:36 e 37.

Que preciosa lição é esta para todos os seguidores de Cristo! Aqueles que passam por alto os deveres da vida, que jazem diretamente em seu caminho, e negligenciam a misericórdia e a bondade, a cortesia e o amor, mesmo que seja para com uma criancinha, estão rejeitando a Cristo. João sentiu a força desta lição e foi beneficiado por ela.

Em outra ocasião, seu irmão Tiago e ele viram um homem expulsando demônios em nome de Jesus; e, porque esse não se unira imediatamente a seu grupo, decidiram que não tinha nenhum direito para fazer esse trabalho e, conseqüentemente, proibiram-no. Na sinceridade de seu coração, João relatou a circunstância a seu Mestre. Jesus disse: "Não lho proibais, porque ninguém há que faça milagre em Meu nome e possa logo falar mal de Mim. Porque quem não é contra nós é por nós." Mar. 9:39 e 40.

De outra feita Tiago e João apresentaram, por intermédio de sua mãe, uma petição rogando que lhes fosse permitido ocuparem as mais elevadas posições de honra no reino de Cristo. O Salvador respondeu: "Não sabeis o que pedis." Mar. 10:38. Quão pouco muitos de nós compreendemos da verdadeira importância de nossas orações! Jesus conhecia o infinito sacrifício pelo qual seria adquirida aquela glória quando, "pelo gozo que Lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta". Heb. 12:2. Esse gozo era, por vez, pessoas salvas por Sua humilhação, Sua agonia e o derramamento de Seu sangue.

Esta era a glória que Cristo estava para receber e que estes dois discípulos pediram lhes fosse permitido partilhar. Jesus lhes perguntou: "Podeis vós beber o cálice que Eu bebo e ser batizados com o batismo com que Eu sou batizado? E eles Lhe disseram: Podemos." Mar. 10:38 e 39.

Quão pouco compreendiam o que esse batismo significava! "Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade... sereis batizados com o batismo com que Eu sou batizado, mas o assentar-se à Minha direita ou à Minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado." Mar. 10:39 e 40.

O Orgulho e a Ambição Reprovados

Jesus compreendeu os motivos que incitaram aquele pedido e assim reprovou o orgulho e a ambição dos dois discípulos: "Sabeis que os que julgam ser príncipes das gentes delas se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas; mas entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos." Mar. 10:42-45.

Certa ocasião, Cristo enviou mensageiros diante dEle a uma vila de samaritanos, pedindo ao povo que preparasse alimentos para Ele e Seus discípulos. Mas quando o Salvador Se aproximou da vila, pareceu como quem estava de passagem para Jerusalém. Isto suscitou a inimizade dos samaritanos, e em vez de mandarem mensageiros para O convidarem e mesmo estarem com Ele para hospedar-Se em seu meio, recusaram-Lhe as cortesias que teriam prestado a um viajante comum. Jesus nunca obriga alguém a aceitá-Lo, de modo que os samaritanos perderam a bênção que lhes teria sido concedida, caso Lhe houvessem solicitado para ser seu hóspede.

Nós nos podemos admirar do descortês tratamento dado à Majestade do Céu; mas quão freqüentemente nós, que professamos ser seguidores de Cristo, somos culpados de semelhante negligência! Insistimos com Jesus para tomar posse de Sua habitação em nosso coração e nosso lar? Ele está repleto de amor, de graça, de bênção, e está pronto para conceder-nos estas dádivas; mas, como os samaritanos, nós muitas vezes nos contentamos sem elas.

Os discípulos sabiam do propósito de Cristo para abençoar aos samaritanos com Sua presença; e quando viram a frieza, os ciúmes e o desrespeito manifestados para com seu Mestre, encheram-se de surpresa e indignação. Especialmente Tiago e João ficaram irritados. Aquele que eles tão grandemente reverenciavam, ser assim tratado, parecia-lhes um crime demasiado grande para ser passado por alto sem imediata punição. Em seu zelo, disseram: "Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez?" (Luc. 9:54) referindo-se à destruição dos capitães sírios e suas companhias, que foram enviados para prender o profeta Elias.

Jesus repreendeu Seus discípulos, dizendo: "Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las." Luc. 9:55 e 56. João e os demais discípulos estavam numa escola, da qual Cristo era o professor. Aqueles que estavam prontos para ver seus próprios defeitos e ansiosos por melhorar o caráter, tinham ampla oportunidade. João entesourava cada lição e constantemente procurava conduzir sua vida em harmonia com o Modelo Divino. As lições de Jesus, apresentando a mansidão, a humildade e o amor como essenciais ao crescimento da graça e a adaptação para Seu trabalho, eram altamente avaliadas por João. Essas lições são dirigidas a nós como indivíduos e irmãos na igreja, da mesma forma que aos primeiros discípulos de Cristo.

João e Judas

Uma lição instrutiva pode ser tirada do chocante contraste entre o caráter de João e o de Judas. João era um exemplo vivo da santificação. De outro lado, Judas possuía uma forma de piedade, ao passo que seu caráter era mais satânico do que divino. Aparentava ser discípulo de Cristo, mas negava-O em palavras e obras.

Judas teve as mesmas preciosas oportunidades que João para estudar e imitar o Modelo. Ele escutava as lições de Cristo e seu caráter poderia ter sido transformado pela graça divina. Porém, enquanto João lutava ardorosamente contra suas próprias faltas e procurava assemelhar-se a Cristo, Judas violava sua consciência,  rendia-se à tentação e fortalecia em si hábitos de desonestidade, que o transformariam na imagem de Satanás.

Estes dois discípulos representam o mundo cristão. Todos professam ser seguidores de Cristo; porém, enquanto uma classe anda em humildade e mansidão, aprendendo de Jesus, a outra mostra que eles não são praticantes da Palavra, mas unicamente ouvintes. Uma classe é santificada pela verdade; a outra, nada conhece do poder transformador da graça divina. A primeira é daqueles que diariamente estão morrendo para o eu e vencendo o pecado. A última é daqueles que estão condescendendo com as concupiscências e se tornando servos de Satanás.


Ellen White

do Livro Santificação Pags. 53 - 60

 

quinta-feira, 31 de julho de 2025

As Orações de Daniel

                                            As Orações de Daniel

Sa - Pag. 46 

Ao aproximar-se o tempo para a terminação dos setenta anos do cativeiro, Daniel começou a preocupar-se grandemente a respeito das profecias de Jeremias. Vira que estava próximo o tempo em que Deus haveria de dar outra oportunidade a Seu povo escolhido; e, mediante jejum, humilhação e oração, importunava o Deus do Céu em favor de Israel, com estas palavras: "Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que Te amam e guardam os Teus mandamentos; pecamos, e cometemos iniqüidade, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos; e não demos ouvidos aos Teus servos, os profetas, que em Teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o povo da Terra." Dan. 9:4-6.

Daniel não proclamava diante do Senhor sua própria fidelidade. Em vez de se confessar puro e santo, este honrado profeta se identificava com Israel, realmente pecador. A sabedoria que Deus lhe havia concedido era tanto maior que a dos grandes homens do mundo quanto a luz do Sol que brilha nos céus é mais resplendente do que a mais pálida estrela. Todavia, ponderai a oração dos lábios deste homem tão altamente favorecido pelo Céu. Com profunda humildade, com lágrimas e coração lacerado, ele intercede por si e por seu povo. Estende seu coração aberto perante Deus, confessando sua própria indignidade e reconhecendo a grandeza e majestade do Senhor.

Zelo e Fervor

Que zelo e fervor caracterizam suas súplicas! A mão da fé se alça para agarrar as infalíveis promessas do Altíssimo. Sua alma luta em agonia. E ele tem a evidência de que sua oração é ouvida. Sabe que a vitória é sua. Se nós, como um povo, orássemos como Daniel e lutássemos como ele lutou, humilhando nosso coração perante Deus, haveríamos de presenciar tão notáveis respostas às nossas petições quanto as que foram dadas a Daniel. Ouvi como ele expõe seu caso à corte celestial:

"Inclina, ó Deus meu, os Teus ouvidos e ouve; abre os Teus olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo Teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a Tua face fiados em nossas justiças, mas em Tuas muitas misericórdias. Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e opera sem tardar; por amor de Ti mesmo, ó Deus meu; porque a Tua cidade e o Teu povo se chamam pelo Teu nome." Dan. 9:18 e 19.

O homem de Deus orava pela bênção do Céu sobre seu povo e por um mais claro conhecimento da vontade divina. O fardo de seu coração era Israel, o qual não estava, num sentido restrito, observando a lei de Deus. Ele reconhecia que todos os seus infortúnios vieram sobre Israel em conseqüência de suas transgressões dessa lei santa. Diz ele: "Pecamos; procedemos impiamente. ... Por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o Teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós." Dan. 9:15 e 16. Os judeus haviam perdido seu peculiar e santo caráter como o povo escolhido de Deus. "Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do Teu servo e as suas súplicas e sobre o Teu santuário assolado faze resplandecer o Teu rosto, por amor do Senhor." Dan. 9:17. O coração de Daniel volta-se com intensa saudade para o desolado santuário de Deus. Ele sabe que sua prosperidade só poderá ser restaurada, ao arrepender-se Israel de suas transgressões contra a lei de Deus e tornar-se humilde, fiel e obediente.

O Mensageiro Celestial

Ao prosseguir a oração de Daniel, o anjo Gabriel vem voando das cortes celestiais para lhe dizer que suas petições foram ouvidas e atendidas. Este poderoso anjo é comissionado para dar-lhe entendimento e compreensão - para abrir perante ele os mistérios dos séculos futuros. Assim, enquanto ardentemente buscava saber e compreender a verdade, Daniel foi levado em comunhão com o mensageiro delegado pelo Céu.

Em resposta a sua petição, Daniel recebeu não somente a luz e a verdade de que ele e seu povo mais precisavam, mas uma visão dos grandes eventos do futuro mesmo até o advento do Redentor do mundo. Aqueles que dizem estar santificados, ao passo que não têm nenhum desejo de examinar as Escrituras ou lutar com Deus em oração por uma compreensão mais clara da verdade bíblica, não sabem o que é a verdadeira santificação.

Daniel falava com Deus. O Céu estava aberto perante ele. Mas as elevadas honras conferidas a ele eram o resultado da humilhação e fervorosa comunhão com Deus. Todos os que, de coração, crêem na Palavra de Deus, terão fome e sede de um conhecimento de Sua vontade. Deus é o autor da verdade. Ele ilumina o entendimento obscurecido e dá à mente humana poder para apreender e compreender as verdades que revelou.

Em Busca da Sabedoria de Deus

Na ocasião que acaba de ser descrita, o anjo Gabriel deu a Daniel toda instrução que ele estava habilitado a receber. Uns poucos anos mais tarde, contudo, o profeta desejou conhecer mais a respeito dos assuntos não explicados inteiramente e, de novo, pôs-se a buscar luz e sabedoria de Deus. "Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum. ... Levantei os olhos e olhei, e eis um homem vestido de linho, cujos ombros estavam cingidos com ouro puro de Ufaz; o seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâmpago, os seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como o estrondo de muita gente." Dan. 10:2, 3, 5 e 6.

Esta descrição é semelhante àquela dada por João quando Cristo foi revelado a ele na ilha de Patmos. Não foi outro personagem senão o Filho de Deus que apareceu a Daniel. Nosso Senhor vem com outro mensageiro celestial para ensinar a Daniel o que aconteceria nos últimos dias.

As grandes verdades reveladas pelo Redentor do mundo são para aqueles que procuram a verdade como a tesouros escondidos. Daniel era um homem idoso. Sua vida tinha sido passada no meio das fascinações de uma corte pagã; sua mente havia lidado com os negócios de um grande império. Todavia, ele se volta de tudo isto para afligir seu coração diante de Deus e buscar um conhecimento dos propósitos do Altíssimo. E, em resposta a suas súplicas, foi comunicada luz das cortes celestiais aos que haveriam de viver nos últimos dias. Com que zelo, pois, deveríamos nós buscar a Deus, para que Ele nos abra o entendimento a fim de compreender as verdades trazidas do Céu para nós.

"Só eu, Daniel, tive aquela visão; os homens que estavam comigo nada viram; não obstante, caiu sobre eles grande temor, e fugiram e se esconderam. ... E não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma." Dan. 10:7 e 8. Todos os que estão verdadeiramente santificados, hão de ter experiência semelhante. Quanto mais claras suas visões da grandeza, glória e perfeição de Cristo, tanto mais vividamente verão sua própria fraqueza e imperfeição. Não terão nenhuma disposição para dizer que têm caráter impecável; aquilo que neles tem parecido correto e conveniente, aparecerá, em contraste com a pureza e glória, somente indigno e corruptível. É quando os homens estão separados de Deus, quando têm distorcidas visões de Cristo, que dizem: "Eu estou sem pecado; estou santificado".

Gabriel apareceu ao profeta e assim se dirigiu a ele: "Daniel, homem mui desejado, está atento às palavras que te vou dizer e levanta-te sobre os teus pés; porque eis que te sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, eu estava tremendo. Então, me disse: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia, em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras." Dan. 10:11 e 12.

Honras Reais Prestadas a Daniel

Que grande honra é outorgada a Daniel pela Majestade do Céu! Conforta Seu servo tremente e lhe assegura que sua oração foi ouvida no Céu. Em resposta àquela fervorosa petição, o anjo Gabriel foi enviado para influenciar o coração do rei persa. O rei havia resistido às impressões do Espírito de Deus durante as três semanas em que Daniel estivera jejuando e orando, mas o Príncipe dos Céus, o Arcanjo Miguel, foi enviado para convencer o coração do obstinado rei, a fim de que tomasse alguma decisão para atender à oração de Daniel.

"E, falando ele comigo essas palavras, abaixei o meu rosto e emudeci. E eis que uma como semelhança dos filhos dos homens me tocou os lábios; ... e disse: Não temas, homem mui desejado! Paz seja contigo! Anima-te, sim, anima-te! E, falando ele comigo, esforcei-me e disse: Fala, meu Senhor, porque me confortaste." Dan. 10:15, 16 e 19.

Tão grande foi a glória divina revelada a Daniel, que não pôde suportar a visão. Então o mensageiro celestial velou o resplendor de sua presença e apareceu ao profeta na "semelhança dos filhos dos homens". Dan. 10:16. Por seu divino poder, fortaleceu esse homem de integridade e fé, para ouvir a mensagem divina a ele enviada.

Daniel foi um devoto servo do Altíssimo. Sua longa vida foi repleta de nobres feitos de serviço para seu Mestre. Sua pureza de caráter e inabalável fidelidade são igualadas unicamente por sua humildade de coração e contrição diante de Deus. Repetimos: A vida de Daniel é uma inspirada ilustração da verdadeira santificação.


Ellen White

do Livro Santificação, Pags 46 - 52

 

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Daniel na Cova dos Leões

 

                Daniel na Cova dos Leões

Sa - Pag. 42                      

Quando Dario tomou posse do trono de Babilônia, imediatamente procedeu à reorganização do governo. Constituiu "sobre o reino a cento e vinte presidentes", e "sobre eles três príncipes, dos quais Daniel era um [o primeiro, segundo a versão inglesa]". Dan. 6:1 e 2. E "Daniel se distinguiu desses príncipes e presidentes, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino". Dan. 6:3. As honras conferidas a Daniel provocaram a inveja dos principais homens do reino. Os presidentes e príncipes procuraram achar ocasião para se queixarem contra ele. "Mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa." Dan. 6:4.

Que lição se apresenta aqui para todos os cristãos! Os sagazes olhos da inveja foram fixados sobre Daniel dia após dia; sua vigilância foi aguçada pelo ódio; contudo, nem uma palavra ou ato de sua vida puderam eles fazer com que parecesse mal. Todavia, ele não se orgulhava de santificação; mas fazia o que era infinitamente melhor - vivia uma vida de fidelidade e consagração.

Trama Satânica

Quanto mais irrepreensível a conduta de Daniel, tanto mais ódio ela despertava contra ele em seus inimigos. Eles se encheram de raiva, porque não puderam encontrar nada em seu caráter moral ou no desempenho de seus deveres sobre que basear uma queixa contra ele. "Então, estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus." Dan. 6:5. Três vezes ao dia, Daniel orava ao Deus do Céu. Esta era a única acusação que poderia ser apresentada contra ele.

Uma trama foi então delineada para levar a cabo sua destruição. Seus inimigos reuniram-se no palácio e suplicaram ao rei que baixasse um decreto, pelo qual nenhuma pessoa em todo o reino deveria pedir coisa alguma quer de Deus, quer de homem, a não ser de Dario, o rei, durante um espaço de trinta dias, e qualquer violação desse edito seria punida, atirando-se o culpado na cova dos leões. O rei nada sabia do ódio desses homens contra Daniel e não suspeitava que esse decreto haveria de, por qualquer modo, prejudicá-lo. Mediante a lisonja, eles fizeram o rei acreditar que seria grandemente para sua honra a publicação deste dito. Com um sorriso de satânico triunfo, eles saíram da presença do rei e regozijaram-se por causa da armadilha que haviam preparado para o servo de Deus.

Exemplo de Coragem e Fidelidade

O decreto é proclamado pelo rei. Daniel está a par do propósito de seus inimigos de o destruírem. Mas ele não muda sua maneira de proceder em um único pormenor. 

Com calma, executa seus costumeiros deveres e, na hora da oração, vai à sua câmara e, com as janelas abertas para o lado de Jerusalém, dirige suas petições ao Deus do Céu. Por seu procedimento, declara destemidamente que nenhum poder terreno tem o direito de interferir entre ele e seu Deus e dizer-lhe a quem deveria orar ou deixar de fazê-lo. Homem de princípios nobres! Ele se mantém ainda hoje perante o mundo como um louvável exemplo de coragem e fidelidade cristã. Volta-se para Deus com toda a alma, coração, conquanto saiba que a morte é a pena de sua devoção.

Seus adversários observam-no um dia inteiro. Três vezes retirou-se para sua câmara, e três vezes foi ouvida a voz de fervente intercessão. Na manhã seguinte é apresentada ao rei a queixa de que Daniel, um dos cativos de Judá, desafiou seu decreto. Quando o rei ouviu essas palavras, seus olhos imediatamente se abriram para ver a armadilha que havia sido preparada. Ficou profundamente descontente consigo mesmo, por haver publicado tal decreto, e trabalhou até ao pôr-do-sol para descobrir um plano mediante o qual Daniel pudesse ser libertado. Mas os inimigos de Daniel haviam antecipado isso, e vieram ao rei com estas palavras: "Sabe, ó rei, que é uma lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou ordenança, que o rei determine, se pode mudar.

"Então, o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o lançaram na cova dos leões. E, falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, Ele te livrará." Dan. 6:15 e 16. Uma pedra foi colocada sobre a boca da cova e selada com o selo real. "Então, o rei dirigiu-se para o seu palácio, e passou a noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono." Dan. 6:18.

"Meu Deus Enviou o Seu Anjo"

Muito cedo, de manhã, o rei dirigiu-se apressadamente à cova dos leões e gritou: "Daniel, servo do Deus vivo! Dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?" Dan. 6:20. A voz do profeta foi ouvida em resposta: "Ó rei, vive para sempre! O meu Deus enviou o Seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dEle; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum." Dan. 6:21 e 22.

"Então, o rei muito se alegrou em si mesmo e mandou tirar a Daniel da cova; assim, foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus." Dan. 6:23. Assim foi livrado o servo de Deus. E a armadilha que seus inimigos armaram para a destruição dele, provou-se ser para sua própria ruína. Por ordem do rei eles foram lançados na mesma cova e, instantaneamente, devorados pelos animais selvagens


Ellen White 

Livro Santificação pag. 42 a 45

 

terça-feira, 15 de julho de 2025

A Fornalha Ardente

 

A Fornalha Ardente

Sa - Pag. 34 

No mesmo ano em que Daniel e seus companheiros entraram ao serviço do rei de Babilônia, os eventos ocorreram de maneira a provarem severamente a integridade desses jovens hebreus e patentearam, diante de uma nação idólatra, o poder e a fidelidade do Deus de Israel.

Enquanto o rei Nabucodonosor olhava para a frente com ansiosos pressentimentos a respeito do futuro, teve um sonho notável pelo qual "seu espírito se perturbou, e passou-lhe o seu sono". Dan. 2:1. Contudo, embora esta visão da noite tivesse feito profunda impressão sobre seu espírito, tornou-se-lhe impossível relembrar seus pormenores. Ele recorreu aos seus astrólogos e mágicos e, com promessas de grande riqueza e honra, ordenou-lhes que lhe contassem o sonho e sua interpretação. Mas eles disseram: "Dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretação." Dan. 2:4.

O rei sabia que, se eles podiam realmente dar a interpretação poderiam contar o sonho também. O Senhor havia, em Sua providência, dado o sonho a Nabucodonosor e feito com que se esquecesse dos pormenores, ao passo que a terrível impressão lhe ficara na mente, a fim de desmascarar as pretensões dos sábios de Babilônia. O rei ficou muito irado e afirmou-lhe que todos seriam mortos se, num dado tempo, o sonho não fosse revelado. Daniel e seus companheiros deveriam perecer com os falsos profetas; mas, com perigo da vida, Daniel aventurou-se a entrar na presença do rei a fim de lhe implorar que concedesse tempo para revelar o sonho e a interpretação.

Com esse pedido o rei concordou; então Daniel reuniu seus três companheiros e, juntos, levaram o assunto perante Deus, buscando sabedoria da Fonte de luz e conhecimento. Mesmo diante da corte do rei, cercados de tentações, eles não esqueciam sua dependência de Deus. Eram inabaláveis quanto à consciência que tinham de que Sua providência os havia colocado onde estavam, de que estavam fazendo Seu trabalho, enfrentando as exigências da verdade e do dever. Tinham confiança em Deus. Haviam-se voltado para Ele em busca de força quando em perplexidade e perigo, e o Senhor lhes fora um auxílio sempre presente.

O Segredo Revelado

Os servos de Deus não pleitearam com Ele em vão. Haviam-nO honrado, e na hora da provação Ele os honrou também. O segredo foi revelado a Daniel, que se apressou a requerer uma entrevista com o rei.

O cativo judeu estava perante o rei do mais poderoso império sobre o qual o Sol já brilhou. O rei estava em grande aflição no meio de todas as suas riquezas e glória; mas o jovem exilado permanecia calmo e feliz em seu Deus. Mais do que nunca, esse poderia ter sido o tempo para Daniel exaltar-se, para tornar preeminente sua própria bondade e superior sabedoria. Mas seu primeiro esforço foi declarar sua despretensão a todas as honras e exaltar a Deus como a fonte da sabedoria:

"O segredo que o rei requer, nem sábios, nem astrólogos, nem magos, nem adivinhos o podem descobrir ao rei. Mas há um Deus nos Céus, o qual revela os segredos; Ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser no fim dos dias." Dan. 2:27 e 28. O rei escuta com solene atenção, enquanto é reproduzido cada pormenor do sonho; e quando a interpretação é fielmente dada, ele sente que pode confiar nela como uma revelação divina.

As solenes verdades comunicadas nesta visão da noite fizeram uma profunda impressão na mente do soberano e, em humildade e reverência, ele caiu prostrado e adorou, dizendo: "Certamente, o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador dos segredos." Dan. 2:47.

A Imagem de Ouro

Fora permitido que brilhasse sobre o rei Nabucodonosor luz direta do Céu, e por pouco tempo ele ficou influenciado pelo temor de Deus. Mas uns poucos anos de prosperidade encheram-lhe o coração de orgulho, e ele esqueceu o conhecimento do Deus vivo. Voltou-se à sua adoração de ídolos, com zelo e beatice aumentados.

Com os tesouros obtidos na guerra, ele fez uma imagem de ouro para representar aquela que havia visto em seu sonho, colocando-a na planície de Dura e ordenando a todos os governadores e povo que a adorassem, sob pena de morte. Esta estátua era de cerca de trinta metros de altura por três de largura, e aos olhos daquele povo idólatra ela apresentava aparência muito imponente e majestosa. Foi feita uma proclamação, convocando todos os oficiais do reino a fim de se reunirem para a dedicação da imagem e, ao som dos instrumentos musicais, prostrarem-se e adorarem-na. Se alguém deixasse de fazê-lo, seria imediatamente lançado dentro de uma fornalha ardente.

Não Temeram a Ira do Rei

Chegou o dia determinado, a multidão reunida, e trazida ao rei a notícia de que os três hebreus que ele havia colocado sobre a província de Babilônia se recusavam a adorar a imagem. Eram os três companheiros de Daniel, aos quais o rei havia dado os nomes de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Cheio de ira, o rei os chamou a sua presença e, apontando para a fornalha ardente, disse-lhes qual seria sua punição se recusassem obediência à sua vontade.

Em vão foram as ameaças do rei. Ele não pôde desviar esses nobres homens de sua fidelidade ao grande Governador das nações. Eles haviam aprendido da história de seus pais que desobediência a Deus significava desonra, desastre e ruína; que o temor do Senhor não é somente o princípio da sabedoria, mas o fundamento de toda verdadeira prosperidade. Eles olharam com calma para a fornalha inflamada e a multidão idólatra. Tinham confiado em Deus e Ele não os desampararia agora. Sua resposta foi respeitosa, mas decidida: "Fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste." Dan. 3:18.

O orgulhoso rei estava cercado por seus grandes, os auxiliares do governo, e pelo exército que conquistou nações; e todos se uniram em aplaudi-lo como tendo a sabedoria e o poder dos deuses. No meio dessa imponente exibição, os três jovens hebreus, permaneciam firmes em sua recusa quanto a obedecer ao decreto do rei. Haviam sido obedientes às leis de Babilônia, aquelas que não entravam em conflito com as ordens de Deus; mas não se desviariam um fio de cabelo do dever para com seu Criador.

A ira do rei não conheceu limites. No próprio auge de seu poder e glória, ser assim desafiado pelos representantes de uma raça desprezada e cativa, era um insulto que seu espírito orgulhoso não podia suportar. Tendo a fornalha ardente sido aquecida sete vezes mais do que antes, nela foram lançados os três exilados hebreus. Tão furiosas eram as chamas, que os homens que os lançaram morreram queimados.

Na Presença do Infinito

De repente, o semblante do rei empalideceu de horror. Seus olhos se fixaram nas chamas ardentes e, voltando-se para seus lordes, disse: "Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo?" A resposta foi: "É verdade, ó rei". Dan. 3:24. E então o rei exclama: "Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, e nada há de lesão neles; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho dos deuses." Dan. 3:25.

Quando Cristo Se manifesta aos filhos dos homens, um poder invisível fala a seu coração. Eles sentem que estão na presença do Infinito.

Perante Sua majestade, tremem os reis e nobres e reconhecem que o Deus vivo é acima de todo poder terreno.

Com sentimentos de remorso e vergonha, o rei exclamou: "Servos do Deus Altíssimo, saí e vinde!" Dan. 3:26. E eles obedeceram, apresentando-se ilesos perante aquela vasta multidão, não tendo nem mesmo o cheiro do fogo sobre suas vestes. Este milagre operou uma admirável mudança na mente do povo. A grande imagem de ouro, levantada com tanta pompa, foi esquecida. O rei publicou um decreto pelo qual qualquer pessoa que falasse contra o Deus destes homens seria morto, "porquanto não há outro Deus que possa livrar como Este". Dan. 3:29.

Firme Integridade e Vida Santificada

Estes três hebreus possuíam genuína santificação. O verdadeiro princípio cristão não pára a fim de pesar as conseqüências. Não pergunta: "Que pensará de mim o povo se eu fizer isto?" Ou "quanto afetará meus planos, se eu fizer aquilo?" Com o mais intenso anseio os filhos de Deus desejam saber o que Ele quer que façam, para que suas obras O glorifiquem. O Senhor tomou amplas providências para que o coração e a vida de todos os Seus seguidores possam ser controlados pela graça divina e sejam quais luzes ardentes e brilhantes no mundo.

Estes fiéis hebreus possuíam grande habilidade natural, haviam desfrutado da mais elevada cultura intelectual e ocupavam uma posição de honra; mas tudo isto não os levou a se esquecerem de Deus. Suas faculdades se renderam à santificadora influência da graça divina. Por sua firme integridade, publicaram os louvores dAquele que os chamou das trevas para Sua maravilhosa luz. Em seu admirável livramento, foram exibidos, perante aquela vasta multidão, o poder e a majestade de Deus. O próprio Jesus Se colocou ao seu lado na fornalha ardente e, pela glória de Sua presença, convenceu o orgulhoso rei de Babilônia de que não podia ser outro senão o Filho de Deus. A luz do Céu havia estado a irradiar de Daniel e seus companheiros até que seus colegas compreenderam a fé que lhes enobrecia a vida e embelezava o caráter. Pelo livramento de Seus servos fiéis, o Senhor declara que tomará o lado dos oprimidos e subverterá todos os poderes terrenos que procurarem espezinhar a autoridade do Deus do Céu.

Lição Para os Medrosos

Que lição é dada aqui para os medrosos, vacilantes e covardes na causa de Deus! Que encorajamento para aqueles que não se desviarão do dever por ameaças ou perigos! Esses indivíduos fiéis e inabaláveis exemplificam a santificação, ao passo que nem pensam em requerer para si a honra. A soma de bens que poderão ser praticados por devotos cristãos, conquanto comparativamente obscuros, não poderá ser avaliada sem que os registros da vida sejam revelados, quando se iniciar o juízo e os livros forem abertos.

Cristo identifica Seu interesse com os dessa classe; não Se envergonha de chamá-los Seus irmãos. Deveria haver centenas onde agora existe um entre nós, tão intimamente aliados a Deus, sua vida em tal conformidade com Sua vontade que fossem luzes brilhantes e resplendentes, inteiramente santificados física, moral e espiritualmente.

Ainda prossegue o conflito entre os filhos da luz e os filhos das trevas. Aqueles que se dizem cristãos devem sacudir a indiferença que debilita seus esforços e enfrentar as solenes responsabilidades que repousam sobre eles. Todos os que fazem isto podem esperar que o poder de Deus se revele neles. O Filho de Deus, o Redentor do mundo, será representado em suas palavras e obras, e o nome de Deus será glorificado.

"Como nos dias de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, no período final da história da Terra o Senhor operará poderosamente em favor dos que ficarem firmes pelo direito. Aquele que andou com os hebreus valorosos na fornalha ardente, estará com os Seus seguidores em qualquer lugar. Sua constante presença confortará e sustentará. Em meio do tempo de angústia - angústia como nunca houve desde que houve nação - Seus escolhidos ficarão inamovíveis. Satanás com todas as forças do mal não pode destruir o mais fraco dos santos de Deus. Anjos magníficos em poder os protegerão, e em favor deles Jeová Se revelará como "Deus dos deuses" (Dan. 2:47), capaz de salvar perfeitamente os que nEle puseram a sua confiança." Profetas e Reis, pág. 513.

 

Ellen White

Livro Santificação Pags. 34 - 41

 

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Os Princípios de Temperança de Daniel

Os Princípios de Temperança de Daniel


O profeta Daniel tinha um caráter notável. Ele foi brilhante exemplo daquilo que os homens podem chegar a ser quando unidos com o Deus da sabedoria. Uma breve narrativa da vida deste santo homem de Deus ficou registrada para animação daqueles que poderiam, mais tarde, ser chamados a suportar a prova e a tentação.

Quando o povo de Israel, seu rei, nobres e sacerdotes foram levados em cativeiro, quatro de entre eles foram selecionados para servir na corte do rei da Babilônia. Um destes era Daniel, o qual, muito cedo, deu mostras da grande habilidade desenvolvida nos anos subseqüentes. Esses rapazes eram todos de nascimento nobre e são descritos como jovens em quem não havia "defeito algum, formosos de aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e sábios em ciência, e entendidos no conhecimento" e tinham "habilidade para viver no palácio do rei". Dan. 1:4. Percebendo os preciosos talentos destes jovens cativos, o rei Nabucodonosor determinou prepará-los para ocuparem importantes posições em seu reino. A fim de que pudessem tornar-se perfeitamente qualificados para sua vida na corte, de acordo com o costume oriental, eles deviam aprender a língua dos caldeus e submeter-se, durante três anos, a um curso completo de disciplina física e intelectual.

Os jovens nessa escola de preparo não eram unicamente admitidos ao palácio real, mas também tomavam providências para que comessem da carne e bebessem do vinho que vinha da mesa do rei. Em tudo isto o rei considerava que não estava somente dispensando grande honra a eles, mas assegurando-lhes o melhor desenvolvimento físico e mental que poderia ser atingido.

Enfrentando a Prova

Entre os manjares colocados diante do rei havia carne de porco e de outros animais que haviam sido declarados imundos pela lei de Moisés e que os hebreus tinham sido expressamente proibidos de comer. Nisso Daniel foi provado severamente. Deveria apegar-se aos ensinos de seus pais concernentes às carnes e bebidas e ofender ao rei, e, provavelmente, perder não só sua posição mas a própria vida? ou deveria desatender o mandamento do Senhor e reter o favor do rei, assegurando-se assim grandes vantagens intelectuais e as mais lisonjeiras perspectivas mundanas?

Daniel não hesitou por longo tempo. Decidiu permanecer firme em sua integridade, fosse qual fosse o resultado. "Assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia." Dan. 1:8.

Sem Mesquinhez nem Fanatismo

Hoje há entre os professos cristãos muitos que haveriam de julgar que Daniel era por demais esquisito, e o considerariam mesquinho e fanático. Eles consideram a questão do comer e beber como de muito pequena importância para exigir tão decidida resistência - tal que poderia envolver o sacrifício de todas as vantagens terrenas. Mas aqueles que assim raciocinam, notarão no dia do juízo que se desviaram dos expressos conselhos de Deus e se apoiaram em sua própria opinião como norma para o certo e para o errado. Descobrirão que aquilo que lhes parecera sem importância não fora assim considerado por Deus. Seus mandamentos deveriam ter sido sagradamente obedecidos. Aqueles que aceitam e obedecem a um de Seus preceitos porque lhes convém, ao passo que rejeitam a outro porque sua observância haveria de requerer sacrifício, rebaixam a norma do direito e, por seu exemplo, levam outros a considerarem levianamente a lei de Deus. "Assim diz o Senhor", deve ser nossa regra em todas as coisas.

Um Caráter Irrepreensível

Daniel foi submetido às mais severas tentações que podem assaltar os jovens de hoje; contudo, foi leal para com a instrução religiosa recebida na infância. Ele estava cercado por influências que subverteriam aqueles que vacilassem entre o princípio e a inclinação; todavia, a Palavra de Deus o apresenta como um caráter irrepreensível. Daniel não ousava confiar em seu próprio poder moral. A oração era para ele uma necessidade. Ele fazia de Deus a sua força e o temor do Senhor estava continuamente diante dele em todos os acontecimentos de sua vida.

Daniel possuía a graça da genuína mansidão. Era verdadeiro, firme e nobre. Procurava viver em paz com todos, ao mesmo tempo que era inflexível como o cedro altaneiro, no que quer que envolvesse princípio. Em tudo que não entrasse em colisão com sua fidelidade a Deus, era respeitoso e obediente para com aqueles que sobre ele tinham autoridade; mas tinha tão elevada consciência das reivindicações de Deus que as de governadores terrenos se lhes subordinavam. Não seria induzido por nenhuma consideração egoísta a desviar-se de seu dever.

O caráter de Daniel é apresentado ao mundo como um admirável exemplo do que a graça de Deus pode fazer de homens caídos por natureza e corrompidos pelo pecado. O registro de sua vida nobre, abnegada, é uma animação para a humanidade em geral. Dela podemos reunir força para resistir nobremente à tentação e, firmemente e na graça da mansidão, suster-nos pelo direito sob a mais severa provação.

A Aprovação de Deus

Daniel poderia haver encontrado uma desculpa plausível para desviar-se de seus estritos hábitos de temperança; mas a aprovação de Deus era para ele mais cara do que o favor do mais poderoso potentado terreno - mais cara mesmo do que a própria vida. Havendo, por sua conduta cortês, obtido o favor de Melzar - o oficial que tinha a seu cargo os jovens hebreus - Daniel pediu que lhes concedesse não precisarem comer o manjar da mesa do rei, nem beber de seu vinho. Melzar temia que, condescendendo com este pedido, poderia incorrer no desagrado do rei, e assim pôr em perigo sua própria vida. Semelhante a muitos presentemente, ele pensava que um regime moderado faria que estes jovens se tornassem pálidos e de aparência doentia, e deficientes na força muscular, ao passo que o abundante alimento da mesa do rei os tornaria corados e belos, e promoveria as atividades física e mental.

Daniel pediu que a questão se decidisse por uma prova de dez dias, sendo permitido aos jovens hebreus, durante esse breve período, comer um alimento simples, enquanto seus companheiros participavam das guloseimas do rei. A petição foi, finalmente, deferida e, então, Daniel se sentiu seguro de que havia ganho sua causa. Conquanto jovem, havia visto os danosos efeitos do vinho e de um viver luxuoso sobre a saúde física e mental.

Deus Defende Seu Servo

Ao fim dos dez dias achou-se ser exatamente o contrário das expectativas de Melzar. Não somente na aparência pessoal, mas em atividade física e vigor mental, aqueles que haviam sido temperantes em seus hábitos exibiram uma notável superioridade sobre seus companheiros que condescenderam com o apetite. Como resultado desta prova, a Daniel e seus companheiros foi permitido continuarem seu regime simples durante todo o curso de seu preparo para os deveres do reino.

O Senhor recompensou com aprovação a firmeza e renúncia destes jovens hebreus, e Sua bênção os acompanhou. Ele lhes "deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos". Dan. 1:17. Ao expirarem os três anos de preparo, quando sua habilidade e seus conhecimentos foram examinados pelo rei, "entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, permaneceram diante do rei. E em toda a matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o seu reino". Dan. 1:19 e 20.

O Domínio próprio Como Condição de Santificação

A vida de Daniel é uma inspirada ilustração do que constitui um caráter santificado. Ela apresenta uma lição para todos, e especialmente para os jovens. Uma estrita submissão às reivindicações de Deus é benéfica à saúde do corpo e do espírito. A fim de atingir a mais elevada norma de aquisições morais e intelectuais, é necessário buscar sabedoria e força de Deus e observar estrita temperança em todos os hábitos da vida. Na experiência de Daniel e seus companheiros, temos um exemplo da vitória do princípio sobre a tentação para condescender com o apetite. Ela mostra que, por meio do princípio religioso, os jovens podem triunfar sobre as concupiscências da carne e permanecer leais às reivindicações divinas, embora lhes custe grande sacrifício.

Que seria de Daniel e seus companheiros se se tivessem comprometido com aqueles oficiais pagãos e cedido à pressão da ocasião, comendo e bebendo como era costume entre os babilônios? Aquele único exemplo de desvio dos princípios lhes teria debilitado a consciência do direito e da aversão ao mal. A condescendência com o apetite teria envolvido o sacrifício do vigor físico, a clareza do intelecto e o poder espiritual. Um passo errado teria, provavelmente, levado a outros, até que, interrompendo sua conexão com o Céu, teriam sido arrastados pela tentação.

Disse Deus: "Aos que Me honram honrarei." I Sam. 2:30. Enquanto Daniel se apegava a Deus com firme confiança, o Espírito de poder profético vinha sobre ele. Enquanto era instruído pelos homens nos deveres da vida da corte, era por Deus ensinado a ler os mistérios dos séculos futuros e a apresentar às gerações vindouras, mediante números e símiles, as maravilhosas coisas que ocorreriam nos últimos dias.


Ellen White, 

Livro Santificação Pags 18 - 26

 


quinta-feira, 3 de julho de 2025

A Filosofia da Intemperança

   Ellen White

                              A Filosofia da Intemperança


 

A Perfeição Original do Homem

Criado em Perfeição e Beleza

O homem saiu da mão de seu Criador perfeito em organização e beleza de forma. Christian Temperance and Bible Hygiene, pág. 7.

O homem foi a obra que coroou a criação de Deus, feito à Sua imagem, e destinado a ser Sua semelhança. Review and Herald, 18 de junho de 1895.

Adão era um ser nobre, de mente poderosa, vontade em harmonia com a vontade de Deus, as afeições centralizadas no Céu. Possuía um corpo livre de herança de doenças, alma portadora do cunho da Divindade. The Youth"s Instructor, 5 de março de 1903.

Achava-se diante de Deus na força da perfeita varonilidade. Todos os órgãos e faculdades de seu ser achavam-se igualmente desenvolvidos, harmoniosamente equilibrados. Redemption or the Temptation of Christ, pág. 30.

O Compromisso de Deus de Manter a sã Atividade do Corpo

O Criador do homem organizou a maquinaria viva de nosso corpo. Cada função é maravilhosa e sabiamente arranjada. E Deus Se comprometeu a manter esta maquinaria humana em saudável ação desde que o instrumento humano obedeça a Suas leis e coopere com Ele. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 17.

 

Responsabilidade de Atender às Leis da Natureza

Uma vida saudável requer desenvolvimento, e este requer cuidadosa atenção para com as leis da Natureza, para que os órgãos do corpo sejam conservados sãos, desembaraçados em suas funções. Manuscrito 47, 1896.

Deus Proveu as Inclinações e os Apetites

Nossas inclinações e apetites naturais... foram divinamente providos, e ao serem dados aos homens, eram puros e santos. Era desígnio de Deus que a razão governasse os apetites, e que eles servissem a nossa felicidade. E quando eles são regulados e controlados por uma razão santificada, são santidade ao Senhor. Manuscrito 47, 1896.

O Início da Intemperança

Satanás reuniu os anjos caídos a fim de inventar algum meio de fazer o máximo de mal possível à família humana. Foi apresentada proposta sobre proposta, até que finalmente Satanás mesmo imaginou um plano. Ele tomaria o fruto da vide, também o trigo e outras coisas dadas por Deus como alimento, e convertê-los-ia em venenos que arruinariam as faculdades físicas, mentais e morais do homem, dominariam de tal maneira os sentidos, que Satanás teria sobre eles inteiro controle. Sob a influência da bebida alcoólica, os homens seriam levados a praticar todas as espécies de crimes. Mediante o apetite pervertido, o mundo seria corrompido. Levando os homens a tomarem álcool, Satanás os faria descer cada vez mais baixo.

Satanás foi bem-sucedido em desviar de Deus o mundo. As bênçãos providas por Ele em Seu amor e misericórdia, Satanás transformou em maldição mortal. Encheu o homem do forte desejo de tomar bebida alcoólica e de fumar. Este apetite, não fundamentado na própria natureza, tem destruído milhões. Review and Herald, 16 de abril de 1901.

O Segredo da Estratégia do Inimigo

Intemperança de qualquer espécie embota os órgãos perceptivos, enfraquecendo tanto as energias cerebrais, que as coisas eternas não são apreciadas, mas consideradas como comuns. As mais elevadas faculdades da mente, destinadas a elevados desígnios, são postas em servidão às paixões inferiores. Se nossos hábitos físicos não são corretos, nossas faculdades mentais e morais não podem ser fortes; pois existe grande afinidade entre o físico e o moral. Testimonies, vol. 3, págs. 50 e 51.

Os nervos cerebrais que se comunicam com todo o organismo, são o único meio pelo qual o Céu pode comunicar-se com os homens e afetar-lhes a vida no recôndito. Qualquer coisa que perturbe a circulação das correntes elétricas no sistema nervoso, diminui a resistência das forças vitais, e o resultado é um amortecimento das sensibilidades mentais. Testimonies, vol. 2, pág. 347.

Satanás está constantemente alerta, para submeter a raça humana inteiramente ao seu controle. Seu mais forte poder sobre o homem exerce-se através do apetite, e este procura ele estimular de todos os modos possíveis. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 150.

O Ardil de Satanás Para Arruinar o Plano de Salvação

Satanás estivera em guerra com o governo de Deus, desde que começara a rebelar-se. Seu êxito em tentar Adão e Eva no Éden, e introduzir o pecado no mundo tornara ousado esse arquiinimigo; e ele se jactara orgulhosamente aos anjos celestes de que, quando Cristo aparecesse, tomando a natureza humana, seria mais fraco do que ele, e que ele havia de vencê-Lo por seu poder.

Exultou de que Adão e Eva no Paraíso não lhe houvessem podido resistir às insinuações quando apelara para seu apetite. Os habitantes do mundo antigo, ele vencera da mesma maneira, pela condescendência com o concupiscente apetite e as paixões corruptas. Mediante a satisfação do apetite, derrotara ele os israelitas.

Gabava-se de que o próprio Filho de Deus, que estivera com Moisés e Josué, não fora capaz de resistir-lhe ao poder, e levar Seu povo escolhido à Canaã; pois quase todos quantos deixaram o Egito morreram no deserto; também, que ele havia tentado o manso homem, Moisés, para tomar para si mesmo a glória a que Deus tinha direito. Davi e Salomão, especialmente favorecidos por Deus, mediante a condescendência com o apetite e a paixão, ele induzira a incorrer no desagrado de Deus. E gabava-se de que poderia ainda ser bem-sucedido em impedir-Lhe o desígnio de salvar o homem por meio de Jesus Cristo. Redemption or the Temptation of Christ, pág. 32.

Sua Mais Eficaz Tentação em Nossos Dias

Satanás vem ter com o homem da mesma maneira por que veio a Cristo, com suas irresistíveis tentações para condescender com o apetite. Ele conhece bem sua força para vencer o homem nesse ponto. Venceu Adão e Eva no Éden pelo apetite, e eles perderam sua bendita morada. Que acumulada miséria e crime encheram o mundo em conseqüência da queda de Adão! Cidades inteiras têm desaparecido da face da Terra em virtude dos crimes vis e da revoltante iniqüidade que as tornaram uma nódoa no Universo. A condescendência com o apetite foi o fundamento de todos os seus pecados.

Por meio do apetite Satanás dominou a mente e o ser. Milhares de pessoas que poderiam haver vivido, passaram prematuramente à sepultura, física, mental e moralmente fracos. Possuíam boas faculdades, mas sacrificaram tudo ao apetite, o que os levou a soltar as rédeas da concupiscência. Testimonies, vol. 3, págs. 561 e 562.


Livro Temperança pags 11 - 16

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Abra o Coração a Deus

 Ellen White       

             Abra o Coração a Deus

"O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia." Prov. 28:13.

As condições para obter misericórdia de Deus são simples, justas e razoáveis. O Senhor não requer de nós atos penosos a fim de que alcancemos o perdão dos pecados. Não precisamos empreender longas e cansativas peregrinações, nem praticar duras penitências a fim de recomendar nossa alma ao Deus do Céu ou expiar nossas transgressões; mas o que confessa os seus pecados e os deixa, alcançará misericórdia.

Diz o apóstolo: "Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis." Tia. 5:16. Confessai vossos pecados a Deus, que é o único que os pode perdoar, e vossas faltas uns aos outros. Se ofendestes a vosso amigo ou vizinho, deveis reconhecer vossa culpa, e é seu dever perdoar-vos plenamente. Deveis buscar então o perdão de Deus, porque o irmão a quem feristes é propriedade de Deus e, ofendendo-o, pecastes contra seu Criador e Redentor. O caso será levado perante o único Mediador verdadeiro, nosso grande Sumo Sacerdote, que "como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado", e que Se compadece "das nossas fraquezas" (Heb. 4:15), sendo apto para purificar-nos de toda mancha de iniqüidade.

Os que não humilharam ainda a alma perante Deus, reconhecendo sua culpa, não cumpriram ainda a primeira condição de aceitabilidade. Se não experimentamos ainda aquele arrependimento do qual não há arrepender-se, e não confessamos os nossos pecados, com verdadeira humilhação de alma e contrição de espírito, aborrecendo nossa iniqüidade, nunca procuramos verdadeiramente o perdão dos pecados; e se nunca buscamos a paz de Deus, nunca a encontramos. A única razão por que não temos a remissão dos pecados passados, é não estarmos dispostos a humilhar o coração e cumprir as condições apresentadas pela Palavra da verdade. Acerca deste assunto são-nos dadas explícitas instruções. A confissão de pecados, quer pública quer privada, deve ser de coração, expressa francamente. Não deve ser obtida do pecador à força de insistência. Não deve ser feita de maneira negligente ou folgazã, nem extorquida dos que não reconhecem o abominável caráter do pecado. A confissão que é o desafogo do íntimo da alma, achará o caminho ao Deus de infinita piedade. Diz o salmista: "Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de espírito." Sal. 34:18.

A confissão verdadeira tem sempre caráter específico e faz distinção de pecados. Estes podem ser de natureza que devam ser apresentados a Deus unicamente; podem ser faltas que devam ser confessadas a pessoas que por elas foram ofendidas; ou podem ser de caráter público, devendo então ser confessados com a mesma publicidade. Toda confissão, porém, deve ser definida e sem rodeios, reconhecendo justamente os pecados dos quais sois culpados.

Nos dias de Samuel os israelitas apartaram-se de Deus. Estavam sofrendo as conseqüências do pecado, pois haviam perdido a fé em Deus, deixado de reconhecer Seu poder e sabedoria para governar a nação, perdido a confiança em Sua capacidade de defender e reivindicar Sua causa. Volveram costas ao grande Rei do Universo, desejando ser governados como as nações ao seu redor. Para encontrar paz fizeram esta definida confissão: "A todos os nossos pecados temos acrescentado este mal, de pedirmos para nós um rei." I Sam. 12:19. Importava que confessassem justamente o pecado do qual tinham sido convencidos. A ingratidão oprimia-lhes a alma, separando-os de Deus.

A confissão não será aceitável a Deus sem o sincero arrependimento e reforma. E preciso que haja decisivas mudanças na vida; tudo que seja ofensivo a Deus tem de ser renunciado. Este será o resultado da genuína tristeza pelo pecado. A obra que nos cumpre fazer de nossa parte, é-nos apresentada claramente: "Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos Meus olhos e cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas." Isa. 1:16 e 17. "Restituindo esse ímpio o penhor, pagando o furtado, andando nos estatutos da vida e não praticando iniqüidade, certamente viverá, não morrerá." Ezeq. 33:15. Paulo diz, falando da obra do arrependimento: "Quanto cuidado não produziu isso mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! Que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio." II Cor. 7:11.

 

Quando o pecado embota as percepções morais, o transgressor já não discerne os defeitos de seu caráter, nem reconhece a enormidade do mal que cometeu; e a menos que se renda ao poder persuasivo do Espírito Santo, permanece em parcial cegueira quanto aos seus pecados. Suas confissões não são sinceras e ferventes. A cada reconhecimento de seu pecado acrescenta uma desculpa em justificação de seu procedimento, declarando que se não fossem certas circunstâncias, não teria praticado este ou aquele ato, pelo qual está sendo reprovado.

Depois de haverem Adão e Eva comido do fruto proibido, ficaram cheios de um sentimento de vergonha e terror. A princípio seu único pensamento era como desculpar seu pecado e escapar à temida sentença de morte. Quando o Senhor os interrogou acerca de seu pecado, Adão respondeu, lançando a culpa em parte sobre Deus e em parte sobre a companheira: "A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi." A mulher lançou a culpa sobre a serpente, dizendo: "A serpente me enganou, e eu comi." Gên. 3:12 e 13. Por que fizeste a serpente? Por que lhe permitiste entrar no jardim? Estas eram as perguntas que transpareciam das palavras com que procurava desculpar seu pecado, lançando, assim, sobre Deus a responsabilidade de sua queda. O espírito de justificação própria originou-se no pai da mentira, e tem sido manifestado por todos os filhos e filhas de Adão. Confissões desta ordem não são inspiradas pelo Espírito divino, e não são aceitáveis a Deus. O arrependimento verdadeiro levará o homem a suportar ele mesmo sua culpa e reconhecê-la sem engano nem hipocrisia. Como o pobre publicano, que nem ao menos os olhos ousava erguer ao céu, clamará: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!" (Luc. 18:13) e os que reconhecerem sua culpa serão justificados, pois Jesus apresenta Seu sangue em favor da alma arrependida.

Os exemplos que a Palavra de Deus nos apresenta de genuíno arrependimento e humilhação revelam um espírito de confissão em que não há escusa do pecado, nem tentativa de justificação própria. Paulo não procurava desculpar-se; pintava seus pecados nas cores mais negras, não procurando atenuar sua culpa. Diz ele: "Encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui." Atos 26:10 e 11. Não hesita em declarar que "Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal". I Tim. 1:15.

O coração humilde e contrito, rendido pelo arrependimento genuíno, apreciará algo do amor de Deus e do preço do Calvário; e, como um filho confessa sua transgressão a um amante pai, assim trará o verdadeiro penitente todos os seus pecados perante Deus. E está escrito: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." I João 1:9.


Do livro Caminho a Cristo, Pags 39 - 41

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